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Artigo: ‘Razões para ocorrer o Carnaval em 2021, caso a saúde permita’

Por Marcel Balassiano – Economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE)

Atualmente estamos vivendo, possivelmente, o pior momento da humanidade pós-Segunda Guerra Mundial, em função de uma pandemia global, que tem fortes impactos na economia. Até 20 de setembro de 2020, mais de 30 milhões de pessoas no mundo já pegaram o vírus, com quase um milhão de óbitos. No Brasil, de casos oficiais, já ocorreram mais de 4,5 milhões de casos, e mais de 135 mil falecimentos. Segundo o Banco Mundial, a recessão deste ano será a décima-quarta crise econômica mundial desde 1876, sendo a quarta mais profunda em termos de perda de atividade econômica, ficando atrás “somente” dos períodos das duas Guerras Mundiais e da Grande Depressão, após a Crise de 1929. De acordo com as projeções do Banco Mundial e do FMI, mais de 90% dos países do mundo devem apresentar um recuo do PIB per capita neste ano, fato inédito na história econômica mundial.

Por outro lado, as “principais cabeças” do mundo estão buscando uma solução para esta grave crise sanitária, e possivelmente até o final deste ano/começo de 2021 teremos uma (ou mais) vacina(s) para (assim esperamos!) resolver a situação. Com a vacina pronta e aprovada, o passo seguinte será a logística (no Brasil e no mundo) da sua produção e distribuição para a maior quantidade de pessoas.

Dado este contexto inicial, listo abaixo algumas razões (econômicas) para ajudar no argumento da possibilidade de ocorrer o carnaval em 2021, caso a saúde permita. Vale frisar que todas as razões listadas abaixo são sob a premissa básica de que a pandemia já terá acabado, seja com a vacina, remédio, enfraquecimento do vírus, entre outros. Sendo assim, poderá haver o carnaval, na data em que for possível. E, também é importante lembrar, que a economia é apenas uma das óticas para se analisar o carnaval, não sendo a principal. Carnaval é cultura, história, festa, entretenimento, turismo, projetos sociais e também economia!

Na hipótese (mais provável) de não poder ocorrer o carnaval em fevereiro próximo, uma das principais dúvidas é sobre a possível nova data, e se cada município vai fazer o seu “carnaval fora de época” quando quiser, se quiser, ou se haverá uma nova data nacional para o evento. O prefeito de Salvador, ACM Neto, propõe uma data conjunta, envolvendo Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, entre outras cidades. Essa ideia do prefeito soteropolitano me agrada bastante, e acredito que o caminho deveria ser esse mesmo, de uma nova data, nacional, a ser definida em conjunto entre as cidades. Porém, vale lembrar que neste ano teremos eleições municipais. Então, neste momento, não sabemos quem serão os(as) prefeitos(as) das cidades no próximo carnaval. Talvez até por isso que uma decisão tão importante (para haver em nova data ou para adiá-la definitivamente e passar para 2022) precise esperar um pouco mais para o martelo definitivo ser batido. Essa incerteza precisa estar presente nos cenários analisados, e também perguntado aos postulantes dos cargos máximos municipais.

O carnaval no Rio de Janeiro envolve, principalmente, desfiles das escolas de samba e blocos. Há diferenças entre os dois movimentos, porém devem se unir como uma coisa só, como ressaltado pela Rita Fernandes, presidente da Sebastiana (Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua da Zona Sul, Santa Teresa e Centro da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro), em evento (virtual) do Museu do Samba sobre os rumos do carnaval 2021, realizado em agosto deste ano. Quando é atacado, o carnaval é tratado como uma forma única. Então, na defesa, também deve ser trabalhado conjuntamente. Claro que há enormes diferenças entre as escolas de samba e os blocos, com objetivos distintos, públicos diferentes, tempos de preparação heterogêneos, entre outros. Porém, a (possível) nova data deveria contemplar tanto desfiles quanto blocos, ou no mínimo, no caso das escolas de samba, algum tipo de evento carnavalesco, se aproximando ao máximo dos desfiles tradicionais.

O calendário pré-carnaval é diferente, pois o tempo de preparação para se colocar uma escola de samba para desfilar na Marquês de Sapucaí é muito maior do que o tempo para se organizar um desfile de bloco na rua. Por isso que a data de fevereiro é praticamente impossível, pois mesmo que num cenário hipotético de todos estarem vacinados na época (original) do carnaval, são necessários alguns meses antes para se preparar o desfile. Por isso que a nova data, seja maio, junho ou depois, é o caminho mais viável.

O presidente da LIESA, Jorge Castanheira, disse ao jornal O Globo, no dia 19/09/20, que um carnaval em meados do ano “só será possível se o desfile for num formato alternativo, com menos alegorias e um custo mais baixo. Caso contrário, as escolas teriam dificuldade de fazer a festa de 2021 e planejar a do ano seguinte em tão pouco tempo”. Perfeito! Isso mesmo que se espera, um desfile possível, dentro das limitações impostas pela situação atual, não necessariamente igual ao carnaval deste ano. É importante ressaltar que o carnaval no Rio de Janeiro não ocorre somente na capital, já que há dezenas de blocos e escolas de samba no interior do estado também. E esse “novo calendário” também poderia (e deveria) ser estendido para as cidades do interior do Estado do Rio de Janeiro, não ficando somente na cidade do Rio, movimentando também as economias locais. Além de escolas de samba e blocos de carnaval, também há blocos de enredo, “boi pintadinho”, “boi malhadinho”, entre outras manifestações, o que faz com que a cadeia produtiva do carnaval seja maior ainda, sendo fonte de renda de milhares de famílias.

No caso de o carnaval do Rio de Janeiro ocorrer, e em nova data, acredito que a decisão de como será o evento todo deva ser tomada em conjunto, com vários representantes, sejam eles os governos estadual e municipal; as escolas de samba, representadas pelas ligas (LIESA, LIERJ, LIESB…); os blocos, representados pelas associações; a TV Globo, principal parceira das escolas de samba, que inclusive já renovou o contrato de transmissão pelos próximos anos; patrocinadores, camarotes e parceiros dos desfiles; imprensa, principalmente a especializada; entre outros. O governador precisa ser ouvido, além do prefeito (o atual e o futuro, caso o atual não seja reeleito, o que só vamos saber no fim do ano). Não custa lembrar que o carnaval é o principal evento turístico da cidade do Rio de Janeiro, tendo movimentado quatro bilhões de reais neste ano, e atraído 2,1 milhões de turistas! Só para efeitos de comparação, nas Olimpíadas Rio 2016, a cidade recebeu 1,2 milhão de turistas, pouco mais da metade de turistas recebidos no Carnaval 2020, e número próximo de turistas no carnaval de 2016 (pouco mais de um milhão, segundo a Riotur).

A TV Globo precisa ser consultada, para saber se estaria interessada em fazer as transmissões numa nova data, ou não, se prefere esperar o carnaval de 2022. Aqui vale um ponto interessante: não só os desfiles, mas a apuração na quarta-feira de cinzas é um “evento à parte”, tendo inclusive mais audiência na televisão do que o próprio desfile em si. Esse ponto precisa ser lembrado para, na hipótese de mudanças no regulamento, talvez possa não haver rebaixamento, mas seria importante ter o julgamento, o título, e as seis primeiras colocadas voltando no Sábado das Campeãs (mesmo na hipótese de um “carnaval menor”, o desfile das campeãs deveria ser mantido, com a disputa “na parte de cima”). Sendo assim, a posição da detentora dos direitos de transmissão do carnaval é de grande relevância para a realização ou não dos desfiles em 2021. O mesmo vale para os desfiles da Série A, que a Globo transmite na sexta-feira e sábado de carnaval para o Rio de Janeiro desde 2013.

Os camarotes, que cada vez vem crescendo mais, e realizando diversas festas, também precisam ser consultados para saber se teriam interesse em realizar as festas nesse “carnaval fora de época”, ou não. Aqui vale ressaltar que o setor de eventos foi muito prejudicado na crise do coronavírus, com as medias (corretas) de distanciamento social e não aglomeração. Mas, quando tudo isso passar, o setor de eventos vai precisar se fortalecer. Além do mais, por uma questão de demanda reprimida, as pessoas ficaram muito tempo em casa, sem sair para festas, e quando for possível retornar, é provável que haja um crescimento do setor.

Em artigo publicado no site CARNAVALESCO, antes do carnaval 2020, comentei sobre a importância do carnaval para a economia do Rio de Janeiro, e citei a grande relevância dos camarotes, não só financeira, mas também para levar um público novo e diferente para o Sambódromo. Sobre o setor de eventos, uma das “maiores autoridades no assunto”, Roberto Medina, em entrevista aos jornalistas Bruno Villas Bôas e Francisco Góes para o jornal Valor Econômico do dia 15/09/20, afirmou que está confiante para uma vacina, e que o Rock in Rio, daqui a mais de um ano, será possível de ser realizado, e que “vai ser o maior Rock in Rio de todos os tempos. (…) Na gripe espanhola, o carnaval do ano seguinte foi o maior de todos. As pessoas precisam celebrar.” O mesmo vale para o carnaval pós-coronavírus, nos desfiles das escolas de samba, nas festas nos camarotes e nas centenas de blocos nas ruas.

Em relação ao carnaval de 2020, algumas informações divulgadas pela Riotur, numa pesquisa bastante detalhada, são importantes para levarmos em consideração e entender a magnitude da importância do carnaval para o Rio de Janeiro. Começando pelos desfiles do Grupo Especial, o público era formado por 12,4% de turistas estrangeiros; 55,6% de turistas nacionais; e 32,0% moradores da região metropolitana do Rio de Janeiro. Entre os estrangeiros, os três primeiros países foram a Argentina (19,2%), EUA (17,3%) e Inglaterra (9,6%). E sobre os turistas nacionais, a maior parte veio de São Paulo (31,7%), seguido do Rio Grande do Sul (9,7%) e Minas Gerais (9,0%). Já nos blocos de rua, apenas 0,9% do público era formado por turistas estrangeiros, 14,4% de turistas nacionais e 84,7% de cariocas. Entre os turistas brasileiros, 70,6% vieram da região Sudeste, 18,0% do Sul, 6,5% do Centro-Oeste e 6,5% do Nordeste. Ainda de acordo com a Riotur, entre os estrangeiros, a permanência média na cidade foi de 7 dias, com gasto médio pouco superior aos dois mil reais por pessoa. Já entre os turistas nacionais, a permanência média foi de 6 dias, com gasto médio próximo de mil reais por pessoa. Segundo a pesquisa divulgada pela Hotéis Rio, a ocupação hoteleira da cidade do Rio de Janeiro ficou na média de 93%, tendo regiões que chegaram a quase 100%. No total, mais de dez milhões de foliões circularam nas ruas do Rio de Janeiro no carnaval deste ano.

O que esses números mostram é que a prevalência de turistas estrangeiros é bem pequena (pouco mais de 10% nos desfiles das Escolas de Samba do Grupo Especial e menos de 1% nos blocos de rua). Logo, um argumento de que turistas estrangeiros não vão querer vir para o Brasil no carnaval fora de época, em função da crise sanitária, torna-se menos relevante, pois a grande maioria dos turistas no carnaval do Rio já é de brasileiros. Os turistas estrangeiros gastam, em média, mais do que os brasileiros, mas não são muitos em proporção do total. Mais de 80% dos turistas presentes nos desfiles do Grupo Especial são de turistas nacionais, e 15% do público dos blocos.

Outro ponto interessante é que a maior parte dos turistas brasileiros são da região Sudeste, principalmente de São Paulo, o que facilita o deslocamento. Mais uma questão relevante é que o turismo nacional pode ser bastante beneficiado no pós-crise (já agora, mas também ao longo do ano que vem). Primeiro, por questões sanitárias, pois pode haver uma preferência por viagens para locais próximos, de carro ou ônibus. E, mesmo para viagens de avião, é melhor fazer viagens curtas pelo Brasil (uma, duas, três horas de avião), do que pegar nove, dez horas de avião para ir para a Europa ou EUA, por exemplo. Além disso, com o câmbio brasileiro enfraquecido na comparação com o dólar e o euro, principalmente, viagens nacionais podem ser mais atrativas do que estrangeiras. Sobre esses pontos do dólar alto, e da insegurança sanitária, ambos inibidores de viagens internacionais, Roberto Medina, na entrevista para o Valor, disse que “o turista brasileiro deixa, a cada ano, R$ 78 bilhões no exterior. Se tivéssemos um mínimo de competência e de política pública, poderíamos neste próximo ano pegar um pedaço desses R$ 70 bilhões a R$ 80 bilhões.”

Um fator adicional a ser considerado é que, segundo a pesquisa PNAD Contínua Turismo, do IBGE, com dados do 3º trimestre de 2019, o Rio de Janeiro foi o quinto estado mais procurado para viagens nacionais, atrás de São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul. O RJ recebeu 5,8% dos viajantes brasileiros no período analisado, enquanto SP recebeu 18,9%; MG, 12,8%; BA, 8,7%; e RS, 6,7%. Reforçar o turismo e aumentar a quantidade de viajantes brasileiros para visitar o Rio de Janeiro ao longo de todo o ano, e não somente no verão, é fundamental para o fortalecimento da economia fluminense. Sendo assim, o carnaval, caso seja possível realizar no meio do ano que vem, pode ajudar bastante a aumentar a visitação nesse período. Caso dê certo, até pode-se pensar em movimentar a agenda de eventos nesse período. Roberto Medina, na entrevista recente ao Valor, ao falar que o Rock in Rio tem um impacto de R$ 1,8 bilhão na economia carioca e gera 28 mil empregos diretos e indiretos, frisa que “é natural uma pessoa, um político qualquer de plantão, argumentar que está investindo na creche e não pode tirar esse dinheiro para fazer turismo. Errado. No caso do Rio, cada turista que entra ‘faz’ escola, sala de aula, esparadrapo para o hospital. Nunca vai ter esparadrapo no hospital enquanto a economia principal da cidade estiver adormecida, sem mobilização”.

De acordo com as estimativas da Confederação Nacional do Comércio – CNC, o Rio de Janeiro foi responsável por 1/3 da movimentação financeira das atividades turísticas relacionadas ao carnaval 2020. São Paulo e Bahia, juntos, representaram 1/3 também. Minas Gerais, Pernambuco, Ceará e demais estados foram responsáveis pelo terço final. Bares e restaurantes, empresas de transporte de passageiros (rodoviário, aéreo e de locação de veículos) e hotéis e pousadas representam quase 90% desse faturamento, sendo que o setor de alimentação fora do domicílio (bares e restaurantes), sozinho, representa mais da metade do faturamento total. Além disso, a CNC estimou a contratação de mais de 25 mil trabalhadores temporários nos dois primeiros meses do ano, para atender o aumento sazonal de demanda, sendo que mais de 70% desses novos empregos, no segmento de serviços de alimentação. Números esses que reforçam mais ainda a importância da data nacional do carnaval, e que mostram que o Rio de Janeiro não pode ficar de fora dessa, dado que é o estado com o maior peso na movimentação financeira das atividades turísticas ligadas ao carnaval.

Na crise econômica atual, em função da pandemia, e isso vale para todos os setores, o objetivo principal é tentar minimizar as perdas. Por exemplo, se uma empresa tem dez funcionários e está enfrentando dificuldades, o objetivo deve ser “tentar sobreviver”, mesmo que com menos funcionários. Se precisar demitir metade, por exemplo, isso se faz necessário para manter os outros cinco. Programas para tentar minimizar os problemas no mercado de trabalho foram feitos no Brasil e no mundo, como os de retenção do emprego na Europa (Kurzarbeit, na Alemanha, por exemplo).

Sendo assim, manter minimamente o ciclo do carnaval 2021 é o que deve ser feito, em vez de simplesmente “pular o ano” e pensar no carnaval de 2022 a partir de meados de 2021. Para 2020, as escolas do Grupo Especial puderam levar quatro, cinco ou seis carros alegóricos para a avenida. E, com isso, muitos trabalhadores do barracão puderam ter a sua fonte de renda. Caso não seja possível (por questões financeiras, de tempo para execução etc.) ter a mesma quantidade de carros e fantasias em 2021 do que no carnaval passado, que se reduza, mas que se mantenha alguma coisa para que, se não todos, pelo menos alguns trabalhadores possam ter a sua fonte de renda mantida, mesmo que com um valor menor. O mesmo vale para os intérpretes, por exemplo. Uma das fontes de renda deles é cantar nas disputas de samba enredo das mais variadas escolas. Caso se decida simplesmente por eliminar o carnaval de 2021 e ir direto para 2022, eles vão ficar um ano sem essa fonte extra de renda. No caso dos cantores, as lives surgiram como uma opção também, mas a manutenção do ciclo ainda se mantém válida. E diversos outros exemplos também poderiam ser dados.

Como sempre lembra o Sérgio Almeida Firmino, assessor de Economia Criativa do Carnaval, da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, e diretor do Instituto Cultural Cravo Albin, os sapateiros produzem milhares de pares de sapatos para os desfiles. E aqui eu digo. É melhor esses sapateiros produzirem uma quantidade menor de sapatos, mas continuarem a produzir, do que simplesmente esperar 2022 chegar.

O auxílio emergencial, feito pelo governo federal, foi na direção correta de garantir uma renda mínima para quase 70 milhões de brasileiros, apesar dos problemas que ocorreram, como pessoas que não deveriam ter recebido, tiveram acesso ao dinheiro, e pessoas que realmente precisavam, não terem obtido o auxílio. Campanhas solidárias, como as escolas de samba e diversos segmentos das escolas fizeram e estão fazendo (como Barracão Solidário, entre outras), além das lives, que além de ser um entretenimento também têm caráter social, ajudaram bastante e continuam sendo essencial para determinadas pessoas. No artigo “Crise do Coronavírus Ressalta Mais Ainda a Importância das Escolas de Samba”, publicado na edição de maio deste ano da “Samba em Revista”, do Museu do Samba, eu comentei sobre a importância das escolas de samba para a economia do Rio de Janeiro, e também sobre a grande relevância dos projetos sociais, sempre presentes na vida das agremiações, e que se mostrou mais importante ainda no momento atual, seja fazendo máscaras, doando alimentos para os mais vulneráveis, entre outros. Porém, auxílio emergencial, campanhas solidárias, entre outras, são ajudas muito bem-vindas, mas não a solução principal para o problema, pois as pessoas precisam continuar trabalhando para ter a sua fonte de renda e, com isso, sustentar suas famílias.

Mais uma questão relevante para se manter o “ciclo” do carnaval 2021 é sobre a imprensa especializada, tão importante para o fortalecimento do carnaval durante o ano inteiro. Ao simplesmente “pular” o carnaval 2021, menos informações serão noticiadas, menos eventos (virtuais ou presenciais, mais para frente) serão cobertos e, no final, menos empregos para os jornalistas. O Alberto João citou dados interessantes e importantes na live dos 13 anos do CARNAVALESCO: somente na quarta-feira de cinzas, o site recebeu quatro milhões de acessos, mostrando a enorme força do carnaval, principalmente das escolas de samba. No mês de fevereiro deste ano, foram quase sete milhões de leitores no site. Manter o ciclo do carnaval de 2021 e, com isso, a constante atualização de notícias pelos jornalistas, também tem a sua grande relevância.

Sobre o carnaval em fevereiro próximo, o Museu do Samba realizou o (excelente) “Seminário Carnaval 2021: Vamos fazer uma festa?”, para discutir, entre outros temas, a importância de haver alguma manifestação/evento na data “verdadeira” do carnaval, em fevereiro de 2021, para marcar posição e “não deixar o samba morrer”. Claro que com todas as medidas de segurança sanitárias sendo cumpridas. Também concordo integralmente com essa ideia, além de outras discutidas no debate, como eventos virtuais nas quadras das escolas nos dias que aconteceriam os desfiles, caso o coronavírus não tivesse acontecido, entre outras.

Em resumo, este artigo procurou listar algumas razões econômicas para a realização do carnaval no ano que vem, caso seja possível por questões sanitárias. Mas claro que muitos motivos “não econômicos” também existem e são até mais importantes para a realização da festa em 2021, assim que for possível!

Caso aconteça numa nova data (em fevereiro será praticamente impossível), e se for nacional, o Rio de Janeiro e, principalmente as escolas de samba, precisam estar presentes, dada a relevância das agremiações.

Neste ano o impacto econômico do carnaval do Rio foi de quatro bilhões de reais, com mais de dois milhões de turistas, quase o dobro durante as Olimpíadas de 2016. Além do mais, o carnaval do Rio de Janeiro, sozinho, foi responsável por 1/3 de toda a movimentação financeira do carnaval do Brasil em 2020, o equivalente a Salvador e São Paulo juntos. Sendo assim, caso o carnaval ocorra numa “data alternativa”, o Rio de Janeiro, incluindo escolas de samba e blocos, deverá ser peça fundamental, dada a sua grande importância.

A grande maioria dos turistas que vem para o Rio durante o carnaval são brasileiros, e, entre eles, a maior parte veio de lugares próximos, principalmente de São Paulo, o que facilita a vinda deles, e isso deve ser incentivado, dado fatores inibidores de viagens mais longas para o exterior (dólar alto, questões sanitárias etc.).

decisão de se realizar (ou não) um carnaval numa data alternativa precisa ser feita em conjunto, entre os governos estadual e municipal, ligas das escolas de samba, associações de blocos, TV Globo, patrocinadores, camarotes, imprensa (principalmente a especializada), entre outros atores. Minimizar os impactos da crise e manter minimamente o ciclo do carnaval é importante, para que os profissionais que trabalham com isso, como carnavalescos, intérpretes, artesãos, ferreiros, costureiras, imprensa especializada, entre outros, consigam manter suas fontes de renda, se não na totalidade, pelo menos uma parte. Além de uma nova data para o carnaval 2021, nos dias originais, em fevereiro, algum tipo de manifestação também teria que ocorrer, como amplamente debatido no evento do Museu do Samba.

E, como disse o Roberto Medina na entrevista ao Valor, ao se referir ao Rio de Janeiro, “o produto está pronto. É só colocar o artista para cantar. É só colocar a bilheteria na porta e iluminar a cidade, porque ela está pronta para fazer dinheiro.” É só colocar a bateria para tocar, o mestre-sala e a porta-bandeira para bailar, os componentes para evoluir, pois o carnaval estará pronto para alegrar as pessoas no pós-crise e ajudar na retomada econômica!

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