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Curicica dá voz as mulheres negras e homenageia Marielle Franco em seu desfile

Por Vinicius Vasconcelos. Fotos: Magaiver Fernandes

A quinta escola a passar pela passarela popular Intendente Magalhães foi a União do Parque Curicica. Exatamente as 23h50min a pista foi liberada e a interprete Rose Barcellos entoou o samba-enredo. Lançando mão de enredos que não ficam marcados na memória, a agremiação confiou na criatividade de sua comissão de carnaval para produzir um enredo com um ar polêmico. E assim, poder voltar a desfilar na Marquês de Sapucaí. Com o título “Eu vi Deus, ela é negra”, a escola procurou trazer em seu desfile o enaltecimento feminino e transformou a figura masculina de Deus em uma mulher de pele preta.

Comissão de frente

Contando com onze componentes femininas e negras, a coreografia sob responsabilidade de Marcello Moragas e Marcelo Chocolate representou deusas femininas e realizou um parto na passarela gerando aplausos e comoção. As bailarinas executavam a coreografia de acordo com os movimentos de Orixás femininas como Iansã e Oxum.

Mestre-sala e porta-bandeira

O casal Ewerton Anchieta e Cássia Mara vestiam uma fantasia remetendo a savana africana. A base da fantasia dela possuía plumas de cor laranja que deram um bonito impacto visual com as cores mescladas do restante da roupa. Os dois utilizavam braceletes que traziam um luxo a mais na composição. A apresentação foi conduzida sem problemas pelos módulos e o pavilhão foi desfraldado corretamente quando necessário. Apesar de simples, a apresentação não passou por erros.

Fantasias

O tom laranja tomou conta da primeira parte da escola. Entre primeira ala, destaque e primeiro carro a cor chamou bastante atenção. As baianas vestiam uma bela fantasia com o manto de nossa Senhora Aparecida e em sua saia a mescla das três cores da escola foi bem utilizada. As fantasias serviam como voz das mulheres no decorrer do desfiles. A exemplo a da porta bandeira que possuía as frases “meu black é livre” e “feminismo negro”. A vereadora Marielle Franco teve uma ala em sua homenagem que estampava seu rosto em uma placa escrito “Marielle Presente”. O luxo tomou conta da ala da velha-guarda que vestia uma roupa social básica, com detalhes em dourado que lembrava os reis provenientes da África.

Alegorias

Abre-alas grande com dentes de sabre imponentes a frente e zebras ao lado lembrancinha savana africana. Apesar das falhas de acabamento na parte de trás do carro não perdeu a qualidade. O segundo carro era o grito feminino. Uma enorme escultura de mulher negra chamava atenção pedindo passagem. Nas laterais do carro havia a frase “lute como uma mulher”, dando voz ao feminismo.

Harmonia

Apesar do tema ser pertinente é importante nos tempos atuais, o canto da comunidade foi tímido tendo seus ápices apenas em alas pontuais, como a que homenageava Marielle Franco. Os componentes que estavam atrás da bateria também pareciam mais empolgados que os demais.

Evolução

A direção de harmonia soube conduzir os componentes e conseguiu preencher a avenida sem causar buracos entre uma ala e outra em frente as cabines. A Curicica não passou por problemas de buracos e nem de precisar retornar com alas para que espaços foram gerados. Mérito também dos componentes que policiavam uns aos outros.

Samba-enredo

O canto tímido da comunidade pode muito ter acontecido devido à falta de qualidade da obra. O refrão principal do samba não possuía explosão e passava de maneira despercebida. Já o refrão do meio causava mais impacto quando era cantado “eu vi Deus, ela é negra”. Única intérprete feminina na série B, fez bem a parte que lhe cabe apesar do volume dos microfones não estar regulado corretamente e por diversas vezes a voz dos apoios sobressaírem.

Bateria

Mestre Pacman contou com o apoio ilustre de Caliquinho, da São Clemente, ao seu lado. Com nossas foçadas nas caixas e tamborins, a bateria passou bem pela avenida. Em “ninguém vai calar a nossa gente”, que antecedia o refrão principal, convenções com o uso de atabaques em ritmo afro foram executadas de maneira perfeita.

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