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Debaixo de chuva torrencial na Sapucaí, São Clemente lava a alma no maior ensaio técnico de sua história

A chuva é o componente da natureza que mais aterroriza um sambista seja no ensaio técnico ou no desfile. Quando ela cai sobre uma agremiação o desânimo já se abate sobre todos. Entretanto, a chuva torrencial que caiu com extrema violência no ensaio da São Clemente esta noite serviu para coroar o maior ensaio técnico já realizado pela escola de Botafogo em toda a sua história. Literalmente de alma lavada a agremiação quicou na avenida e deixou o Sambódromo certa de que tem condições de realizar um grande desfile.

“A nossa comunidade disse a que veio debaixo dessa chuva. As pessoas estão com muita vontade de repetir o que foi feito em 1990. Quem diz que vamos apenas brigar para não cair teve uma bela resposta hoje”, disse o presidente Renatinho.

Comissão de Frente

Irreverente, a comissão de frente de Junior Scapin encarou dois grandes desafios em sua apresentação no primeiro módulo de julgamento. A chuva, que resolveu cair com maior força justo na hora da apresentação, e o tumulto causado pela presença do governador Wilson Witzel na avenida. Nada disso entretanto tirou o brilho da apresentação. Fantasiadas de Marilyn Monroe as integrantes deram o tom de Hollywood que o samba cita. A apresentação foi totalmente irreverente pois as integrantes era drag queens. Um show da turma de Scapin.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Se a chuva é um grande desafio para qualquer escola, ela se transforma em um drama para um casal de mestre-sala e porta-bandeira. Fabrício Pires e Giovana Justo encararam a água de peito aberto.

É claro que os movimentos se limitaram devido à forte pancada de chuva mas a apresentação se deu seu falhas na primeira cabine de julgamento, mesmo com a pista completamente encharcada. Eles formaram as cores da escola através de um figurino de quadra. Fabrício todo de preto e Giovana com um belíssimo vestido amarelo, que ao girar da moça dava um efeito belíssimo. Uma apresentação de extrema garra mediante os desafios enfrentados.

“Dançar com uma chuva muito forte como essa é sempre difícil, mas conseguimos nos sair muito bem. Parece até que estávamos pressentindo, mas hoje não trouxemos nada da coreografia oficial”, revelou Fabrício.

“Foi uma chuva para lavar a alma. optamos por deixar para a nossa rotina de ensaios a coreografia oficial, que no dia 4 vai ter muito a ver com a nossa vestimenta. Mas, é claro, isso é algo que não podemos antecipar, só no dia do desfile”, disse Giovanna.

Harmonia

Quesito sempre problemático para a São Clemente em ensaio técnicos, a harmonia se apresentou de maneira excelente esta noite no Sambódromo. A chuva que caiu sobre a escola ao invés de desanimar, transformou cada clementiano em mais dois, três. O samba era gritado pelas alas e jamais se viu um desempenho desse nível da escola em ensaios técnicos.

“A chuva vem para lavar a alma da gente, a água é um componente de bênção. Acho que nem precisa fazer a lavagem da Sapucaí. Ela está devidamente lavada”, contou o intérprete Bruno Ribas.

Samba-Enredo

Com a vantagem de cantarem uma obra já conhecida, a reedição do samba de 1990, a dupla de cantores Leozinho Nunes e Bruno Ribas deu um show na condução do samba. Animando o componente todo o tempo, não se deixaram abater pela chuva. Diversas partes da arquibancada e frisas também cantavam bastante o samba, que funcionou de maneira perfeita no ensaio.

“A chuva deu o tom do ensaio, foi ótimo, maravilhoso. O samba foi cantado pela arquibancada. Lindo de ver essa energia”, comentou o cantor Leozinho Nunes.

Evolução

Encarando de frente duas das maiores grifes do carnaval na mesma noite (Mangueira e Portela) a São Clemente demonstrou uma evolução muito boa. Com água quase no tornozelo em pontos da pista a escola brincou carnaval, evoluiu com muita garra e quicou na avenida. Uma noite para todo clementiano guardar na memória.

“Apesar da chuva, valeu pelo teste, pela garra e pela vontade de cada um aqui que continuou e fomos até o final. Executamos uma bossa criada em 1990 perfeitamente e o público cantou o nosso samba desde o início. Tem um samba da São Clemente que diz o seguinte: ‘não adianta jogar água malandragem que a poeira vai subir’. Isso aqui foi praticamente tudo que vamos levar pra Sapucaí, mas ainda tem uma surpresinha que eu não posso contar”, despistou mestre Caliquinho.

Outros Destaques

O presidente Renatinho celebrou o fato de estar ao lado das gigantes Mangueira e Portela e pediu o apoio dos torcedores das duas escolas em seu discurso oficial. O público não reagiu bem à presença do governador Wilson Witzel no Sambódromo. Ele foi bastante vaiado e xingado e desistiu de cruzar toda pista à frente da escola.

As baianas estavam com um figurino nas cores da escola e os passistas deram show de samba mesmo com muita água na pista. A chuva que caiu sobre a São Clemente na noite deste domingo foi uma das maiores da história recente dos ensaios técnicos. A água era tanta na Avenida Salvador de Sá que a bateria quase não pode entrar no recuo e precisou mudar de lado. O presidente Renatinho estava muito emocionado ao fim do ensaio, certo de que acabara de viver um momento histórico.

A São Clemente reeditará na avenida em 2019 o enredo ‘E o samba sambou’ com o desenvolvimento de Jorge Silveira. A preta e amarela será a primeira a desfilar na segunda-feira de carnaval do Grupo Especial.

Por Guilherme Ayupp, Antonio Junior, Juliana Cardozo e Lucas Santos. Fotos: Allan Duffes 

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