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Com Portela e Serrinha, Carnaval se faz presente em passeio de ônibus elétrico da Prefeitura do Rio

Imagine embarcar em uma viagem que já em seu início começa saudando e invocando Natal, Paulo da Portela, Dona Ivone Lara e Vovó Maria Joana? É óbvio que esse passeio só poderia acontecer em Madureira

Imagine embarcar em uma viagem que já em seu início começa saudando e invocando Natal, Paulo da Portela, Dona Ivone Lara e Vovó Maria Joana? É óbvio que esse passeio só poderia acontecer em Madureira, “berço do samba” e local de resistência e valorização das manifestações culturais do subúrbio que tanto são importantes para esta cidade. A iniciativa é realizada, ainda por cima, de forma gratuita e em um ônibus elétrico, ecologicamente correto, sem emissão de ruídos e de gases poluentes. O projeto foi desenvolvido pela Secretaria Municipal de Transportes, em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura, tendo o apoio da Riotur e da subprefeitura da Zona Norte.

Fotos de Lucas Santos

Guias turísticos do projeto, Vilson Luiz e Karolynne Duarte fizeram o curso de turismos juntos, são integrantes do projeto Guiadas Urbanas, que desenvolve roteiros turísticos pelo subúrbio carioca, e sempre sonharam com uma parceria com a prefeitura que valorizasse o samba e a cultura do subúrbio. Vilson, administrador de empresas e técnico em administração de turismo, acredita que o projeto é fundamental para a valorização da cultura local.

“Nós somos resistência cultural, nós somos sementes desses frutos. Além dos cartões-postais. Tem gente que pensa que turismo é só na Zona Sul. Porque a gente acredita no subúrbio? Porque, o samba por exemplo, antes de ser tocado no rádio era tocado na Igreja da Penha. Lá já havia uma inclusão. A gente tem o bairro da Penha com o samba, Madureira com o samba, a Zona Portuária com o samba. Por que não trazer esse protagonismo para a galera que faz o samba? A galera que faz o samba é daqui. A gente quer mostrar esse olhar de dentro para fora. Do morador sobre a cidade”, disse o guia.

Karolynne, arquiteta e urbanista, guia de turismo, que faz questão de dizer que é suburbana, entende que o projeto traz a valorização do morador e evita que se faça diferenciação entre aquilo que é projetado para turistas e o que é projetado para os residentes da cidade.

“A primeira coisa é entender que todo mundo é visitante, é turista. Não é criar esse apartheid de que turista merece uma coisa e o morador merece outra. Esse é um ônibus que é democrático, pode vir turista, pode vir morador. E, eles têm acesso a essa história que muitas vezes não é divulgada. É importante. Todo mundo no passeio dizendo ‘pô’ não conhecia essa história’, ‘moro aqui há anos e não conhecia’. É importante até mesmo porque se vier algum tipo de intervenção de algum patrimônio, esse coletivo pode se reunir e dizer ‘não pode demolir não, porque isso aqui tem história para o nosso lugar’. Eu trabalho com turismo porque foi a única forma que eu enxerguei para trazer visibilidade para um território que não tinha muito investimento em cultura, em lazer, foi através do turismo contando a história deste lugar, e apresentando as vivências culturais do território”.

A reportagem do site CARNAVALESCO embarcou nessa jornada que começa próximo a Arena Fernando Torres, no Parque Madureira, e a primeira parada acontece no local onde existia a casa de Paulo da Portela. O número 950 da Rua Carolina Machado hoje abriga apenas ruínas de um lugar onde, com certeza, aconteceu muito samba e muita história, principalmente para os portelenses. Em seguida, o veículo ecológico passa próximo ao Palácio 450, uma das sedes da Prefeitura do Rio, e se dirige rapidamente para a praça Paulo da Portela, local onde acontece, no segundo domingo de cada mês, a feira das Yabás, tradicional evento de música e gastronomia.

Próximo a Rua Clara Nunes, os guias Vilson e Karolynne, incentivaram o público do passeio a cantar uma música para a artista que dá nome a rua da sede da Portela. Dona Zuita de Coelho, moradora de Nilópolis, mãe da passista Nanda Coelho, da Portela, puxou os versos ‘o mar serenou quando ela pisou na areia’ e em resposta os passageiros responderam ‘quem anda na beira do mar é sereia’. Dona Zuita achou o passeio bastante alegre e instrutivo.

“Minha filha é passista da Portela. Eu gosto da Portela, da Clara Nunes, gosto de samba e de alegria. Gostei muito do passeio porque é uma oportunidade de a gente sair de casa e conhecer coisas novas. Apesar de já conhecer Madureira, mas de uma forma diferente”.

Dona Maria Senna, amiga de Dona Zuita, também moradora de Nilópolis, ficou emocionada ao conhecer a história do bairro onde terminou sua educação formal.

“Nós já somos frequentadoras do parque (Madureira), fizemos a inscrição de forma rápida e viemos passear. Sou de Nilópolis, nasci em São João de Meriti, mas já conhecia o bairro, porque Madureira já faz parte da minha vida. Eu me formei na escola Carmelo Dutra, e o ônibus passou lá e eu até ia me pronunciar, mas travei. Passou aquele filme na minha cabeça, pois foi onde vim me formar. Gostei muito de ouvir sobre a Portela que é a escola do meu coração”.

O tour seguiu em direção a Rua Carolina Machado, passando pelo local do primeiro teatro construído no subúrbio, onde hoje funciona uma loja de brinquedos. A atenção especial foi dada ao Viaduto de Madureira, local do Baile Charme, da Central Única das Favelas e do Brechó das Mães.

Próximo ao Mercadão de Madureira, e ao Morro da Serrinha e do Juramento, um capítulo à parte foi dedicado à história do Jongo. A partir daí, a narrativa fez uma valorização do jongo como instrumento de resistência, usado para louvação, lamentos, comemorar aniversários, esconder cachaça, traçar estratégias de fuga, etc. Também foram dedicados alguns minutos para se contar a história de Vovó Maria Joana, importante personalidade na valorização do jongo e na aproximação entre o ritmo e as crianças.

Por fim, o ônibus passou pelo estádio Aniceto Moscoto, sede do Madureira Esporte Clube, o tricolor suburbano, passou pelo Mercadão de Madureira, na sede de outro ícone do samba,o Império do Serrano, a Serrinha, onde foram contadas história da Escola de Samba e da sua sede. O passeio volta ao Parque de Madureira, ponto final desta linha. Tiago, morador do Flamengo, veio ao passeio pela novidade do ônibus elétrico e terminou se encantando pela história de Madureira.

“Sou engenheiro, vim aqui quando soube que era um ônibus elétrico, pois eu fiz engenharia elétrica e com essa questão do clima, achei superlegal e eu estou maravilhado com o ônibus e com o passeio. Madureira tem uma história muito rica que eu não conhecia, não fazia ideia e eu adorei a história de Madureira. A história de Paulo da Portela me encantou bastante, pela influência que ele tinha no bairro”.

Já para Natália, moradora do Campinho, um dos bairros da Grande Madureira, espera que o projeto possa trazer para o subúrbio mais iniciativas que valorizem a região como polo turístico.

“Moro no Campinho e eu vim pelo passeio que descobri por uma amiga que me indicou. E acho interessante por ser uma iniciativa para revalorizar um lugar que tem muita história. Mas, uma história esquecida porque não faz parte do ‘grande centro turístico’ da cidade e espero que mais iniciativas dessa possam ser feitas para resgatar o grande orgulho de ser suburbano”, acredita Natália.

O projeto “Verão verde” da prefeitura do Rio foi aberto ao público neste domingo, e será realizado todo sábado e domingo até janeiro, sempre nos seguintes horários: 10h, 11h30, 14h, 15h30 e 17h. O passeio é gratuito, começa e termina na Arena Fernando Torres (Parque Madureira), onde haverá feirinha das 9h às 18h. Para garantir seu assento, basta acessar o Sympla: bit.ly/buscultura. São 40 lugares sentados.

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