InícioSérie OuroAcadêmicos de NiteróiAcadêmicos de Niterói faz desfile grandioso na parte plástica, mas com canto...

Acadêmicos de Niterói faz desfile grandioso na parte plástica, mas com canto irregular

Debutando no Carnaval do Rio, a agremiação fez bonito ao trazer um conjunto de alegorias e fantasias de encher os olhos. No entanto, a harmonia pode comprometer a busca por um inédito e sonhado título

Por Diogo Sampaio

A Acadêmicos de Niterói estreou com o pé direito na Marquês de Sapucaí. Em um desfile sem grandes erros, a azul e branca apostou fortemente na plástica, com alegorias gigantescas e um conjunto de fantasias bem-acabadas, se mostrando disposta a entrar na briga pelo título da Série Ouro e o acesso ao Grupo Especial. No entanto, o samba mediano e o canto irregular dos componentes pode ser um dificultador na hora de sonhar com voos maiores. * VEJA FOTOS DO DESFILE

Com o enredo intitulado de “O Carnaval da Vitória”, assinado pelo carnavalesco André Rodrigues, a agremiação foi a sexta a passar pelo Sambódromo na primeira noite de desfiles da Série Ouro. A escola encerrou a apresentação pouco antes das 05h, aos 54 minutos.

Comissão de Frente

Intitulada de “Me dê a mão, venha pro lado de cá, com a barca dos festejos”, a comissão de frente assinada pelo coreógrafo Carlos Fontinelle retratava a antiga tradição de Carnaval das barcas decoradas, que faziam as viagens entre a estação do Araribóia e a Praça XV animando os foliões. Para encenar este trajeto pela Baía de Guanabara, sete mulheres vinham vestidas com uma saia de fitas e sete homens vinham com guarda-chuvas, ambos fazendo menção ao movimento do mar. O ápice da apresentação ocorria quando o elemento cenográfico que acompanhava os bailarinos soltava uma chuva de papel picado.

LEIA MATÉRIAS ESPECIAIS
* Baianas da Niterói representam antigo bloco carnavalesco da cidade
* Apesar de ainda não ser unanimidade, componentes se orgulham de ser Niterói
* Desfilantes da Viradouro se emocionam com homenagem em ala da Acadêmicos de Niterói
* Cubango recebe homenagem no desfile da Acadêmicos de Niterói

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Juntos desde o Carnaval de 2019, o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Fabrício Pires e Giovanna Justo, mostrou mais uma vez total entrosamento e cumplicidade. Os dois optaram pela dança tradicional, mesclando a velocidade nos giros e rodopios com a singelidade nos gestos na hora do cortejo e da apresentação do pavilhão.

Quanto ao figurino, o casal veio com uma fantasia nomeada de “Banho de Mar à Fantasia”, representando o grande esplendor e uma das maiores manifestações carnavalescas da cidade de Niterói. Enquanto Fabrício simbolizava a figura do pierrot, Giovanna veio retratando a da colombina. A indumentária de ambos era bastante luxuosa e requintada, com direito a penas de faisão.

Enredo

Em sua estreia na Marquês de Sapucaí, a Acadêmicos de Niterói resolveu aproveitar as comemorações dos 450 anos da sua cidade-natal e trouxe o enredo “Carnaval da Vitória”. O tema abordou o retorno dos festejos momecos em 1946, após o fim da Segunda Guerra Mundial, que simbolizou um momento de revolução e de estabelecimento de paradigmas para a folia niteroiense.

O clima leve e romântico do Carnaval antigo foi transmitido pelo desfile da agremiação, que soube contar com clareza a proposta através de alegorias e fantasias de fácil leitura. No entanto, pelo tema não ser de amplo conhecimento, em alguns momentos se fez necessária a consulta ao Roteiros dos Desfiles para se ter uma maior compreensão daquilo que estava sendo representado.

Evolução

A Acadêmicos de Niterói teve uma evolução sem grandes erros. A escola começou com um ritmo mais cadenciado e acelerou um pouco o passo quando se aproximava do final da apresentação, mas não chegou a correr em nenhum momento. As alas, principalmente da segunda alegoria em diante, estiveram soltas, com componentes brincando Carnaval, mas sem abrir clarões ou ocorrer embolamentos.

Samba-Enredo

Assinado por Marcelo Adnet, Tem-Tem Jr, Júnior Fionda, Anderson Lemos, Diego Nogueira, Fábio Barbosa, James Bernardes, Thiago Oliveira, Marcus Lopes e Ronie Oliveira, o samba-enredo da Acadêmicos de Niterói teve um desempenho acima do esperado. A obra, que era considerada mediana no período do pré-Carnaval, cresceu no desfile oficial graças a performance do carro de som, principalmente do intérprete oficial Danilo Cezar. Com uma grande trajetória na folia capixaba, onde coleciona diversos prêmios, Danilo não se intimidou com a estreia na Marquês de Sapucaí e defendeu com segurança a obra, trazendo o público junto em diversos momentos do desfile. O ponto negativo fica para o canto da própria agremiação que, em determinados pontos, não correspondeu completamente.

Harmonia

A harmonia foi um dos pontos fracos no desfile da Acadêmicos de Niterói. Na parte inicial era possível notar uma certa frieza nas alas, com componentes entoando pouco o samba-enredo. Porém, da metade para o final, o canto da escola cresceu consideravelmente, com desfilantes mais soltos, alegres e cantando com força. Entre essas que se destacaram positivamente, vale mencionar as alas “Sabiá da Vila Ipiranga – Os primeiros louros”, “Corações Unidos da Engenhoca – A eterna namorada” e “Academia do Cubango – O saber em verde e branco”.

Fantasias

O conjunto de fantasias da Acadêmicos de Niterói foi marcado pelo bom acabamento dos figurinos, em sua maioria leves e de fácil leitura. Entre os pontos altos, a indumentária das baianas, intitulada de “O bom gosto da Cidade Sorriso mora na Engenhoca”. Branca com uma barra azul, a vestimenta optou pelo tradicionalismo e permitiu, entre outras coisas, uma melhor evolução das senhoras pela Avenida.

Alegorias e Adereços

O ponto alto da apresentação da Acadêmicos de Niterói foi o seu conjunto alegórico. Com o nome de “Orgulho do meu lugar, sob o olhar de Araribóia”, o abre-alas já demonstrou de cara a intenção da agremiação em apostas no gigantismo. O carro que abria o desfile retratava a chegada a Praça Martim Afonso, nome oficial do lugar que é conhecido como Praça Araribóia, durante os festejos de Carnaval. Com postes que lembravam os antigos artifícios de iluminação das ruas, a alegoria possuía como grande destaque uma enorme escultura carnavalizada do Cacique Araribóia, maior símbolo identitário da cidade. Além disso, trazia um enorme letreiro com a palavra “Niterói”. Apesar de toda imponência gerada pela altura da escultura principal e o bom acabamento, o fato de alguns postes não terem acendido pode ser motivo para desconto de décimos.

Com uma enorme escultura de um Diabo segurando o seu tridente, a segunda alegoria retratava uma concentração dos blocos, com composições de fantasias múltiplas e diversas. Esse carro causou um momento de susto quando o braço da escultura principal quase bateu na torre dos fotógrafos. A escola ficou parada por algum momento até que a alegoria conseguisse ser manobrada e passasse sem sofrer danos.

Grande, mas sem esculturas gigantescas como as duas primeiras, a terceira alegoria, intitulada “O Esplendor Destino em nossos corações”, fechou o setor em homenagem às escolas de samba de Niterói e suas dinâmicas próprias de funcionamento, fazendo uma espécie de encontro de pavilhões no Caminho Niemeyer. Todo em tons de azul, o carro tinha uma coroa ao centro, no alto, um dos símbolos da agremiação.

Outros Destaques

A chuva de papel picado não ficou restrita a comissão de frente. Dois canhões vieram acompanhando a bateria e fizeram a alegria do público a cada momento em que disparavam uma rajada.

Aliás, falando na bateria, outro estreante que merece destaque é o mestre Demétrius Luiz. Depois de cinco carnavais à frente dos ritmistas do Acadêmicos do Cubango, ele não se intimidou em debutar em outra agremiação. Apostando na simplicidade, trouxe uma levada tradicional, com bossas bem colocadas, e foi fundamental junto ao carro de som para crescer o desempenho do samba.

- ads-

Com amor, festa e aniversário, Estrela do Terceiro Milênio lança enredo para o Carnaval 2025

Por Will Ferreira e Lucas Sampaio O sábado foi de festa no Grajaú. Com um dia de antecedência, a Estrela do Terceiro Milênio comemorou os...

Ei, psiu! Emerson Dias é o novo intérprete da Botafogo Samba Clube

A Botafogo Samba Clube já tem uma nova voz oficial para a sua estreia na Marquês de Sapucaí. Emerson Dias será o intérprete oficial...

Diego Falcão e Laryssa Victória formam o novo primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira do Arranco

O Arranco já tem o seu mais novo primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira! Diego Falcão e Laryssa Victória defenderão o pavilhão azul e...