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Do Santa Marta para Sapucaí: mestre Caliquinho faz escola e traz jovens para desfilarem na São Clemente

 

Por Victor Amancio

O carnaval é muito mais do que a maior festa audiovisual do planeta, o trabalho social que é desenvolvido por algumas figuras presentes nos desfiles das escolas de samba durante o ano todo pode transformar vidas. Caliquinho desde 2011 comanda a Fiel Bateria e coordena o projeto social Spantinha, que aproxima crianças e jovens da comunidade Santa Marta, em Botafogo, do samba.

O Spantinha, é uma versão para as crianças e adolescentes do Bloco Carnavalesco Spanta Neném, tem o intuito de apresentar para esses jovens, de 7 a 17 anos, como o samba pode abrir portas e janelas para uma vida melhor. Lá o mestre os ensina o ritmo de todos os instrumentos presentes na bateria para essas crianças que, para ele, devem ser aproveitadas nas escolas de samba e são o futuro da agremiação preto e amarelo. Hoje o projeto é desenvolvido com uma média de 50 crianças e adolescentes e tem como uma das suas finalidades dar uma perspectiva e esperança através da arte.

“Na comunidade tínhamos o que as pessoas chamavam de batedor, mas na verdade são ritmistas de peso. Os instrumentos de peso são as caixas, repiques, surdos… Hoje eu fico orgulhoso em ver os meninos, os que estão comigo aqui hoje na São Clemente, já homens formados, tocando tamborim, cuíca, chocalho que eram instrumentos que a galera não tocava, e hoje o pessoal da comunidade começou a se interessar por esses instrumentos que vem à frente da bateria”, diz o mestre.

O bloco já inseriu na São Clemente mais de cem ritmistas, e hoje alguns deles fazem parte da direção de bateria e são essenciais para o desenvolvimento da Fiel Bateria. O mestre Caliquinho enfatizou a importância de um dos seus discípulos, o Patrick Castro, diretor de tamborim, para a conquista dos 40 pontos no carnaval de 2015.

“O Patrick é um desses meninos dessa nova geração e foi um grande diretor de tamborim aqui, nossa bateria em 2015 conquistou os 40 pontos com a ajuda dele. Tínhamos uma deficiência no tamborim e o garoto deu jeito. Mas é um trabalho de equipe, a diretoria é uma família, e um ajudou o outro”.

Patrick é um jovem que tem a música, mais precisamente o samba, como centro da sua vida. O jovem de 24 anos, toca desde os 6 anos, fez parte do Spantinha e desfila na São Clemente desde 2008. Ele chegou como ritmista na escola e com o amadurecimento ganhou projeção dentro da agremiação. Passando de ritmista a surdo de primeira no microfone até chegar na diretoria da ala de tamborins e posteriormente diretor de caixa e repique.

“O mestre me deu oportunidade de desfilar tocando em 2008 para ver minha capacidade como ritmista. Em 2015 assumi a ala de tamborim da escola e comandei por 3 anos, depois passando para direção da caixa e do repique, hoje a minha função é o repique de bossa, mas estou sempre disposto e à disposição da São Clemente. Sou um clementiano fiel e eternamente apaixonado, desfilo onde precisarem de mim”.

O mestre enfatizou a importância da São Clemente e do presidente Renatinho na vida dele e no projeto. Ele disse que Renatinho abriu as portas para ele, e deu a oportunidade dele hoje comandar a Fiel Bateria, responsabilidade essa que o mestre faz questão de dividir com a sua direção. Para ele sem os demais diretores o trabalho não seria possível e divide com todos eles os méritos e o sucesso da bateria.

Na bateria da São Clemente desde 1998 e diretor entre os anos de 2003 e 2010, o mestre não se envaidece com o cargo confiado nele. Para ele esta oportunidade dá a chance de desenvolver um dos pontos que acredita ser crucial na sociedade: a aproximação entre o asfalto e a favela, hoje Caliquinho também dá aulas para adultos na quadra da São Clemente e ele acredita que essa integração pode dar uma perspectiva melhor para as crianças que o acompanham.

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