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‘Arreda homem que aí vem mulher!’ Parceria de Lequinho vence disputa de samba na Mangueira para o Carnaval 2024

Cantora Alcione, que completa 50 anos de carreira, será a grande homenageada do enredo “A Voz Negra do Amanhã”, criado e desenvolvido pelos carnavalescos Annik Salmon e Guilherme Estevão

Por Luan Costa, Gabriel Gomes, Diogo Sampaio e fotos de Nelson Malfacini

A Estação Primeira de Mangueira anunciou na noite deste sábado o samba que irá embalar a escola em 2024, a obra assinada pelos compositores Lequinho, Júnior Fionda, Gabriel Machado, Fadico, Guilherme Sá e Paulinho Bandolim venceu e terá a honra de contar a vida e obra de Alcione, umas das maiores vozes brasileiras e mangueirense histórica. A parceria é bicampeã e não escondeu a emoção com a vitória. A final contou o tradicional show da agremiação e mesmo com a chuva torrencial que caiu, a quadra mais uma vez esteve lotada. A comunidade presenciou um espetáculo por parte dos segmentos, além de uma disputa de samba equilibrada e emocionante, decidida por detalhes.

A cantora Alcione, que completa 50 anos de carreira, será a grande homenageada do enredo “A Voz Negra do Amanhã”, criado e desenvolvido pelos carnavalescos Annik Salmon e Guilherme Estevão. A dupla escolheu como base para a narrativa os caminhos percorridos pela cantora na construção de seu amanhã. Em 2024 a verde e rosa será a quarta escola a pisar na avenida no segundo dia de desfiles do Grupo Especial.

“O sentimento é o mesmo do primeiro, há vintes anos que estou aqui e é a mesma coisa. A gente luta, a gente joga um jogo limpo aqui dentro, é uma batalha de disputa de samba que a gente tá acostumado. A gente é o Boca Juniors em ‘La Bomboneira’, a gente sabe como fazer um samba pra escola, para agradar a escola e a gente tá feliz demais. Já estava feliz com a obra e agora mais ainda, por ter vivido coisas difíceis no caminho e hoje estou aqui para comemorar mais um dos sambas da minha parceria. ‘Meu palácio tem rainha e não é uma qualquer’, a nossa rainha Alcione é a rainha da nação, a maior de todas, uma pessoa que uniu a Mangueira de ontem, de hoje e de amanhã”, afirmou o compositor Júnior Fionda, que coleciona 11 vitórias na Mangueira.

“Com toda certeza esse é o samba mais importante dos últimos tempos porque trata de um pilar da nossa escola, trata de uma grande mulher e a maior cantora desse país, coração explodindo de felicidade. É gratidão, gratidão total pela Alcione, por essa escola maravilhosa, pela nossa comunidade, pelos nossos segmentos. Muito obrigado por estarem confiando em nós mais uma vez. Vamos para mais um grande Carnaval, acho que o final do samba, o pré-refrão e o refrão principal é o que faz o samba explodir, é o momento que a nossa comunidade vai botar pra quebrar naquela avenida, tenho certeza”, disse Lequinho.

“Vencer uma disputa de samba na Mangueira, como sempre, é uma honra enorme. É minha escola de coração. Sou mangueirense, estou aqui há 24 anos. Meu primeiro samba concorrendo foi no ano de 2000. Me sinto assim quase que embolição com mais essa vitória. Já é a quinta vez que ganho aqui, mas cada uma gera uma emoção única. Ter um samba meu, entoado na Avenida, pela minha escola, homenageado uma figura como a Alcione, é realmente algo indescritível”, garantiu o compositor Gabriel Machado.

Pelo segundo ano consecutivo, a Verde e Rosa terá os carnavalescos Annik Salmon e Guilherme Estevão como responsáveis pelo desenvolvimento do desfile. Ele explicaram a responsabilidade de produzirem o enredo sobre Alcione.

“Nossa, passou aquele primeiro ano de pressão e agora é um ano de alegria. Eu sempre falo, estar desenvolvendo esse enredo é um presente, é um presente pra gente como artista, a gente tá sendo carnavalesco da Mangueira nesse momento em que a gente tá falando dela que eu sou fã, minha ídola, além de ser essa rainha aqui pra Mangueira e uma história linda pra contar muito além das suas músicas, história dela com a mangueira, a identidade dela com a mangueira é uma coisa incrível”, disse a carnavalesca.

“A primeira mensagem é mais uma vez destacar a importância das lideranças femininas dentro da Mangueira. Alcione é uma liderança feminina importante. Alcione deixa um legado e atua até hoje a partir da tantas outras coisas que ela proporcionou a escola, seja como cantora e seja como atuante aqui no Morro de Mangueira, então eu acho que essa é a primeira questão. A segunda questão é mostrar a representatividade da Alcione para além desse sucesso todos que ela traz. Ela é de fato um hino de tantos namoros, o hino de tantas desilusões, o hino de tantas alegrias, representante de um estado que é o Maranhão, todo regionalismo, toda a identidade da cultura maranhense. Tem muita coisa que está atrelada a essa história de vida dela, que a partir dessa trajetória a gente consegue apresentar”, contou o carnavalesco.

No carnaval de 2024, a Estação Primeira de Mangueira terá novidade em sua direção de carnaval, que será capitaneada por Júnior Cabeça. Em sua estreia na Verde e Rosa, Júnior encara a oportunidade como a realização de um sonho.

“É a realização de um sonho. Para a gente que trabalha no Carnaval há muitos anos, chegar na maior escola de samba do planeta, sendo contratado como profissional, é a valorização de tudo aquilo que você fez desde pequeno, de tudo aquilo que você sonhou, de tudo aquilo que você pediu a Deus e está se realizando a cada dia. Hoje é mais um passo grande, eu poder tá participando da final de samba da Mangueira, com três grandes sambas como diretor de Carnaval”, disse Júnior

Com o samba definido para o carnaval de 2024, a Verde e Rosa se prepara para sua temporada de ensaios de quadra e rua. O diretor de carnaval da escola adianta que planejamento da preparação já está pronto.

“O planejamento já tá feito, inclusive já tá feito até o último ensaio, tá tudo organizado, porém a presidente pediu pra que a gente segurasse as informações que durante a semana, vai sair nas redes sociais o nosso cronograma de ensaio, tanto de quadra quanto de rua, tudo direitinho”, revelou Júnior Cabeça.

Na homenagem da Mangueira a Alcione, a Verde e Rosa levará para a avenida de 3800 a 4000 desfilantes. A preparação da escola, segundo Júnior Cabeça, está a todo vapor no barracão.

“Temos 70% da escola de comunidade, poucas alas comerciais e a gente deve vir por volta de 2800, 3000 componentes. A escola vem grande, mas vem compacta, organizada. Nós estamos muito felizes com tudo que vem acontecendo, tanto no nosso barracão quanto na quadra, a organização do projeto que os carnavalescos estão fazendo com muito carinho com muita atenção e a Mangueira está preparada, cada dia se preparando mais ainda”, destacou Júnior.

Um dos maiores destaques do desfile da Mangueira no carnaval de 2023, a dupla de intérpretes da escola, Marquinho Art Samba e Dowglas Diniz, segue para o próximo carnaval da Verde e Rosa. No desfile de 2024, a dupla aposta na manutenção do trabalho para repetir o sucesso.

“Trabalhar bastante pra repetir o ano passado. Qualquer um dos três sambas tinha condições de ser um hino da Estação Primeira de Mangueira para o Carnaval de 2024. Agora, é só trabalhar e botar em prática tudo aquilo que a gente sabe fazer, que é o trabalho e a consequência disso vai ser vista no resultado”, disse Dowglas.

No carnaval de 2024, Marquinho Art Samba e Dowglas Diniz terá a missão de cantar um samba-enredo em homenagem a uma das grandes vozes nacionais, a cantora Alcione. A dupla, em entrevista ao site CARNAVALESCO, ressaltou a emoção de homenagear a artista.

“É a nossa diva, é a diva do Brasil, não é a diva da Mangueira, é a diva do Brasil. O sentimento é muito profundo mesmo, legal demais”, comentou Marquinhos.

Pra mim, é uma emoção muito grande porque eu vim da Mangueira do Amanhã e quem fundou foi a Alcione. É poder retribuir tudo aquilo que ela fez, tudo aquilo que ela fez por mim, posso estar retribuindo agora cantando o samba-enredo sobre a vida dela, exaltando a nossa diva maior, que é a nossa Marrom”, revelou Dowglas Diniz.

Crias da Verde e Rosa, os Mestres Taranta Neto e Rodrigo Explosão são outros a permanecerem na escola para o carnaval de 2024. Bem avaliados pelo público e pelo júri no último carnaval, a dupla acredita na manutenção do trabalho, com ajustes pontuais.

“Foi o melhor possível, a gente conseguiu alcançar as nota, o mais importante pra gente. Conseguimos ajudar a escola com essas notas e agora é trabalhar alguns pontos de andamento rítmico, dar mais uma atenção ao shekere, que só conseguimos botar em novembro do ano passado”, avaliou Taranta Neto.

Um dos segredos da bateria da Mangueira no carnaval de 2023 foi o confortável andamento, em consonância com o samba-enredo. Para o carnaval de 2024, o Mestre Rodrigo Explosão, que revela já ter errado em andamento em sua outra passagem como comandante da “Tem que Respeitar meu Tamborim”, afirma que irá praticar um andamento confortável para todos os instrumentos.

“Eu já errei em andamento, não erro mais com isso. Tem que ter um andamento confortável pra todos os instrumentos aparecerem e o samba também conseguir evoluir. Nós vai trabalhar isso depois da escolha de hoje. Vamos tentar turbinar o andamento pra ver o ideal pra bateria”, afirmou Rodrigo Explosão.

O casal de mestre-sala e porta-bandeira da Verde e Rosa, Matheus e Cintya, vai desfilar pelo segundo ano junto. Ao CARNAVALESCO, ela falou da estreia no Grupo Especial em 2023. “Olha, foi lindo, foi mágico essa minha entrada na Mangueira, essa minha estadia na Mangueira, sei que eu tô muito feliz, quero compartilhar que foi um aprendizado. Eu aprendi, continuo aprendendo, eles me mostraram que eu não sei tudo, o vigor não pode sair porque faz parte da minha dança. Mas vem aí um novo casal”, disse a porta-bandeira.

O mestre-sala também comentou o desfile de 2023 e a estreia com Cintya. “Viemos de branco hoje, tipo o Réveillon. É ano novo pra gente. Estamos ensaiando desde março, não tivemos férias, trabalhando em cima do que tem que ser trabalhado com uma nova estratégia, uma nova coreógrafa. Celeste veio abraçar, veio pra família, se unir a nós para o bem maior que é a Estação Primeira de Mangueira, pela a excelência que essa escola merece. Tô muito feliz, hoje é um dia muito especial, é como a gente fala, a gente sambista tem essas fases, tem esses ciclos, têm essas passagens e hoje é um dia disso, passagem de um encerramento de um ciclo que foi maravilhoso, de um novo amor. Da recepção para Cíntia, ela veio para essa casa, ela enche a gente de vento, de benção, de orixá girando ali, iluminando e apaixonando a gente. Sou eternamente apaixonado pela Estação Primeira de Mangueira, amo essa casa e tô pronto para 2024”, disse Matheus.

Para o carnaval de 2024, em busca de reforçar sua equipe, a Estação Primeira de Mangueira apostou na dupla de coreógrafos Lucas Maciel e Karina Dias, que fez sucesso no Tuiuti em 2023. A dupla revela um sentimento de surpresa com a repercussão do trabalho no último carnaval.

“Foi uma grande surpresa, uma surpresa muito boa, embora a gente tenha trabalhado muito e foi uma recompensa do que a gente trabalhou, do que a gente lutou, mas veio pra coroar tudo isso e foi só felicidade”, disse Karina Dias.

Passado o sucesso do carnaval de 2023, Karina e Lucas encaram o desafio de comandar a abertura do desfile da Verde e Rosa. Empolgado, Lucas Maciel fala sobre a recepção da comunidade mangueirense.

“A gente tá muito feliz, a nossa recepção foi mais do que incrível, a comunidade abraçou a gente de uma forma linda, toda vez que a gente vem aqui na quadra, nos sentimos abraçado pelo pessoal da escola, pela comunidade. A gente já tá trabalhando muito pra conquistar esses 40 pontos”, revelou Lucas Maciel.

Análise das apresentações na final

Parceria de Moacyr Luz: A primeira parceria da noite foi composta por Moacyr Luz, Pedro Terra, Gustavo Louzada, Karinah, Compadre Xico e Valtinho Botafogo. O intérprete responsável por conduzir o samba foi Gilsinho, o cantor estava em uma noite inspirada e ao lado de vozes femininas fez com que a apresentação fosse muito forte, a introdução do samba foi feito pela cantora Karinah, e entre os apoios teve a participação de Diego Nicolau. O samba composto pela parceria é curto e rápido, permitindo assim que o ritmo se mantenha sempre intenso, a letra possui momentos de muito inspiração e energia, retratando bem o que a grande homenageada do enredo, Alcione, representa.. O refrão de principal “Erê, Erê, Erê, não deixa o samba morrer”, possibilita a bateria um ritmo diferenciado. Por ser curto e fazer menção a uma música de Alcione, o refrão é de fácil aprendizado. A apresentação contou com algumas performances na torcida, como integrantes com pernas de pau, coreografias, muito papel picado e balões. A adesão do samba por parte da comunidade e segmentos foi considerável.

Parceria de Lequinho: o samba composto por Lequinho, Júnior Fionda, Gabriel Machado, Fadico, Guilherme Sá e Paulinho Bandolim foi o segundo a se apresentar na final, a parceria mostrou que estava disposta a brigar pelo bicampeonato. No comando do carro de som uma equipe de peso liderada pelo intérprete Tinga, como apoio foi possível observar a presença de Bico Doce, além de Cacá Nascimento, sendo ela a responsável por fazer a introdução da obra. É nítido como esse samba possui características que o fazem ser a cara da verde e rosa, aguerrido, forte, com refrões fortes e que em todo momento exalta a comunidade e a própria escola, talvez, por esses fatores foi possível perceber uma adesão forte por parte de segmentos e comunidade. Foi uma apresentação explosiva, durante os 30 minutos o ritmo, andamento e canto se mantiveram em alto nível. A torcida foi um show a parte, somado ao canto forte e a garra de cada um, a parceria levou balões, papel picado e fumaça, os efeitos não deixaram nenhum componente ficar parado, até mesmo os presentes nos camarotes. Vale destacar as seguintes partes como as mais cantadas: “Mangueira! De Neuma e de Zica/Dos versos de Hélio que honraram meu nome”, além do refrão que fiz “Meu palácio tem rainha e não é uma qualquer”.

Parceria de Thiago Meiners: o último samba a se apresentar na final foi composto por Thiago Meiners, Beto Savanna, Indio da Mangueira, Michel Pedroza, Wilson Mineiro e Julio Alves, a voz principal responsável por comandar a obra foi a de Pitty Menezes, como apoio teve também a presença de Wic Tavares. Seguindo a linha das outras apresentações, tivemos uma voz feminina puxando a capela o refrão principal do samba, logo depois Pitty comandou e levou os torcedores à loucura. Os 30 minutos de apresentação foram extremamente fortes, em nenhum momento o samba sofreu queda de rendimento, a condução por parte dos cantores, somada a bateria e a empolgação do público fizeram com que a obra se destacasse de forma orgânica, muitos integrantes da escola se jogaram e cantaram a plenos pulmões. Alguns versos remetem a músicas de Alcione e foram ainda mais cantados, são eles: “Um canto maroto, estranha loucura/Meu ébano, a cura pro vício do amor”, o mesmo foi visto no refrão principal com o verso “Não deixo o samba morrer defendo minha bandeira”. A parceria fechou a apresentação mantendo o alto nível na disputa da verde rosa.

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