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Dragões alia plástica cômica com desfile ousado e apresenta carnaval inovador

Terceira escola de samba a desfilar pelo Grupo Especial da noite de sexta-feira, a Dragões da Real evoluiu o nível técnico de desfiles, apresentou um canto consolidado, alegorias com riqueza de detalhes e movimentação humana, além da comissão de frente que cativou pela interação constante com o público. No quesito evolução, a escola apresentou algumas falhas no padrão de andar dos componentes. Por fechar os portões com 65 minutos, a escola acelerou as últimas alas.

As movimentações arriscadas das alas e atenção aos detalhes cenográfico nas alegorias, principalmente as coreografias dos componentes, fazem do desfile da Dragões da Real um exemplo de modernismo ao carnaval de São Paulo.

A tensão de início não comprometeu a largada da escola, que foi vibrante e emocionante. Porém, após fechar os portões, o abre-alas da escola emperrou nos fios do poste de eletricidade a caminho do terreno e atrasou a escola seguinte. O ocorrido não prejudica em nada, simplesmente por já estar fora da pista.

Comissão de Frente

A primeira ala da Dragões da Real contou uma história bastante detalhada, trouxe diferentes personagens e interação constante com o público. Nomeada como: “Abra seu coração e deixe a emoção falar”, o grupo contou a vida de um menino que encontrou um caminhão repleto de artistas, e isso despertou o sonho no garoto em também ser um artista de rua, diante disso a coreografia foi montada. Notou-se também que o personagem principal aparece em dois momentos e com figurinos diferentes, antes e depois da fama.

A coreografia trabalhou com muita interação com o público e exigiu um nível técnico dos componentes nos momentos das alternadas. A coreografia apresentada na avenida é dividida em duas partes, a que realiza os passos na avenida, e o grupo em cima do tripé que a todo momento buscava cativar pela irreverência.

Antes da entrada do desfile, o coreógrafo Ricardo Negreiros estava bem concentrado e emocionado, postura diferente durante o trajeto, onde cantou, apresentou a comissão e sorriu a todo momento.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

O primeiro casal da Dragões da Real, Rubens de Castro e Evelyn Silva, se fantasiou de Guardiões da Alegria. O casal bailou com olhar constante entre eles e apresentou o pavilhão à torre 04 do segundo jurado do quesito de forma devida, como pede o regulamento. Evelyn demonstrou um domínio eficaz do manuseio do pavilhão.

A porta-bandeira utilizou muitas plumas e faisões em sua fantasia, além das pedrarias e cristais. O mestre-sala, no caso, vestiu uma espécie armadura onde a cor vermelha predominou, e trouxe cristais, penas e um dragão na cabeça.

Harmonia

Durante a passagem da Dragões, a escola realizou cerca de 3 apagões que foram bem correspondidos. Os componentes cantaram com entusiasmo e com clareza, por ser um samba com letras fáceis, a dicção ficou mais confortável ao desfilante. Os dois refrões, e os últimos versos, receberam uma entonação mais empolgada. É importante destacar que, o volume do canto, mesmo não sendo critério de julgamento, não oscilou. Mas, o primeiro e o terceiro setor cantaram com um detalhe maior de intensidade.

Enredo

A história proposta pela agremiação foi bem contada na avenida, e de uma forma muito clara e objetiva. Figuras como Chaplin e Maria Antonieta exemplificam o argumento. Claro que, por mais que as figuras sejam de reconhecimento imediato, a ligação delas com o enredo precisou despertar um lado crítico do sambista.

A linha plástica da escola na avenida surpreendeu. Poucos palhaços e personagens que fariam parte de qualquer proposta similar,  estiveram presentes. O que se viu foi um desfile com teor histórico relevante. O primeiro setor já causou espanto pela representação de um tanque de guerras no abre-alas e alas, trajes militares e uma ala coreografada bem elaborada e com muita movimentação dos personagens.

O segundo setor foi construído seguindo a narrativa de que Deus criou o mundo através de uma gargalhada, e contou também com fantasias de papiro, big bang. No setor seguinte utilizaram ambientes clássicos pra retratar sobre a comédia grega e como a arte era usada para zombar de governantes. No quarto a escola buscou a reflexão do sambista sobre censuras e abusos de poder com a sociedade. Nesse mesmo setor, o terceiro casal trouxe uma roupa bem característica da proposta. O mestre-sala estava de Chaplin e a porta-bandeira de cinema. O último setor já abordou com mais ênfase o foco principal do enredo, os “Doutores da Alegria”, com enfermeiros, médicos, e a ala “Rir é o melhor remédio”.

Evolução

Durante os ensaios técnicos, a escola apresentou uma evolução bastante funcional e bem adaptada. No desfile, a proposta foi bem correspondida até o minuto 22. Logo após a bateria entrar no recuo, algumas alas aceleraram o passo e ocasionou uma falta de padrão. Por estarem com o tempo apertado, o final do desfile também oscilou. Na separação de alas, o item foi bem atendido. Mesmo por apresentar uma proposta mais compacta, os diretores de alas que desfilaram na frente evitavam qualquer tipo de invasão.

Analisando empolgação e coreografia realizada com mais empolgação, a ala 12, Caricaturas da Nobreza, foi a que melhor atendeu os requisitos observados.

Um trecho que se destacou pela organização e dificuldade já nos ensaios técnicos, foi trazido pra avenida e executado de forma eficiente. A manobra citada nada mais é que uma movimentação das alas, ou seja, no trecho do segundo refrão “vem comigo gargalhar”, uma ala se movimenta pra direita e a detrás pra esquerda, e assim sucessivamente até o final da escola. Além do movimento ter sido arriscado, a

Samba-enredo

O samba da agremiação entra na característica interpretativa prevista no regulamento, ou seja, as ideias são contadas de uma forma implícita. A obra não utiliza muito do melisma, que é a extensão das sílabas de forma melódica. A estrutura é alegre, funcionou na avenida e causou a descontração esperada no componente.
A obra apresentada foi construída no eu-lírico, ou seja, o personagem narrou os fatos em primeira pessoa. Questionado, a canção teve um bom desempenho e funcionou de forma muito clara na pista.

O intérprete Renê Sobral teve uma postura segura, mas sem abrir mão da ousadia, e realizou algumas aberturas vocais. Durante o primeiro apagão, o cantor ajudou a comunidade não perder o tempo acompanhando trechos até a bateria retomar. O time de cordas também ousaram e apresentaram muitas variações nos desenhos e solos. Um deles, o próprio Renê acompanhou.

Fantasias

Analisando a estética, a escola trouxe bom acabamento, variação de materiais nas alas e bom trabalho de cores pra dividir alas próximas. Os detalhes de costeiro, por exemplo, também foram bem pensados, como no terceiro setor.

Alegorias

Nomeado como “Ataque de risos”, o abre-alas surpreendeu pela diversidade de informação, movimentação humana e coreografada, elementos visuais e clima bélico funcional. O primeiro destaque é os componentes com armas de fumaças abaixo na lateral. Outro ponto é os componentes fantasiados de tanques de guerras, onde eles se agachavam e se transformavam na figura militar. Detalhe positivo também da escultura do Dragão com traje de guerra, porém desenhado de forma mais infantil, indo na contramão da agressividade da criatura. Literalmente todo canto do elemento soltava fumaças.

Já a segunda alegoria “Festa Dionisíaca” usou elementos da mitologia grega para retratar uma festa nas ruínas. Por isso a utilização de pilastras desgastadas propositalmente, arcos, plantas. Em comparação ao abre-alas, a alegoria apresentou menos movimentação nas esculturas, apenas o fauno girava. Uma movimentação na parte detrás, com 9 componentes, também foi vista. Destaque para os centauros nas laterias.

“Comédia, costumes e a cômica sociedade” é o nome da terceira alegoria. O elemento aproveitou a irreverência dada pela proposta do setor pra trazer sátiras interessantes. Por exemplo, notou-se esculturas de Maria Antonieta, mulheres em pole dance, encenações de trechos das peças de molière e vikings comemorando. Um elemento com boa divisão de informações e bom aproveitamento do assunto. O material similar ao camurça foi bastante visto no elemento.

A alegoria seguinte “Humor em tempo de cólera” utilizou com ênfase as esculturas do Charles Chaplin. Todo setor foi criado baseado na peça do próprio personagem citado, “O Ditador, e por essa razão a escola trouxe bonecos nas laterais com muitas movimentações dadas por componentes. Porém, na parte direita, dois dos três bonecos não estavam devidamente amarrados e a movimentação ficou desigual. O carro todo lembrou um grande estúdio de cinema, com movimentação de câmeras na parte da frente e muitas peças de rolo de filmes antigos.

“O Riso cura”, que no caso é a última alegoria, foi a que mais se encaixou no tema, mas o que destacou foi a ousadia em questões do desenho e proposta. A começar pela grande escultura do Wellington Nogueira, mas não houve uma distribuição da cabeça com o corpo. Foi visto tambeém um enorme playground, aliado com o grupo cênico.

Outros destaques

A bateria do Mestre Tornado, Ritmo que Incendeia, teve uma postura de muitas bossas, não só abaixo da cabine de jurados. No recuo, por exemplo, toda a bateria se direcionou ao jurado e executou todo o repertório de bossas.

Outro destaque interessante ficou nas roupas da diretoria e harmonias. Eles vestiram um traje militar, separado entre vermelho e verde.

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