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Entrevistão com mestre Rodney, da Beija-Flor: ‘a justificativa da falta de criatividade deveria cair’

Em 2020 o mestre Rodney completa 10 anos como comandante da bateria da Beija-Flor. Após assumir em meio a uma crise no segmento, após a desavença entre Paulinho e Laíla, Rodney provou sua capacidade e transformou a bateria da Deusa da Passarela em uma das referências no Grupo Especial. O mestre conversou com a reportagem do CARNAVALESCO para a série ‘Entrevistão’.

O mestre criticou os julgadores do quesito que sempre usam a justificativa da falta de criatividade para punir os mestres. Ele também fez um balanço desses 10 anos e citou Laíla e Neguinho da Beija-Flor como padrinhos. Incisivo, afirmou que a manutenção do ritmo e do andamento são mais importantes que paradinhas e coreografias dentro de uma bateria.

Hoje, a gente já pode falar. Qual foi seu maior medo quando assumiu a bateria?

“Medo que todo mundo tem, de não ser capaz de conduzir. Graças a Deus a escola confiou em mim e me deu oportunidade. Dez anos depois posso dizer que venci, graças à ajuda dos meus ritmistas, dos meus diretores. Acho que o trabalho está aí para quem quiser ver”.

E qual foi a maior mudança da bateria no seu comando para o mestre Paulinho?

“Eu acho que foi o aproveitamento da prata da casa. O nosso projeto de formar novos ritmistas nos deu uma gama enorme de novos integrantes. Eu posso afirmar que 98% da nossa bateria hoje é formada por oriundos da nossa escolinha. Isso é um ganho espetacular”.

Laíla foi fundamental para sua chegada. O que você aprendeu com ele e o que pode falar dele?

“Aprendi muita coisa com ele. A oportunidade mais importante da minha vida foi me dada por ele e pelo Anísio. Posso dizer com toda humildade? O pouco que eu sei eu aprendi com o Laíla. É um mestre para mim e muita gente. Estou aqui graças a suas broncas e hoje estamos no rumo certo”.

Como você define o ritmo praticado pela bateria da Beija-Flor e qual BPM (batidas por minuto) preferido?

“Somos uma bateria afinada e suingada. Cada samba possui uma característica de andamento. A cada ensaio a gente busca fazer ajustes para encaixar o andamento mais confortável. A estrela é o samba-enredo. Até o último ensaio antes do desfile a gente pode mudar o andamento. É uma constante de análise”.

Como é para você trabalhar com o Neguinho da Beija-Flor?

“É tudo de bom. Ele também me deu muito apoio. Neguinho está a cada dia melhor, e ajuda muito a gente no trabalho da bateria. Temos um entrosamento perfeito com ele, além do canto da escola. Que bom que temos o Neguinho junto com a gente”.

O que gostaria de mudar no julgamento do quesito bateria?

“A primeira coisa que eu iria extinguir é justificar uma nota diferente de 10 com ‘falta de criatividade’. Eu acho essa explicação a maior falta de criatividade que existe no carnaval”.

Vivemos um momento de alto nível das baterias do Especial, inclusive, com a entrada da garotada. Qual sua análise desse momento das baterias?

“Todos os mestres são musicistas. Eu fico muito feliz. Eles chegaram com todos os méritos. Os meninos do Salgueiro, os meninos da Ilha, o Fafá. Quem ganha com isso é o carnaval. Hoje em dia o sarrafo para você tirar 10 está muito elevado e eu acho isso muito bom”.

Rodney é contra ou a favor das paradinhas? E o motivo?

“Eu acho que a convenção é um recurso. Eu acho que não pode ser algo que seja determinante no quesito. Se torou uma obrigação. Todas as baterias fazem e nós também fazemos”.

Você tem ao seu lado a Raissa. Fica mais fácil para o mestre ter a rainha da comunidade e que conhece tudo na escola?

“Estou com ela desde o início. Ela é rainha na acepção da palavra. Quando ela estava grávida sempre ligava para a gente, perguntava como estavam os trabalhos. Raíssa é uma rainha mesmo”.

E coreografias a bateria da Beija-Flor um dia vai fazer algo e por que não faz?

“A gente fez em 2013 e 2014. Se for necessário eu farei. Mas aqui o principal é a sustentação do ritmo mesmo”.

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