Dragões encanta Anhembi novamente e entra na briga pelo título
A Dragões da Real foi a sexta escola a desfilar na segunda noite do Grupo Especial de São Paulo. A apresentação da tricolor comprovou a incrível ascensão da agremiação desde que chegou ao Grupo Especial. Com um desfile sem erros e percalços e com o samba se destacando a escola entrou na briga pelo campeonato da elite do carnaval, o que será um feito inédito para a escola. A Dragões apresentou o conjunto alegórico mais didático dos dois dias de desfile. Bastava olhar para entender toda a proposta. Fantasias leves e que seguiam a mesma linha objetiva dos carros completaram o bom trabalho da Dragões nos quesitos plásticos. No aspecto de pista também passou bem tecnicamente. Renê Sobral teve mais uma grande noite.
No desenvolvimento proposto pelo Dragões da Real foi a própria música caipira quem contou sua história no Anhembi. O enredo abordou na avenida não apenas as músicas capipras mas o surgimento, as conquistas e vitórias enquanto gênero musical. O desenvolvimento abordou aspectos como a inspiração, o cotidiano do caipira, a cultura das regiões onde o gênero se desenvolveu, a moda caipira e o eclodir de um gênero que conquistou o coração do Brasil.

Um cenário adaptado para representar a alma do caipira, sua casa, seu lado engraçado, suas crendices e o seu jeito simples de brincar e se divertir com tudo esteve na representação da comissão de frente. Os berrantes representaram o chamado que a escola fez a todos os amantes do gênero para vibrar junto com a agremiação. Para levar às lágrimas os fãs do gênero, além da mãe e de nove integrantes caipiras, estiveram representados Sérgio Reis, Tonico e Tinoco, Inezita Barroso e Tião Carreiro, figuras fundamentais que fizeram a história do gênero caipira.
O abre-alas do desfile era uma carroça no estilo caipira, cujas laterais evocavam violas. Um trem, ao centro do segundo carro, representou a alegria e o orgulho do caipira em ver a sua plantação se transformar em pratos da culinária local. Na terceira alegoria, um santuário com inúmeras referência do sincretismo católico foi acompanhado por devotos da Festa do Divino. O sucesso da música caipira que passou a ser executada nos rádios, televisão, cinema e teatro foi representado no quarto carro do Dragões. Na última alegoria, a representação de uma festa simbolizando os palcos da música caipira, violeiros, artistas e fãs.

Os ritmistas vieram representando no desfile os espantalhos, responsáveis por cuidar do milharal, evitando que pássaros indesejados se aproveitem. No enredo o figurino foi responsável por ditar o ritmo do samba que homangeia a música caipira.
Um dos mais belos figurinos a cruzar o Anhembi nas duas noites de desfile foi representado pelas baianas da Dragões. A inspiração de muitos versos caipiras foi o tapeta branco formado pelos frutos dos pés de algodão, representados no figurino das matriarcas da Dragões. Em um desfile marcado pela leitura das fantasias destaca-se o último setor com as canções e artistas que marcaram o gênero caipira.

O bailado do zangão zunindo, buscando a melhor posição para pousar no girassol foi a inspiração para o figurino de Rubens de Castro e Evelyn Silva. A representação da cena inspirou e inspira diversas canções caipiras ao longo dos tempos.
Renê Sobral agiu como um maestro na avenida. A condução do samba na avenida impulsionou a comunidade a cantar o samba o tempo todo. Além disso o cantor mostra toda sua perícia ao ousar fazer terças na avenida como fazem as duplas caipiras. Uma ousadia que coube muito bem no desfile. A evolução do desfile da Dragões esteve perfeita. Não houve uma ala sequer que não brincasse o carnaval, não evoluísse solta e dançando. O andamento de desfile também se deu sem nenhum percalço. A escola deslizou pela pista.