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Artigo: ‘Economia Criativa do Carnaval em Tempos de Pandemia’

"Imaginar que a movimentação econômica do carnaval do Rio é um terço de todo o Brasil para as festas de Momo nos incentiva a trabalhar políticas públicas eficazes, das quais ajudem a multiplicação desses números aqui no Rio de Janeiro", diz Sérgio Almeida Firmino, assessor de economia criativa do Carnaval da Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro

Por Sérgio Almeida Firmino

O Carnaval não é somente festa: a visão do Carnaval como Economia Criativa do Carnaval e Desenvolvimento Econômico do Rio de Janeiro. O Carnaval para os brasileiros não é apenas uma festa de quatro dias. Obediente ao calendário religioso, a efeméride, que atravessou o Oceano Atlântico vindo da Europa, traduz o alento necessário, tanto para a população que o ama, quanto para aqueles que desejam apenas o  descanso dos dias da Festa. Para os que adoram, brincam nos Blocos de Enredo, Boi Pintadinho, Escolas de Samba, ou seja, para o folião, há muita diversão, pessoas animadas nas ruas, turistas, que  ajudam a incrementar os números das estatísticas econômicas apresentadas após os dias de Momo.

John Anthony Howkins é um autor e pesquisador inglês, que teve a ideia de nomear como “economia criativa”, tudo o que possa ser criado, produzido e depois negociado com resultado financeiro. Howkins desenvolveu a Economia Criativa. Com efeito, para os brasileiros envolvidos no segmento Samba, Escolas de Samba e Carnaval, a criatividade é um conceito natural. Por essa razão, o Governo do Estado do Rio de Janeiro criou a Economia Criativa do Carnaval dentro da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa. Nada mais justo, essa ação governamental precede a preocupação com as dificuldades do porvir, sem a realização do Carnaval (pelo menos em fevereiro de 2021) por causa da pandemia do Covid19.

Mas qual é a atribuição da Economia Criativa do Carnaval? Neste momento trabalha na condução de políticas públicas, na busca de parcerias com a iniciativa privada para o firme propósito em auxiliar as famílias que vivem da cultura criativa do Carnaval. Entidades não governamentais, do direito privado, como o Instituto Cultural Cravo Albin, também são bem vindas e estão ajudando a criar parceria com a Câmara dos Vereadores do Município do Rio de Janeiro e convida empresários a formarem um mutirão ou “vaquinha”; com objetivo de suavizar a crise. Numa ação popular de ajuda aos artífices do carnaval, que sofreram tanto em 2020 quanto as incertezas sobre o Carnaval 2021, que sabemos que não vai acontecer em fevereiro, podendo (caso a pandemia já tiver acabado, e se for possível com todas as medidas sanitárias) ocorrer em julho de 2021.

Em tempos de paz, sem a maldita guerra invisível do Covid19, a Economia Criativa do Carnaval tem como objetivo principal asseverar os números das pesquisas da FGV, RioTur, Ministério do Turismo, CNC, entre outras, no âmbito do Carnaval no Rio de Janeiro, através de ações e políticas públicas que contribuam e possam incrementar essas estatísticas.

De fato, diante do investimento de 70 milhões de reais, dos quais a prefeitura disse ter introduzidos na realização do Carnaval em 2020, houve uma movimentação financeira em torno de  4 bilhões, segundo os dados das siglas mencionadas, ou seja, quase 57 vezes mais. Imaginar que a movimentação econômica do carnaval do Rio é um terço de todo o Brasil para as festas de Momo nos incentiva a trabalhar políticas públicas eficazes, das quais ajudem a multiplicação desses números aqui no Rio de Janeiro. No carnaval 2020, mais de dois milhões de turistas vieram para o Rio de Janeiro, contribuindo com essa forte movimentação econômica.

O ponto alto do Carnaval se concentra nos desfiles das Escolas de Samba, onde se oferece a essência da criação, pungente, rico processo criador encontrado nos barracões, conduzidos pelos seus artistas.

O Carnaval está em todas as Cidades do Rio de Janeiro ou pelo menos na sua historiografia, está viva nos 92 municípios, por menores que sejam. O que precisam é de entendimento das autoridades, para que haja um mínimo de apoio e incentivo, retornando ao passado, na intenção de se resgatar essas joias culturais, que nesses tempos de Covid-19 ajudariam com certeza em trabalho e renda as populações no estado.

As 103 Escolas de Samba do Estado do Rio de Janeiro poderiam estar em pé de igualdade com as Escolas de Samba do Grupo Especial, agremiações da Liesa, produzindo cada uma dessas ligas, nos respectivos municípios, capacitação, trabalho e renda, ajudando no desenvolvimento econômico das regiões.

Tomemos como um excelente exemplo a Cidade de Teresópolis: o Senhor Paulo Lima é o presidente da Liga das Escolas de Samba da Cidade e assevera que o município perdeu muito nesses dez anos sem desfiles. As fotos e filmagens provam o que o velho sambista nos ajuda a entender. Artistas, artífices do Carnaval, ficaram sem trabalho: artesões, figurinistas, costureiras, aderecistas, desenhistas, bordadeiras, serralheiros, marceneiros, estão desempregados, claro e evidente que este problema foi agravado pelo vírus Covid-19, mas também por conta da falta de políticas públicas eficazes que deveriam ter sido realizadas no passado.

Vamos imaginar que cidades como Nova Iguaçu, com suas 22 Escolas de Samba, poderiam desfilar na sua cidade e em seu próprio Sambódromo. A riquíssima  Baixada Fluminense, independente e com seus 4 milhões de cidadãos, população estimada ser igual a do Uruguai, depende somente de diálogo entre os gestores das cidades adjacentes, que compõem a Região e também com a iniciativa privada e representantes das Secretarias de Cultura dessas cidades. Os empresários terão seu lucro garantido de volta, com um viés ou contrapartida sócio-cultural, que a Lei de Incentivo impõe.

O Rio de Janeiro está sendo monitorado culturalmente e principalmente no âmbito da economia do Carnaval. Uma nova e inédita leitura da indústria criativa cultural do Carnaval está sendo idealizada no governo de Cláudio Castro e já se trabalha para depois que a população for vacinada. Espera-se que o Estado do Rio de Janeiro se desenvolva rapidamente, assim como já vinha crescendo nos dois últimos anos (2018 e 2019), após a recessão de 2014/16 e antes da grave crise mundial de 2020, segundo Marcel Grillo Balassiano, economista especialista da FGV. Precisamos voltar aos números de antes da pandemia, acertar o passo e trabalharmos para melhores resultados no pós-vacina.

O Carnaval, como sempre, está aí para contribuir enormemente para o desenvolvimento econômico do Estado, indústrias, comércio em geral. Geradores de empregos diretos e indiretos apostam na retomada implacável do nosso Carnaval e no retorno significativo da economia fluminense. Caso haja condições sanitárias, o carnaval em julho de 2021 será um sucesso, após o trágico período marcado pela pandemia.

Sérgio Almeida Firmino é assessor de economia criativa do Carnaval da Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro e diretor do Instituto Cravo Albin

Referências: Artigos e reportagens de Marcel Grillo Balassiano.

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