InícioGrupo EspecialCom um clamor de resistência, Portela critica Crivella e Bolsonaro

Com um clamor de resistência, Portela critica Crivella e Bolsonaro

Por Victor Amancio

Não tem Bispo e nem se curva a Capitão. Criticando de forma sutil e indireta o prefeito Marcelo Crivella e o presidente Jair Bolsonaro, o samba da Portela cresce cada vez mais e caiu nas graças do povo. A obra que chegou a ser chamado de toada durante a disputa hoje é dada como um das melhores da safra de 2020. O enredo que aborda o Rio de Janeiro, os índios Tupinambás que aqui viviam antes da chegada dos portugueses e retrata um paraíso onde a natureza era respeitada e a vida era de paz e tranquilidade. A Portela é a sétima escola a desfilar no domingo de carnaval e seu samba é um clamor de uma cidade que vive no caos da violência e na crise da saúde pública.

Marlon e Lucinha Nobre na festa do CD do Grupo Especial para o Carnaval 2020. Foto: Magaiver Fernandes

O componentes da agremiação abraçaram o samba e cantam com mais força os trechos que seriam uma indireta para os governantes. Índio pede paz, mas é de guerra. É como se estivessem prontos para a guerra, e a comunidade azul e branca de Madureira mostra que vai para o combate e promete dar o sangue durante o desfile. Os componentes afirmam que a crítica, para eles, presente no samba dá mais força para escola, seria um grito de socorro de um povo sofrido que não aguenta mais os desmandos e os ataques feitos por políticos.

“Eu vejo como um ponto positivo para o samba, na disputa mesmo fez o samba crescer, e a crítica é necessária, não só para Portela mas para todo o carnaval, que vem sendo minado por políticos como o Prefeito. Todas as escolas deveriam passar mensagens de resistência, seja no Grupo Especial, no Acesso ou na Intendente Magalhães”, afirma Mário Jorge, um dos componentes da escola.

O membro da comissão de carnaval da escola, Junior Escafura, prefere se manter isento e afirma que o samba e o enredo não contém nenhum tipo de crítica. Ele diz que a pretensão da escola é contar a história dos índios que aqui viviam e o Guajupiá, o paraíso para os tupinambás.

“A Portela não tem nada a ver com crítica, nem no enredo e nem no samba. Se pegar o samba, podemos ver que está bem claro que ‘nossa aldeia é sem partido ou facção’, a Portela não tem briga com nada. Nossa ideia não é essa, queremos contar a história do nosso enredo, do índio Tupinambá e tudo aquilo do Guajupiá, do paraíso que era o Rio de Janeiro, esse é o foco da escola. Não estamos envolvidos em polêmicas e críticas”.

Discordando com a comunidade que acredita existir uma crítica no enredo, o membro da comissão diz que todos tem a liberdade e o direito de pensar como quiserem e que a Portela está preocupada em passar a mensagem do enredo e deixar feliz tanto quem estará assistindo quanto o componente.

“É indiferente para nós, cada um pensa da maneira que tem que acha melhor, a Portela está preocupada em passar sua mensagem e fazer um grande carnaval e deixar o público e a comunidade felizes com o carnaval que será apresentado na avenida”.

Cristal Guedes, ritmista da azul e branco, acredita que a escola e o carnaval se fortalecem com a crítica, ainda que sutil, e enfatiza a importância do carnaval defender a luta do seu povo.

“O samba da Portela, para mim, ganha mais força, mesmo fazendo uma crítica menos direta, mais sutil, mas com certeza isso fortalece o samba e a escola. Eu acredito que as escolas devem continuar seguindo essa linha para se fortalecer o carnaval. Criticar e defender a nossa luta é muito importante”.

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