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Comissão de frente, bateria e atuação do cantor Leonardo Bessa são os destaques do desfile do Tucuruvi

Por Matheus Mattos

Quarta escola a desfilar na primeira noite de desfiles, a Acadêmicos do Tucuruvi desenvolveu seu carnaval através do enredo: “Liberdade! O canto retumbante de um povo heroico, uma linhagem crítica sobre a situação histórica e atual do Brasil. A comissão de frente cativou o público, a bateria demonstrou boa maturidade rítmica e a boa estreia de Leonardo Bessa foram os destaques do desfile. O andar acelerado no final e a pouca intimidade dos desfilantes com o samba foram os pontos negativos encontrados.

Comissão de frente

A ala trouxe exatos sete índios e oito invasores. A coreografia foi dividida em dois atos, sendo que o primeiro retrata a chegada dos invasores em Pindorama e o segundo mostra todo o sofrimento ocasionado, como abuso sexual e escravidão, tendo também a rebelião, luta contra o território e finalizou com o desejo de viver em igualdade. A primeira ala da agremiação foi o grande destaque. A reação afrontosa no rosto dos bailarinos ao olhar para o público reafirmaram a opinião de impacto. A encenação de batalha ganhou mais realidade com a postura agressiva dos navegantes. O quesito chamou a atenção não por levantar a arquibancada, e sim por cativar e impressionar quem assistia.

Bateria

A bateria do Zaca, do mestre Guma Sena, representou o ímpeto de luta, o espírito guerreiro que aflora em cada descendente africano através de uma fantasia leve. A postura da batucada foi bem cautelosa, soltando bossas no monumental e valorizando a sustentação do canto do box até cruzar a linha final. Alguns ritmistas relataram problemas com o talabarte, onde o acessório caia de forma involuntária.

Alegorias

O abre-alas representou a “Aculturação… A terra mãe que ainda clama pelo seu filho”, e trouxe muita movimentação humana nas alegorias. Um destaque perceptível foi que em determinado trecho as árvores desapareciam e prédios tomavam o lugar. A segunda alegoria “O tumbeiro do dia a dia” mostrou o sofrimento dos escravos nos navios negreiros, sensação demonstrada também através das coreografias. Já no terceiro carro alegórico “O reino do absurdo” trouxe muita interação humana, com sátira direta ao planalto. O penúltimo “Meu canto ecoa nesta avenida” trouxe muitas drags e diferentes pessoas que defendiam seus direitos na história. Finalizando o quesito, a escola trouxe uma alegoria interativa, nomeada como “O poder emana do povo – Somos os filhos da esperança”.

Fantasia

A primeira ala chamou a atenção pelo uso de sete cores diferentes e de forma organizada. No contexto geral, as fantasias da Tucuruvi trabalharam os diferentes tons e usou adereços grandiosos, ocasionando um efeito positivo pela visão superior.

Mestre-sala e porta-bandeira

O primeiro casal oficial, Kauã e Waleska, vieram representando os índios Nhamandú e Abaçai. A fantasia da porta-bandeira utilizou de materiais naturais que remetem a estética indígena e o mestre-sala trouxe elementos de pele sintética e detalhes que defendem a caça, característica do personagem retratado. A riqueza nos detalhes do figurino chamou a atenção e impressionou. Ambos saudaram a segunda Torre de jurados do quesito. O peso da fantasia afetou o bailado, principalmente no momento em que a porta-bandeira rodava. Mesmo com a possível dificuldade, a Waleska demonstrou uma postura aguerrida, cantando forte o trecho “avante filhos da esperança”. O casal traz muito passos coreográficos.

Samba-enredo

O estreante intérprete Leonardo Bessa se destacou no desfile da Tucuruvi. O cantor optou por cacos pontuais e melódicos, valorizando a sustentação do samba. A canção é melódica e com trechos de explosão, porém a intenção não foi correspondida pela escola. O trecho “Vai ecoar” e “Avantes filhos da esperança” são as partes mais empolgantes.

Evolução

A escola iniciou com domínio do quesito, alas andando de forma uniforme e com boa entrada no recuo, porém os componentes ficaram muito tempo parado durante a movimentação. Destaque para a ala coreografada que encenou o ato de castigar escravos e cercados por componentes vestidos de capoeiristas. A separação entre as alas foi cumprida na risca, mas a escola correu um pouco quando o cronômetro chegou nos 50 minutos. A Tucuruvi encerrou sua passagem com 64 minutos.

Harmonia

O canto regular não foi notado, diversos componentes cantavam apenas o refrão e alguns trechos do samba. A ala “Resistência da senzala” foi a que melhor mostrou regularidade no canto e na empolgação, os sambistas desfilaram soltos e sambando.

Enredo

A Acadêmicos do Tucuruvi trouxe uma proposta mais crítica para esse carnaval, mostrando o lado dos que mais sofreram com opressão e a luta por direitos e liberdade. O enredo usou muitos traços indígenas, africanos, movimentos do passado e do presente que buscam vozes. A construção do desfile foi linear, iniciando no descobrimento/invasão e terminando com uma mensagem positiva.

Outros

A segunda porta-bandeira sentiu um visível desconforto, não bailando da forma que se pede. O casal se limitou apenas em apresentar o pavilhão ao público, sem estendê-lo. Os destaques de chão da segunda alegoria substituíram as grandes fantasias de destaques por um figurino com forte representação do sofrimento dos escravos. O Número de pessoas na ala dos convidados também chamou a atenção, e todos estavam com muita empolgação.

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