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‘Entrevistão’: Lucinha Nobre abre o coração e fala da relação com Dudu Nobre, a Mocidade e a Portela

Por Victor Amancio

Veterana entre as portas-bandeiras, Lucinha Nobre é um dos grandes nomes do quesito. Passando por escolas como Mocidade e Unidos da Tijuca, hoje, a porta-bandeira defende as cores azul e branco de Madureira, lugar em que ela pretende seguir até o fim de sua carreira. Referência e precursora da técnica do bailado de casal, Lucinha coleciona notas máximas e segue fazendo um grandes carnavais. A porta-bandeira conversou com a reportagem do site CARNAVALESCO para a série ‘Entrevistão’ e falou do seu amor pela Portela, sua relação com a Mocidade e sobre os grandes carnavais de sua trajetória.

Você tem um faro impressionante para descobrir talentos. O Marlon já é uma realidade?

“Eu acho que o Marlon está numa crescente surpreendente, a maturidade dele está chegando muito rápido e acredito que seja por conta da grande responsabilidade. Ele está se saindo muito bem, fico feliz por ele, não somente pelo profissional mas pelo ser humano também devido as coisas que ele passou no início, se saindo muito bem, os lugares onde ele está conseguindo chegar com respeito e tranquilidade. Não é fácil mudar o curso da vida, ele veio de São Paulo, mudou a vida inteira para buscar um sonho e graças a Deus deu tudo certo, está dando, nesses 4 anos juntos. Estou muito feliz com o desenvolvimento dele pessoal e profissional”.

Embora você tenha começado em outra escola você criou uma identificação enorme com a Portela. Pretende encerrar a carreira na escola?

“Com certeza! Eu sei que não podemos fazer planos muito além, pois não é a gente que decide. O que eu posso dizer hoje é que me sinto muito bem aqui, é uma escola que aprendi a amar, é um lugar onde eu sempre tive vontade de voltar, todo mundo sabe, e aconteceu, fui convidada num momento muito bonito da escola, cheguei para comemorar um título. Fico muito honrada de ter ganho essa alegria e oportunidade”.

Mais de 20 anos depois como você vê aquele desfile na Mocidade onde você passou o desfile praticamente inteiro na ponta do pé?

“Eu gosto, de vez em quando eu assisto. Esses dia assisti uma entrevista do Jornal Nacional em que a gente falando sobre. Eu acho que foi um marco, até hoje as pessoas comentam, foi muito bacana. Eu e Renato falamos sobre isso, foi bem feito. Sinto saudades daquele momento. Acredito que se fosse hoje em dia eu faria melhor pois tenho mais experiência mas ao mesmo tempo o corpo e a capacidade que eu tinha antes é diferente de hoje. Foi uma fase muito bonita”.

Se você tivesse a chance o que você mudaria no quesito Mestre-Sala e Porta-Bandeira?

““Eu gosto do jeito que é. Se eu pudesse talvez pediria para justificar o 10. É muito subjetivo, as vezes a gente ganha a nota máxima, ou não, e o que você acha que tem que melhorar não fica muito claro. A gente perde ponto e não consegue entender muito bem o motivo. Acredito que justificar o 10 seria bom”.

Chama muito a atenção de todos sua relação com seu irmão. O que você pode falar do Dudu como pessoa e claro na parte artística?

“Como artista eu sou fã número um. Se vier falar mal ou se eu ouvir, eu brigo. Sou muito fã do trabalho dele, quando ele faz um samba ele manda para minha aprovação, a gente debate. Já aconteceu de coisas que eu sugeri entrarem em determinados sambas. Ele é muito inteligente, muito capaz. Como ser humano, pessoa, eu fico surpresa com a capacidade que ele tem de realização. Dá conta de quatro filhos e eu com um fico louca, uma mãe que ele super dá atenção, uma irmã que ele cuida muito. Conseguimos nos falar todos os dias e ele consegue me dar atenção, está sempre disponível para me dar um conselho. Eu acho estranho pois as pessoas tratam nossa relação como se fosse muito anormal mas fomos criados assim”.

Em um tempo onde há muita vaidade você e Selminha nutrem um carinho grande mútuo. Fala dessa amizade.

“Nos conhecemos há muitos anos e nossa amizade já passou por momentos em que as pessoas tentavam fazer intrigas dizendo que ela falava isso ou aquilo de mim e vice-versa. Sempre resolvemos conversar. Eu conheci a Selminha passista ainda. Hoje em dia, acho muito bacana, eu sou da noite e ela do dia, que as vezes ela está acordando e eu indo dormir mas a gente se fala, vejo que ela está online e conversamos. Nos falamos semanalmente, ela me apoiou muito quando parei de dançar, dizia que eu deveria voltar e sendo a Selminha Sorriso não precisava fazer isso. Ela me estimula, me inspira e me apoia. Fico muito feliz vendo que mesmo com a reviravolta que a vida deu ela está muito feliz. Ela merece, é um ser de luz e gosto de ter por perto. Eu sempre que posso falar com ela mando mensagem, áudio, antes do desfile ou depois, agora estou falando dela aqui e mais tarde vou falar para ela que falei sobre nossa amizade. É uma amizade muito bonita e eu acredito que deva servir de exemplo nesse meio tão cheio de vaidade. Ninguém precisa
desmerecer ninguém para brilhar”.

Você acredita que falta união entre a classe?

Lucinha: “Não só entre a classe. Dependendo do momento em que você está não vale mais a pena ficar alimentando rivalidade, discutindo por bobeira eu acho que a minha geração passou dessa fase. É diferente das meninas mais novas, não tenho muito contato. Tenho carinho e respeito pela menina da Grande Rio, a Taciana, acho que dança demais mas não é uma pessoa que tenho intimidade, não convivo com ela. É diferente de Rute, Giovana, são pessoas que eu vivi por muito tempo. Eu sinto entre as ‘veteranas’ é que estão todas amadurecidas, de bem com a vida, feliz, cada uma ocupando o seu espaço. Não tem mais aquela coisa de competição que tinha alguns anos atrás e até o público aprendeu a respeitar as características de cada uma. Dá para gostar de mim e da Giovana por exemplo, sem briga de quem é a maior ou a melhor. Somos todas maravilhosas”.

Como você viu essa polêmica da Corte? Você até se posicionou em rede social. Considera que ela está sendo alvo de preconceito?

“Eu infelizmente acompanhei. Eu vi o Marlon sofrendo muito preconceito também. Eu prefiro não ler, não me influenciar porque as pessoas atrás do computador elas estão cobertas de uma verdade, uma autoridade que no mundo real não existe. Estou bem afastada até pela falta de tempo mesmo. Eu trabalho no concurso há muitos anos, o primeiro concurso que eu participei foi em 2002, a Chélida que ganhou, e logo no ano seguinte ganhou uma paulista, a Amanda. Esse ano foi o primeiro ano desde 2002 que não fui na final. Na final eu estava muito apertada e não teria aquele começo meu e do Marcelinho preferi não ir. Eu gosto muito da Vivi, muito da Deisiane e sou apaixonada pela Amanda. Camila pra mim é um acontecimento, estive com ela em Cabo Verde, onde chegava uma humildade, uma pessoa respeitosa, sabia se posicionar até no café da manhã. Eu fiquei muito triste com o que aconteceu, até por que veio de pessoas que eu gosto muito e que tenho carinho e segundo que é tão desnecessário. Se fosse assim eu não poderia estar dançando com o Marlon, olha quantas alegrias ele já trouxe para Portela e para o carnaval do Rio de Janeiro. Temos outros tantos personagens: Pinah é mineira por exemplo. O carnaval é tão amplo, acho desrespeitoso até com quem vem, temos gente do país inteiro que junta dinheiro o ano inteiro, tem gente que vem de países do mundo inteiro. É muito triste”.

Você se considera a precursora da técnica no bailado do casal?

“O tempo diz. Quando eu entrei na dança já fazia balé, para mim, eu via ligação, quando eu tinha seis anos de idade, foi quando eu quis virar porta-bandeira. Eu falei para minha mãe que era muito fácil, era debulê, eu já tinha a visão do balé. Hoje em dia eu fico muito feliz em ver em que todos os casais tem ensaiadores, porque tem que ter alguém para ver de fora para colocar você numa posição. Gerou empregos, por exemplo a Vivi que está com a gente neste carnaval, ela não chegou a virar uma grande porta-bandeira mas é uma grande ensaiadora. Tem bailarinas que gostariam de ter sido porta-bandeira e hoje são ensaiadoras. Ajuda muito na linha, eu vejo o casal da Grande Rio, os dois fazendo balé e quando eu era mais nova tomava tanto esporro de porta-bandeira mais velha dizendo que eu estava desrespeitando. Hoje em dia quando vejo um casal com noção de dança clássica, pela linha de movimento, é muito mais bonito. Eu fico muito feliz com isso e hoje tem outras coisas como o respeito, o salário estar em dia, sobre as nossas necessidades como sapatos, roupas que são coisas que quando lá trás eu falava fiquei com fama de arrogante e difícil. Hoje em dia essas mesmas pessoas reconhecem que minha caminhada foi importante para o todo”.

Como foi representar a Clara com uma semelhança impressionante? Quando você se viu pronta na primeira vez o que sentiu?

“Eu achei muito parecida, eu estudei muito a Clara. A diretora do filme da Clara me deu o link do filme com a senha e eu via praticamente todo dia. Depois descobri uns momentos dela numa turnê no Japão, onde ela parecia estar muito feliz. Os momentos dela de desfile, as fotos. Eu ensaiava o sorriso dela que era completamente diferente do meu, ela era tinha uma coisa de calmaria que eu não tenho. Mas já na caminhada e até da outra vez que eu passei pela Portela as pessoas diziam que eu me parecia com ela, ouvia muito isso. Tia Surica dizia que eu tinha até o jeito dela. Eu sempre gostei dela, não foi difícil, só precisei focar para pegar o sorriso dela, levantar o braço do jeito que ela levantava enquanto cantava. Foi muito bonito. Meu irmão não sabia e chorou muito quando viu. Eu nem cheguei muito perto das pessoas que eu conhecia pois elas estavam chorando muito e eu não queria chorar durante o desfile. Outra coisa é que ela usava pouca maquiagem, então quanto menos maquiagem eu usava mais parecida eu ficava e isso foi um desafio porque eu gosto de maquiagem”.

Em que lugar está hoje a Mocidade no coração da Lucinha Nobre?

“Hoje, nesse momento a Mocidade vai falar de Elza. Me pegou de surpresa porque sou muito fã da Elza. Desde que eu sai da Mocidade eu não assisti nenhum desfile. Não sinto nada. Não tenho relação nenhuma. Tem gente que diz que não posso olhar as pessoas e sim a escola, mas o problema é que a Mocidade que eu conheci não existe mais. Esse ano eu estou até curiosa e acho que vou assistir o desfile. Se eu estiver na Sapucaí eu vou assistir. É Elza, uma das minhas três paixões”.

E como é trabalhar com Renato Lage e Marcia Lage? Aliás, como é a sua relação na construção das fantasias?

“Eu sou obediente. Eu adoro o Renato, adoro a Márcia, são pessoas fundamentais na minha vida que me ajudaram no começo, que me conhecem desde sempre, o Renato até antes. Está sendo bacana, Renato é inteligente demais, é engraçado e a forma como ele apresenta os projetos com animação. Ele tem acompanhado o processo de criação da roupa, estou muito feliz de trabalhar com ele, sou fã. Sempre tive vontade de trabalhar com ele mais velha, antes eu era muito menininha. Está sendo bacana”.

Qual foi o desfile da sua vida e qual você não gostou?

“Essa pergunta não tem resposta. O desfile da minha vida são vários, não tem como escolher um só. O que eu menos gostei sem dúvidas foi o último na Tijuca, em 2009. Era uma roupa com a cor que eu não queria, a minha relação com a escola estava muito delicada, a minha relação com o processo de produção da roupa não foi legal, o resultado também não. Pensar em um que não gostei foi esse. Dos que eu gostei, na Portela, 2011 eu amo, apesar do fogo a roupa era muito linda, foi um desfile de renascimento depois de tudo que passamos no barracão. O ano de 2012 eu gosto muito. Dos antigos eu gosto de 1996. Tem o de 1995, que foi um desfile difícil de fazer, ficamos muito tempo em pé esperando resolver o problema da escola. Não dá para escolher um só, seria injusto. Gosto muito do desfile de 2006 da Tijuca, 2008 que foi o ano da fada. Difícil, eu gosto da minha carreira, graças a Deus tenho mais acertos do que erros. Trabalho muito para no final dar tudo certo, óbvio que a nota importa mas eu quero olhar, me orgulhar e me sentir realizada com o que fiz”.

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