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Desfiles da década: inesquecível Angola de Rosa Magalhães, com o requinte do samba de André Diniz, Arlindo Cruz e parceiros

Com uma disputa que depois se tornou acirrada na segunda-feira de Carnaval em 2012, a Vila Isabel veio preparada para impactar

O enredo da Vila Isabel no ano de 2012 trouxe um punhado de brasilidade com forte elo em Angola. Mostrando na avenida o mito de origem do que hoje conhecemos como samba e batuque, resgatou tempos imemoriais da nossa ligação cultural com o país africano. Apostando na campeoníssima professora Rosa Magalhães, a Vila Isabel faz referência ao Semba e ao tradicional Kuduro, um batuque angolano que faz uma viagem ao Brasil através dos navios negreiros e encontra aqui uma terra fértil para semear os frutos que hoje chamamos de samba e suas particularidades.

Com um enredo forte, resgatando as tradições da escola, o samba-enredo mostra componentes de impacto na avenida e marca a estreia de Arlindo Cruz como compositor da escola, ao lado de nomes já consagrados como Evandro Bocão, Arhur das Ferragens, André Diniz e Leonel. Escolhida para fechar o primeiro dia dos desfiles, logo após a passagem da Beija-Flor, a campeã de 2011, a Vila Isabel começa os primeiros setores focados em Angola com tons mais foscos.

Conforme o desfile vai acontecendo, entre a noite e o amanhecer, os últimos setores retratam, com mais brilho e colorido, a representação das festas populares. Conforme o dia vai amanhecendo, conferimos uma verdadeira aula de composição de desfile da Rosa Magalhães.

“O canto livre de Angola é uma ideia do Martinho, que há muitos anos vem fazendo intercâmbio musical entre a Angola e o Brasil, levando músico de um lado para o outro. E o samba veio da Angola, onde se chama Semba. Por aqui, ele se desenvolveu e criou particularidades, então é a música que vai levar esse enredo durante o tempo todo do desfile”, destacou na época a carnavalesca Rosa Magalhães.

Com uma disputa que depois se tornou acirrada na segunda-feira de Carnaval, a Vila Isabel veio preparada para impactar. Como dizia a letra do samba “Incorpora outra vez Kizomba”, esse parecia o desfile escolhido para realizar aquela catarse de 1988. Com 3.500 componentes, 31 alas e 7 carros alegóricos, a escola se apresentou buscando a imponência de campeã.

Logo de cara, trouxe uma comissão de frente, que representava uma savana africana muito lúdica e com elementos fortes de dança e rituais, que até hoje é lembrada na escola. Um rinoceronte, símbolo da força africana, se desintegrava no meio da alegoria e se transformava em um matagal por onde bichinhos brincavam de esconde-esconde. A Comissão de frente assinada por Marcelo Misailidis fez esse trabalho bonito de integração com o público e deixou sua marca na escola conseguindo os 40 pontos. A introdução de bailarinos interagindo com o tripé e formando uma dança Kuduro na exibição para os jurados mostrou a força da experiente equipe de Misailidis.

“A ideia era muito complexa porque se tratava de um carro baixo e o desenvolvimento sobre a parte arquitetônica do carro foi complicado porque ele teve muita dificuldade para chegar na avenida. Às vezes, encalhava em qualquer pequena elevação. Por isso tinha que ser um projeto muito leve e, ao mesmo tempo, muito grande para conseguir compor uma cenografia que ajudasse a trazer todo esse mistério. Toda essa dificuldade era para tentar criar essa magia que tinha alguns aspectos até infantis, na luta pela vida, do leão
que caçava os outros bichinhos e nesse meio até a própria tribo africana em que tudo dialogava e trabalhava junto”, conta o coreógrafo da comissão de frente Marcelo Misailidis.

O desfile da Vila Isabel que veio com garra de campeã acabou impactando um pouco a euforia em alguns acabamentos em alegoria, o que não rendeu nenhuma nota 10 nos quesitos. Foram quatro 9.9 e um 9.7 que acabou sendo descartado no critério. Apesar de estarem plasticamente de acordo com a harmonia do enredo o volume nem tão grandioso dos carros, características da professora, não parece ter agradado os jurados. Um pequeno problema na saída de uma alegoria na dispersão fez a escola dar uma pequena travada na evolução, mas isso não fez a escola despontuar no quesito, provando a já tradicional garra dos componentes da Vila Isabel.

A bateria que contava com o supercampeão mestre Paulinho e o lendário mestre Mug parece não ter passado na cadência perfeita. Com paradinhas muito bem elaboradas o excesso pode ter prejudicado em algum aspecto o rendimento rítmico da escola. Com apenas uma nota 10, a escola viu no quesito o campeonato escapar pelas mãos.

A Vila Isabel terminou na terceira colocação, atrás do Salgueiro com seu Cordel Branco e Encantado e da campeã Unidos da Tijuca que trouxe o centenário do Rei do Baião Luiz Gonzaga. Muitos torcedores da Vila Isabel têm esse carnaval atravessado na garganta. O samba, o enredo, o desfile, o ressurgimento da consagrada carnavalesca Rosa Magalhães: tudo parecia perfeito para o triunfo, mas ele só veio no ano seguinte.

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