InícioGrupo EspecialAla da Mangueira trouxe componente carregando cruz escrita "Bandido Morto"

Ala da Mangueira trouxe componente carregando cruz escrita “Bandido Morto”

Terceira escola a pisar na Marquês de Sapucaí na noite de domingo, a Estação Primeira de Mangueira falou a respeito de um Jesus da gente. Como se fosse nascido e criado na comunidade da escola nos dias atuais. A campeã do carnaval 2019 desfilou com enredo “A Verdade Vos Fará Livre”, utilizando a história do Cristo que exaltou os humildes e condenou o acúmulo de riquezas. De um Jesus que insurgiu-se contra o comércio da fé, desafiou a hipocrisia dos líderes religiosos de seu tempo, foi torturado, padeceu e morreu.

O Jesus da Mangueira levanta a voz em favor da dignidade humana e é contra o pensamento de extermínio. A verde e rosa relacionou a questão da violência e do encarceramento com as mazelas oriundas da escravidão. Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), cerca de 65% da população carcerária do Brasil é preta ou parda. A 15ª ala da Mangueira foi inspirada em uma frase popular, utilizada inclusive em campanhas eleitorais: Bandido Bom é Bandido Morto.

A componente Carla Regina, de 35 anos explicou que o enredo é necessário nos tempos de intolerância.

“Esse enredo fala muito da gente. Jesus vem só trazendo um carma que a gente já carrega. Nossa ala veio vestida de ‘bandido’. Tem várias pessoas que são tidas como bandidos, pagando por coisas que não fizeram. Enquanto bandidos de verdade estão soltos por aí. Essa é a uma das nossas formas de protesto. Nem todo mundo é bandido”.

Composta por uma calça azul e parte de cima com tons bege, marrom e dourado, a fantasia da ala ainda possuía os dizeres “fé no pai” na altura do peito. Os componentes vinham apenas com os olhos e as mãos à mostra, com uma coroa de estrelas sobre a cabeça, carregando nas costas uma cruz escrito “Bandido Morto”.

Para Carla, Jesus seria vítima de preconceito se voltasse nos dias atuais como um morador do Morro da Mangueira.

“O Jesus vindo da Mangueira seria mal julgado, por ser de comunidade, infelizmente a gente é muito rotulado nesse tipo de situação. Na verdade ele já foi visto como bandido lá atrás, julgado de ladrão. Provavelmente porque ele não tem interesses. Quem não tem interesses e luta pelo povo geralmente é tido como bandido”. Ela afirma não temer que as pessoas façam julgamento ou discordem da proposta da ala. “A gente não está preocupado com o julgamento, ele já tá vindo desde o início. A gente quer tocar na consciência das pessoas”, desabafou a componente.

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