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Caminho livre para o título! Vila Isabel apresenta canto e evolução impecáveis com deslumbre plástico

Por Diogo Sampaio. Fotos: Allan Duffes e Magaiver Fernandes

Por meio de uma profecia, vinda através de um sonho, o curumim chamado Brasil descobriu que ganharia uma irmã, cujo nome seria Brasília. Nela, estaria sintetizada toda força e esperança de um povo. Foi a partir dessa premissa que a Vila Isabel desenvolveu seu carnaval de 2020. Na ode aos que construíram a capital federal, a azul e branca do bairro de Noel demonstrou toda garra de seu chão, ao apresentar sua melhor harmonia desde o campeonato de 2013, que junto à repetição do deslumbre plástico do ano passado, fazem que o “povo do samba” possa sonhar com o quarto título da escola.

Comissão de Frente

A comissão de frente assinada pelo coreógrafo Patrick Carvalho veio representando “O Clamor de Uaikôen”. A apresentação consistia no “Menino Brasil” sendo desfiado pelos índios mais velhos de sua tribo a encarar um desafio para se tornar um grande guerreiro. Na sequência, ele enfrentava os mistérios da floresta, representado em um tripé que acompanhava a comissão, e lutava contra um grudo de onças pintadas. Após vencer os obstáculos, ele era coroado por um ancestral, mantendo vivo assim um legado de gerações. Com uma excelente caracterização, tanto em figurino, quanto em maquiagem, a comissão de frente não cometeu erros em nenhuma das cabines.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Com uma fantasia que simbolizava o “Equinócio Ameríndio”, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Raphael e Denadir, representou o encontro de Guaraci e Jaci no resplandecer da passagem da noite para o dia. O figurino trazia um dégradé de cores que ia do amarelo ao lilás. O deslumbre da roupa era acompanhado por uma dança elegante, de movimentos graciosos, com muitos giros por parte de Denadir e muito riscado por parte de Raphael, O casal passou sem erros pelos três módulos de julgamento.

Harmonia

Desde o desfile campeão de 2013, quando levou para Sapucaí um samba-enredo composto por nomes como Martinho da Vila, André Diniz, Arlindo Cruz e companhia, que a Vila Isabel não tinha um canto tão forte e aguerrido de sua comunidade. Ao longo da escola, era difícil ver um componente que não cantasse a obra. Isso ficava ainda mais nítido quando bateria e carro de som paravam, evidenciando o pulsar feroz do samba.

Até mesmo seguimentos que tradicionalmente não cantam ou catam pouco, como comissão de frente e os guardiões do primeiro casal, entoaram com afinco o samba-enredo. Entre as alas, se destacou a de número 09, intitulada “A Gente Irmã Suada do Litoral”, que desfilou gritando o hino da escola praticamente.

Enredo

De maneira lúdica, a Vila Isabel homenageou os 60 anos da cidade de Brasília através do enredo “Gigante pela Própria Natureza: Jaçanã e um indígena chamado Brasil”. A partir de um conto indígena, a azul e branca do bairro de Noel fez uma viagem pela cultura, pelo folclore e pelos costumes de cada uma das regiões que formaram o país e juntas construíram a capital federal. A proposta, apesar de poder parecer complexa, foi desenvolvida de maneira clara, graças ao apurado trabalho plástico da escola, que conseguiu dar leitura nítida para as fantasias e alegorias.

Evolução

Depois de ter enfrentado problemas nesse quesito no carnaval de 2019, que impediram que pudesse disputar mais acirradamente pelo título, a Vila Isabel arrumou a casa e fez um desfile marcado por uma evolução impecável. A escola se apresentou com ritmo cadenciado, componentes soltos e vibrantes, sem ter aberto buracos ou clarões em qualquer momento de sua passagem pela Avenida.

Samba-Enredo

Tinga demonstrou, mais uma vez, o porquê de ser considerado um dos melhores intérpretes do carnaval carioca. A obra composta por Cláudio Russo, Chico Alves e Júlio Alves, alvo de críticas no pré-carnaval, teve um desempenho espetacular durante a passagem da escola pela Marquês de Sapucaí.

O samba foi cantado a plenos pulmões por todas as alas e até mesmo as arquibancadas se renderam. A bateria de mestre Macaco Branco se encaixou perfeitamente com o samba, sendo outras das peças primordiais para explicar o sucesso dela na Avenida.

Fantasias

O bom uso de cores e estamparias foi o principal destaque do conjunto de fantasias. Os figurinos apresentavam boa leitura e acabamento. Os costeiros e cabeças grandes de algumas alas ajudavam a dar ainda mais volumetria para o desfile da escola. Entre as de maior criatividade estava a da ala das baianas, nomeada de “Caldeirão de brasilidade”, que tinha sua saia formada por bananas.

Alegorias e Adereços

O carnavalesco Edson Pereira brindou o público com mais um belo conjunto alegórico, que aliou requinte e grandiosidade. De fácil leitura e muito bom gosto, destacaram-se nele o abre-alas, formado por três chassis diferentes, e que representava o “Arrebatamento de Brasil em sua viagem onírica”; além do último carro, intitulado “Brasília, joia rara prometida”, que trazia uma releitura da Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, símbolo da capital federal, transformando sua estrutura arquitetônica no manto da padroeira do Brasil.

Outros Destaques

Sabrina Sato deixou o posto de rainha de bateria, mas não abandonou a Vila Isabel. Agora como majestade da escola, a japa venho a frente da comissão de frente, sendo ovacionada durante sua passagem pela Sapucaí. Na companhia de Martinho da Vila, ela sambou, brincou e interagiu com o público.

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