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Entrevistão com Luiz Guimarães, vice da Vila Isabel: ‘O Grupo Especial deveria ter 10 escolas para elevar a qualidade do espetáculo’

Com apenas 21 anos de idade o filho do Capitão Guimarães, Luiz Guimarães já assume uma grande responsabilidade. Ser o vice-presidente da Unidos de Vila Isabel, sua escola de coração. O herdeiro do ex-presidente e grande benemérito da Liga recebeu a reportagem do CARNAVALESCO para a série ‘Entrevistão’. Franco nas respostas, Luiz reitera a necessidade de urgentes mudanças na estrutura da Liesa, defende que o marketing e o comercial sofram alterações e critica o atual modelo do curso de jurados. Apaixonado, admite que almeja a presidência da Vila e ressalta que dez escolas é o número ideal dez escolas para o Grupo Especial.

Quais são suas primeiras lembranças de carnaval?

“Eu acho que desde que consigo lembrar de memórias infantis me lembro de gostar de carnaval. Já dormi em contêiner quando meu pai presidia a Liesa. Me entendendo mais como pessoa, esse amor foi se solidificando. Acho que vontade de ter algo mais firme com o carnaval, no sentido de querer estar dentro, participar da direção, vem de 2013, no último título da Vila. A primeira vez que desfilei com camisa foi em 2012, aos 14 anos. Sempre fui Vila, apesar de ser de Niterói. Me apaixonei”.

Como é sua rotina na Vila, você é vice-presidente?

“São etapas ao longo do ano. No início do ano buscamos estruturar a casa, renovar e contratar novos integrantes. Nessa época eu estava quase todo dia. Agora eu venho três vezes na semana, pois não gosto de ficar interferindo no departamento de cada um. Procuro me inteirar de tudo”.

Você será presidente da Vila no futuro?

“Eu acho que esse ano estou tendo uma responsabilidade muito grande e já sinto na pele. O Marcelinho Calil da Viradouro sente muito mais que eu por ser presidente. Tem de estar presente em tudo. Mas o caminho é vir um dia presidente. Não falo ano que vem, daqui dez anos, isso pouco importa. Eu não tenho vaidades com nome de cargo. Se a Vila estiver trilhando o seu caminho certo estarei feliz. Investimento em escola de samba é sem retorno. É duro, mas é por amor”.

A Vila sempre teve um social forte. Vocês voltarão a investir nessa área?

“Buscamos primeiro a estruturação do departamento de carnaval, pois é como no futebol, é o nosso carro chefe. Estamos finalizando o centro odontológico na parte de trás da quadra. Vamos inaugurar um polo esportivo de lutas que terá o meu nome. Estamos com uma série de iniciativas e projetos. Eu também tenho o desejo de criar um centro de memória, já conversei com o pessoal do departamento cultural”.

Quais as ações da Vila no aspecto do marketing?

“A Vila hoje possui mais de dez parceiros comerciais. Empresas de porte grande, como a Nissan, a Itaipava. Esse é um processo longo de recuperação de credibilidade. A empresa para te apoiar precisa de uma contrapartida. Voltamos com nosso site oficial, criamos eventos, feijoadas. Temos um canal no Youtube, interagimos semanalmente com inserções. É o que podemos fazer dentro de nosso campo. A Liesa como detentora única pode explorar de uma forma melhor”.

O que você acha mais urgente mudar no carnaval?

“Os valores astronômicos nos custos de camarote eu não acho justo. Precisamos rever a logística do Sambódromo. Sei que é um custo alto, mas a Liesa precisa controlar o Sambódromo ou então levar para governo estadual. Temos escolas que não são da capital e desfilam. Quem vai ali vê o estado de abandono. Tem roubo, pessoal leva tudo. É complicado. É preciso um zelo maior pelo palco da festa. Penso que temos escolas demais no Especial. Eu não vejo um grupo com 14 escolas em igualdade de condições. Penso que 10 é o formato ideal. Nenhum espetáculo do mundo com potencial grande dura mais que seis, sete horas. É cansativo. Você engrandece o acesso com esse remanejamento. Além da questão da verba, é matemática. É culpa das próprias escolas também. Buscar novos parceiros também acho importante”.

Como atrair um público mais jovem para o carnaval?

“Penso que não só as escolas de samba, mas o Brasil como um todo explora mal sua cultura. Na Argentina em qualquer esquina tem uma casa de tango. Aqui não tem uma casa de samba bem feita, com boa exploração turística. Precisamos mudar isso. Acho que precisamos expandir, buscar novos públicos. Eu acho que para a avenida já levamos novos públicos. Acho o boca a boca importante também. Muita gente não tem o conhecimento e o acesso ao que é uma escola de samba. É apaixonante”.

Você crê em mudanças na Liesa? Quais?

“Eu acredito sim. Converso bastante sobre isso com meu pai. Privatizar o carnaval no sentido de vendas e marketing. E o operacional seguir com a Liesa, pois ela faz muito bem. Eu penso que a forma com que o curso de jurados é ministrada também é incorreta. Acho que o treinamento deveria ser o ano todo. O centro de memória da Liga tem uma sala com TV. Podia seguir o que faz o curso da CBF. Realizar mais debates, reestruturar os quesitos. Ouvir quem sabe, diretor de carnaval, mestres de bateria, carnavalescos. Isso só viria a somar. Fazer tudo em duas datas eu acho difícil entender. Tem que ser mais profissionalizado. Penso também que alguns quesitos o jurado tem 30 segundos para analisar, só quando a escola está ali passando. Por que não o jurado visitar o barracão, para o carnavalesco explicar o projeto? Às vezes você tem uma alegoria muito boa e tira 10 e uma ruim tira 9,9. Tem quesito que deve ser analisado antes. Existem quesitos que não são comparativos”.

Você conversa sobre suas ideias com seu pai? Ele é aberto?

“Muita coisa meu pai fala que já pensou. Brinca comigo dizendo que não estou descobrindo a pólvora. É uma troca de conteúdo em prol do carnaval. É bom para mim e para ele acho que é legal também”.

O que você sentiu com aquele desfile de 2014 da Vila?

“Eu não tinha muito conhecimento do que estava acontecendo. Foi uma surpresa muito grande. Eu não tinha a inserção que tenho hoje na Vila. A administração que estava sempre disputou, desde que subiu. Foi muito surpreendente. Meu pai tomou a posição de tentar mudar, mas mesmo assim ele não quis entrar de fato, pois eu ainda era menor. A escola não se encontrou com os presidente que se seguiram. Depois o Bernardo entrou e ajudou bastante. Hoje a Vila só tem 10% de dívidas. Estamos no caminho. A administração teve méritos mas se perdeu em determinada altura”.

Como é o trabalho para recuperar o componente da Vila que se afastou?

“De 20 a 30% dos componentes atuais estavam naquele melhor momento da Vila. Chão e comunidade é um trabalho a longo prazo. Estou gostando muito de nosso desempenho, mas tenho certeza que aos poucos vamos chegar no resultado que a gente quer. Foi um trabalho difícil. Chamamos lideranças da comunidade e explicamos que a mudança era real. É delicado e duradouro. Daqui a dois, três anos voltaremos àquele patamar anterior”.

O que você mudaria no julgamento do carnaval?

“Acho que alguns quesitos precisam de revisão. Ideias são para serem pensadas e discutidas. Eu defendo a volta do conjunto. É o todo da escola. Alguns julgamentos podem ser feitos na hora. Visitarem os ensaios, sentirem o clima das escolas. Não pode se deixar levar por questões apelativas em alguns enredos. Não vejo com bons olhos. Os quesitos da parte plástica é fundamental o cara visitar os barracões”.

O Carnaval 2018 foi uma frustração?

“Sempre fui um grande fã do Paulo Barros. Tentei trazer ele outras vezes sem sucesso para a Vila. Mas a minha frustração foi muito grande. Fiquei chateado. Não posso culpar ele, quem sou eu para criticar ele? O carnaval dele no barracão você não tem muita noção. Mas na avenida não aconteceu. A roupa do casal teve interferência dele. Ele teve toda a estrutura necessária e a minha expectativa não se concretizou. Eu estou feliz de vê-lo na Viradouro. Eu acho que na Vila não deu certo. A troca para mim foi positiva. O Edson é muito capacitado e o seu estilo de carnaval me agrada mais. Pretendo mantê-lo aqui 20 anos no mínimo”.

O que você gosta de fazer nas horas de lazer? Vai seguir qual carreira?

“Eu faço Direito. Trabalho com meu pai, toco outros negócios. Gosto de curtir a vida, aproveitar aquilo que a vida pode nos proporcionar. Curto futebol, sou torcedor fanático do Fluminense, sou sócio, acompanho de perto”.

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