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Aconteceu na Sapucaí: há 15 anos ‘nascia’ Paulo Barros no desfile que mudou o patamar da Tijuca

Rio de Janeiro, 22 de fevereiro de 2004. O desfile do Grupo Especial está começando. São Clemente e Caprichosos de Pilares eram as primeiras a desfilar. Mas, integrantes da Unidos da Tijuca, uma das mais antigas agremiações do carnaval carioca, não escondem uma preocupação. Uma alegoria na concentração da escola não possui qualquer escultura, apenas uma estrutura de ferro. Alguns mais pessimistas temem pelo pior, afinal, a azul e amarela do Borel desfilara no Acesso cinco anos antes. (Fotos: Henrique Matos/Divulgação)

Esse é um trecho da história de um dos maiores desfiles deste século que poucos conhecem. O que todo mundo sabe é que o tal carro, ocupado por centenas de pessoas, foi a imagem do Carnaval 2004, e deu à Tijuca o vice-campeonato, sua melhor colocação desde o seu até então único campeonato, em 1936. O site CARNAVALESCO revive nessa reportagem da série ‘Aconteceu na Sapucaí’ o inesquecível desfile da Unidos da Tijuca em 2004.

‘O sonho da criação e a criação do sonho: a arte da ciência no tempo do impossível’ fez ‘nascer’ artisticamente o carnavalesco Paulo Barros. Ele iniciou sua carreira dez anos antes na Vizinha Faladeira e passou ainda por Tuiuti e Arranco do Engenho de Dentro até receber a grande oportunidade de sua vida, dada pelo presidente Fernando Horta. Assinando seu primeiro carnaval no Grupo Especial, Paulo chocou o mundo com a alegoria do DNA, onde pessoas se movimentavam e criavam um efeito plástico impressionante. Inaugurava uma nova era no carnaval e o estilo, por muitos odiado e por outros amado, certamente mudou os rumos estéticos da festa.

Há 15 anos a Liesa trouxe uma inovação no regulamento. Como era o carnaval de 20 anos do Sambódromo, a entidade decidiu autorizar agremiações a reeditarem sambas antigos. A expectativa maior estava nos desfiles da Portela, que reeditaria o samba campeão de 1970 ‘Lendas e mistérios da Amazônia’ e do Império Serrano, que cantaria o antológico ‘Aquarela Brasileira’. A Tradição e a Viradouro também optaram por reviverem antigos carnavais. Campeã em 2003, a Beija-Flor lutaria pelo bicampeonato. A crítica da época nem imaginava ou cogitava que a Unidos da Tijuca roubaria a cena.

O samba-enredo tijucano trazia em seu refrão uma profecia: ‘sonhei amor e vou lutar para o meu sonho ser real. Com a Tijuca campeã do carnaval’. Antes do desfile os versos soavam como delírio, uma vez que as últimas colocações da escola não indicavam que o sonho pudesse se tornou realidade. Mas o fato é que o desfile idealizado por Paulo Barros foi um show de criatividade e tecnologia, já que o tema abordava a ciência.

A comissão de frente foi uma das mais comentadas daquele ano. Os integrantes estavam com uma fantasia dourada com uma “saia” que girava como uma engrenagem e era formada por texturas que simbolizavam circuitos de computador e ainda tinha relógios funcionando de verdade. Mas nada foi mais impactante que o carro “Criação da Vida”. Uma despretensiosa estrutura de ferro, que ocupada por pessoas apenas com o corpo pintado por uma tinta em tom azul metálico, deram um efeito de deixar embasbacado o mais cético sambista. Começava ali a era Paulo Barros.

O título que não veio, mas pavimentou o caminho para uma era de glórias

Depois do desfile da Unidos da Tijuca aqueles integrantes preocupados não entenderam quando chegaram em casa e viram a repercussão. A Tijuca fizera o maior desfile de sua história e o título não era um mero delírio de compositor. Na apuração a escola do Borel acabou ficando oito décimos atrás da bicampeã Beija-Flor. Mas a sensação foi de campeonato.

Durante a leitura das notas na quarta-feira de cinzas, a Tijuca gabaritou os quesitos Alegorias, Enredo, Mestre-Sala e Porta-Bandeira. Apesar da perda do título na pista, Paulo Barros saiu da avenida após o Carnaval 2004 como o grande vencedor do ano. Deixava de ser um promissor artista e aposta do experiente Fernando Horta para ser catapultado como um carnavalesco capaz de mudar o paradigma estético do carnaval.

Paulo Barros permaneceu na Tijuca nos carnavais de 2005 e 2006, mas não conseguiu ser campeão. Após passagens por Viradouro e Vila Isabel, retornou para a escola em 2010, onde finalmente foi campeão. Mas essa é uma outra história que ‘Aconteceu na Sapucaí’.

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