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Com muitos problemas no módulo visual, Barroca Zona Sul abre Grupo Especial de São Paulo sem brilho

Por Guilherme Ayupp. Fotos: Magaiver Fernandes

A Barroca Zona Sul foi a primeira agremiação  desfilar na noite desta sexta-feira de carnaval no Sambódromo do Anhembi, abrindo os caminhos para as duas noites de apresentações do Grupo Especial de São Paulo. Vice-campeã do Acesso 1 em 2019, o Barroca apresentou-se com o enredo ‘Benguela… a Barroca clama a ti Tereza!’. A escola enfrentou problemas em seu módulo visual e encerrou seu desfile em cima do tempo máximo permitido, mas teve de lidar com uma caótica dispersão.

Retornando para o Grupo Especial 14 anos depois de sua passagem, a escola demonstrou ter uma estrutura distante das grandes escolas acostumadas à elite. Muito simples, esteve com um conjunto visual que não é característico de Grupo Especial. De positivo  garra da comunidade que esteve muito bem no canto, impulsionados por um bom desempenho da bateria e do carro de som.

Comissão de Frente

Coreografada pelos profissionais Alê Batista e Thais Seixas, a comissão de frente da Barroca Zona Sul se apresentou intitulada ‘Do ventre das yabás, o nascimento de Tereza de Benguela’. O conceito da apresentação trazia um plano espiritual, habitado por orixás.Em dado momento, Obatalá convoca cinco yabás, onde cada uma delas entregava um pedaço de si para que fosse gerado o clamor na terra. No fim da apresentação cada orixá feminino entregou um sentimento que juntos formaram a figura de Tereza.

A comissão foi um dos pontos de maior interação com o público de todo o desfile. A defesa da apresentação disponível na pasta enviada pela escola à liga esteve condizente com o que foi mostrado nas torres de julgamento. O destaque ficou a cargo da finalização, com  Tereza de Benguela flutuando no tripé, causando aplausos da plateia. Uma apresentação singela e emocionante.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

O primeiro casal, Igor Sena e Lenita Magrini desfilou representando o orixá Oxossi, no caso do mestre-sala e a homenageada do enredo, Tereza de Benguela, no caso da porta-bandeira. A apresentação da dupla teve a intenção de mostrar o padroeiro da agremiação, que é Oxossi, enredo campeão em 2019. Ele conduziu Tereza em sua caminhada pelas matas de Mato Grosso, por conhecer os caminhos e mistérios da floresta.

Bela indumentária da dupla, que se apresentou com movimentos firmes e finalizações corretas. Também demonstraram grande entrosamento e o importante romance na troca de gestuais que confere toda a elegância ao quesito. AA exibição do pavilhão também se deu de forma correta.

Enredo

Para homenagear Tereza de Benguela, a Barroca Zona Sul iniciou seu enredo no plano espiritual, onde Obatalá convoca orixás femininas (Yabás) para que cada uma delas, através de um pedaço de si, gerasse Tereza. Com a ala de baianas representando pretas velhas e o primeiro casal personificando Oxóssi e a própria Tereza, a verde e rosa iniciou o desenvolvimento de seu tema. O sequenciamento do enredo se dá com a vinda de Tereza para o Brasil, onde hoje se encontra o estado do Mato Grosso. A rica natureza da região foi exibida através da segunda alegoria do desfile. Em seguida o desfile trouxe o Vale do Guaporé, onde Tereza conheceu indígenas, também escravizados. O Quilombo do Quariterê, fundado por Tereza e seu marido José Piolho, esteve representado no desfile. A homenageada se tornaria líder do Quilombo. A destruição do local pela Coroa Portuguesa pode ser vista representada no quarto carro da Barroca. A morte de Tereza, que se mata por não suportar a opressão, encerra a explanação do enredo. Através de outras figuras femininas negras, como Marielle Franco, a escola deixou a mensagem de que a heroína homenageada vive através do dia internacional da mulher negra, comemorado sempre em 25 de julho, data de sua morte.

A apresentação do enredo, de acordo com a pasta do quesito se deu de maneira coerente com a setorização de alas e alegorias defendidas. Os figurinos e carros estavam de fácil leitura, o que tornou os setores compreensíveis.

Alegorias e adereços

A Barroca Zona Sul passou pelo Sambódromo do Anhembi com cinco alegorias. O abre-alas, ‘Benguela. Nação de Angola. Mão África’ trazia o local de origem da homenageada, encerrando  parte introdutória do enredo. O segundo carro, ‘Mato Grosso, um eldorado no coração do Brasil’ representou a região do Brasil para onde Tereza veio trazida, escravizada. O terceiro carro da Barroca representava o Quilombo do Quariterê, fundado por Tereza. ‘A destruição de um sonho’ foi a quarta alegoria do desfile, que trazia a destruição do Quilombo. Através do carro ‘Dia internacional da mulher negra’, a verde e rosa fechou seu desfile. O carro representou o legado de Tereza.

O primeiro carro tinha soluções estéticas com pouco apuro e uso de materiais excessivamente simples, tirando o brilho esperado de um abre-alas. Na terceira alegoria havia uma única escultura que estava desproporcional ao restante do carro, causando um desconforto no conjunto visual do carro em questão.

Fantasias

Através de cinco setores, a Barroca distribuiu suas 20 alas no afã de contar a história de uma das mulheres negras mais importantes de nossa história. Na introdução do desfile, vieram as baianas, que representaram as pretas velhas, com bênção e proteção. Localizada no segundo setor do desfile, mas como uma ala móvel, a bateria veio representando ‘o som, a fé e a coragem negra em plena floresta’. Os passistas representaram no desfile a Tereza como líder quilombola.

Tal qual o conjunto de alegorias, as fantasias, embora estivessem de fácil leitura, não receberam o apuro estético devido para o que se espera de um desfile do Grupo Especial. A ala de baianas estava com um indumentária muito simples. Destaque para a ala que veio à frente da terceira alegoria, que era bastante leve mas conseguiu boa reunião de materiais deixando boa impressão.

Samba-Enredo

No aspecto da adequação da letra ao enredo, conforme defendido na pasta o samba cumpriu seu papel corretamente. Além disso teve excelente rendimento na voz do intérprete Pixulé, estreante no Grupo Especial de São Paulo. A obra impulsionou o módulo musical da apresentação da Barroca e deixou ótima impressão na pista do Anhembi, comprovando ser uma das melhores obras do carnaval deste ano.

Evolução

Quesito problemático no desfile da Barroca. Embora alas estivessem soltas, sem organização militar e com componentes brincando bastante, houve diversas irregularidades. Quando as primeiras alegorias começaram a deixar a pista e alcançar a dispersão, a evolução se tornou muito lenta destoando do início do desfile. Após a chegada da última alegoria, a bateria precisou contornar o carro para conseguir deixar a pista. A dispersão se tornou uma pedra no sapato neste quesito.

Harmonia

Bom desempenho da harmonia no desfile da Barroca. As las cantaram o samba com muita garra e emoção, como pedia a obra. Após o abre-alas uma ala coreografada apresentou grande desempenho, fazendo sua coreografia com correção, sem deixar de cantar muito o samba-enredo. O desempenho dos componentes contagiou o público nas frisas e camarotes, que começaram a cantar junto. Destaque também para o entrosamento entre o carro de som e a bateria.

Bateria

Junto com  comissão de frente, um dos pontos altos do desfile da Barroca. Cumprindo o que determina o manual do julgador para 2020, os comandados de Acerola de Angola deram um show de bossas e convenções. Em um determinado trecho da obra a bateria fazia um paradão para permitir o canto da escola. A entrada do recuo foi com uma convenção, bem em frente à torre de julgamento. Um show.

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