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Em live beneficente, Milton Cunha, cantoras e passistas das escolas defendem legado e arte do samba no pé

Milton Cunha reuniu passistas das escolas de samba, na tarde deste sábado, para a live “Passista Ajuda”. O site CARNAVALESCO foi parceiro e transmitiu o encontro.

“Estou muito feliz, porque são 40 presidentes de alas de passistas, desde a Sapucaí, Especial, até a Intendente. É a luta de manter samba no pé. Dedicaram a Ciro do Agogô, ou seja, tem história, tem cultura, tem luta, porque o samba ele é um traço característico do nosso povo e esses aí são os guardiões desse mistério do tambor corporificado. O corpo dessa gente vibra cultura e eu fico feliz que eles falam, pedem diversidade, respeito, falam das profissões. Acho importantíssimo no mundo do samba o Brasil ver que eles falam, que eles se colocam, que eles estão aí vivendo. Salve os passistas”, disse Milton Cunha.

Veja abaixo depoimentos de sambistas que estiveram na live. Eles falaram sobre a live, a luta pela sobrevivência na pandemia e a importância do passista nas escolas de samba:

Viviane de Assis: “A importância da inclusão é todos se sentirem iguais, de poder ter oportunidade de chegar aonde quiser, com respeito e dignidade, seja no samba, seja no trabalho, seja aonde for, é muito importante a inclusão em qualquer local, na escola, na vida. Dia 1º de Novembro estarei no Passista Samba no Pé, serei coroada rainha. No dia 25 de outubro estarei no Cristo participando de um evento de pessoas com nanismo, esse é o nosso dia, da luta contra o preconceito a pessoas com nanismo e no próximo carnaval, se não for em 2021, em 2022, serei enredo na escola de Niterói Experimenta da Ilha. Queria agradecer ao Milton Cunha, querido, principalmente, a minha escola, Viradouro, ao meu presidente Marcelo Calil pai e Marcelo Calil filho e a toda a família Viradouro”.

George Louzada: “Já venho recolhendo alimentos e fazendo doações desde o início da pandemia para os passistas e alunos. Desde abril eu e minha equipe na Mocidade e na Unidos de Padre Miguel estamos fazendo esse processo. Quando o Milton Cunha colocou em pauta esse projeto eu me vi no direito de somar com a minha força e das minhas alas de passistas visando um grupo maior. O intuito aqui é somar o maior número de passistas e ajudar o maior número de pessoas. É importante que cada diretor, cada coordenador se doe um pouquinho para pensar no próximo e aderir a ideia do Milton Cunha. Tenho um projeto chamado Passos da Zona Oeste, já estamos atuando há oito anos, em média, por ano, temos uns 200 alunos. Não faço testes para admissão nas minhas aulas, todo o passista que tem o sonho de ingressar na ala da Mocidade ou da Unidos de Padre Miguel ele precisa passar pelo projeto que é a base. Ali, a gente forma aquela pessoa e capacita ela para o carnaval porque tem muitas pessoas que tem o sonho de serem passistas, mas nunca foram passistas. O projeto está ali justamente para ensinar essa pessoa a se portar e se tornar um passista ou uma passista”.

Aldione Sena: “Meu coração é dividido ao meio, metade é verde e rosa e a outra azul e branco porque tenho história nas duas escolas. Histórias de longas datas de desfiles, em uma fiquei 22 anos e na outra 19, Mangueira e Vila Isabel. Comecei a desfilar muito nova, com seis anos de idade, hoje tenho 65 e estou aqui hoje porque como sou uma referência para esses passistas que estão aí, não podia faltar num evento desse, nem o Milton Cunha permitiria. É mais pela representatividade mesmo, estou aqui representando os passistas decanos, que são maravilhosos, e passar para essa garotada a persistência de lutar pela classe e pela cultura do samba no pé. Na minha época éramos considerados tapa buracos ‘passista só serve pra tapar buraco na Avenida’, houve uma evolução muito grande para isso. Hoje, os passistas não são mais tapa buracos, estão à frente das baterias das escolas, algumas ainda mantém eles atrás do carro de som. É um lugar horrível porque eles vêm ali respirando aquele gás carbônico, realmente para quem samba e agora tem que cantar, realmente é muito complicado. Mas devagarinho estamos chegando lá. Só essa mudança do passista não ser mais tapa buraco, já foi uma grande mudança, um reconhecimento dentro das escolas. Eles acabam de sambar, tem uma água para beber, tem a liberdade para se apresentar com os diretores, coordenadores. Estão com mais liberdade pra agir e poder mostrar o trabalho deles junto a ala, isso já é uma evolução”.

Junior Lima (diretor da ala de passistas do Império Serrano): “Esse projeto é incrível, com vários outros diretores de outras escolas. A ala de passistas é muito importante para todas as escolas, a gente precisa ser valorizado, respeitado e, ajudar nossos passistas. Nós diretores nunca deixamos de ser passistas é algo muito importante e muito maravilhoso. No Império coordeno a ala com a minha grande amiga Juliana Pinho, esse é o nosso segundo ano, espero que o segundo de muitos. Temos muitos projetos no Império Serrano, espero que essa Covid-19 acabe logo, temos um projeto de gafieira, futuramente queremos fazer um funcional pra trabalhar com o corpo, a aula de samba no pé que é muito importante, mas a gafieira nós queremos juntar com o tradicional e inovar e assim crescer no Império Serrano”.

Tina Bombom (Coordenadora e diretora de passistas da Inocentes de Belford Roxo): “A importância dessa live é grandiosa porque a gente sabe as carências que os passistas passam, principalmente, hoje com o baixo emprego. Você como coordenadora vira mãe, quer ajudar de todas as formas, e, infelizmente, você não tem como abraçar a todos. Qualquer tipo de ajuda, nesse momento, é muito bem-vinda. Essa live não é só pra nós, mas pra todos os passistas de todas as escolas, de todas as séries. O importante é a gente ajudar de alguma forma. As portas no Grupo Especial são mais fáceis de se abrirem. Quando você cita que é de uma escola, as pessoas infelizmente ainda têm aquela história de ‘que meu pavilhão pesa mais’. Isso não existe, o pavilhão tem que ser respeitado independentemente de Série A, Especial, somos todos sambistas, na hora de entrar na Sapucaí a função é a mesma. Se dedicar, dar o melhor, respeitar o próximo, ter samba no pé, que é o que a gente precisa ter. Tento fazer um trabalho com os passistas pra que eles não se sintam menores indiferente se estão no Especial ou no Acesso”.

Sandra Chocolate: “Fiquei desempregada na pandemia, como não tinha nada para fazer e gosto muito de maquiagem comecei a fazer cursos on-line. Agora que está dando esse tempo na quarentena, a pandemia não acabou, mas como está dando uma afrouxada na quarentena comecei a fazer outro curso presencial. Sou passista da Portela, guia de turismo e agora maquiadora”.

Nilce Fran: “A importância dessa live é o reconhecimento, trazer para o povo a energia do samba no pé, dar oportunidade, não só para a aparecer, mas para mostrar a grandiosidade do nosso trabalho, desse segmento maravilhoso. Apesar do compromisso, apesar do trabalho, porque é trabalhoso. Estar fazendo essa live e poder ajudar os nossos é muito importante”.

Cristiano (Coordenador de passistas U. da Tijuca): “A importância da live é muito grande, principalmente, pelo momento que estamos vivendo. A live está acontecendo para gente conseguir captar recursos e dar assistência aos menos assistidos. Muitos passistas, muitas famílias de passistas que estão vivendo em situação de dificuldade, porque muitos são dançarinos do samba, de profissão. Eles estão muito carentes. Nesse momento de pandemia resta a solidariedade. Se nós estamos aqui falando e se tem gente nos ouvindo é porque de certa forma somos privilegiados porque tem gente que não tem nada disso, não tem nenhum meio de comunicação, um teto, uma, casa. Não é algo que a gente ouve falar, todo mundo conhece alguém em situação de dificuldade como eu conheço muitas pessoas por conta do carnaval e por conta de cuidar de uma ala que tem no mínimo 60 pessoas. São 60 famílias, tive vários relatos de passistas com dificuldades, mas a Unidos da Tijuca teve distribuição de cestas básicas, de carne. A Tijuca fez esse movimento e dentro da ala de passistas conseguimos direcionar”.

Karinah (cantora): “A sensação de estar na live é de alegria, uma mistura de emoções, pessoas do bem. Milton Cunha é um homem que tem um coração muito grande, muito bondoso. Foi uma energia maravilhosa, de algo sublime. Todos esses passistas, essas pessoas queridas, é realmente uma sensação que só que está ali sente, isso o samba proporciona pra gente. A gente está passando uma fase muito complicada, acho que o mundo inteiro está passando por isso, mas essa comunidade, do sambista, do passista, dos músicos, a gente vem sofrendo muito porque realmente a dificuldade é muito maior, não pode ter aglomeração em lugar nenhum. A live é uma forma da gente poder contribuir fazer as pessoas ajudarem de alguma maneira, trazer um pouquinho de alegria, de conforto, de saber que eles estão sendo olhados, sendo cuidados, vistos. Essa é a principal causa dessa live, é a solidariedade. É o que realmente nos faz bem, fazer o amor, o bem ao próximo”.

Bruno Teté (Diretor social da Lierj): “Primeiramente a gente tem muito a agradecer ao Milton Cunha, que é o idealizador desse projeto, que começou no Baile dos Passistas, que aconteceu na Unidos da Tijuca, depois na Mangueira. Quando surgiu essa pandemia, nós que fazíamos parte desse Baile dos Passistas junto com o Milton, que já integrava a ala de passistas do Grupo Especial, da Série A e da Intendente Magalhães, conseguimos fazer uma grande harmonia, uma grande alegria como é nossa associação de velhas guardas, que todas são afiliadas. Essa integração é muito importante porque a baiana foi passista, a velha-guarda foi passista, aqui está a raiz do samba, está a nossa união, aqui está o samba pulsando vivo e que ele sempre resistirá. A Lierj foi a primeira entidade a iniciar ajuda durante a pandemia, juntamente com a Ação da Cidadania. Foi entregue uma tonelada de alimentos”

Flávia Saolli (Cantora): “Exaltar o passista e a passista no dia de hoje tem toda a importância porque precisamos exaltar a cada segmento de uma escola de samba e sem o passista qual seria a propriedade de uma escola de samba? É fundamental a gente exaltar os passistas, assim como as baianas, mestre-sala e porta-bandeira, sem o passista não tem samba”.

Carlos Rocha (Coordenador de ala da Imperadores Rubro Negro): “É uma visibilidade que a gente precisa ter e sermos reconhecidos também. Nós sabemos sambar e se apresentar. As pessoas têm que ter essa visão do samba sobre a gente”.

Milena Wainer (Cantora): “Essa live é muito importante. Eles precisam de ajuda sempre, mas antes tinham alguns shows, as escolas ajudavam, dependendo dos shows que eles faziam dava pra ter uma ajuda de custo pra eles. Infelizmente, por conta dessa pandemia, nem todo mundo conseguiu auxílio, então ter essa live é muito importante pra mobilizar, principalmente as escolas para que ajudem os passistas, não só eles, outros segmentos das escolas que também estão passando por dificuldade. Já vi gente de carro de som passar por necessidade. Agradeço muito ao Milton pela oportunidade por abrir as portar pra nós, por reconhecer que as mulheres também têm seu lugar no samba, que as mulheres podem ser o que quiserem no samba. Ele dar essa oportunidade pra gente foi muito importante pra gente, com certeza”.

Por Danilo Freitas e Rennan Laurente

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