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Grande Rio doará prótese para passista que teve braço amputado em internação para retirada de mioma

A Acadêmicos do Grande Rio doará uma prótese para a passista Alessandra dos Santos Silva, de 35 anos, que teve o braço amputado durante internação para a retirada de um mioma. A informação foi revela ao site CARNAVALESCO pelo presidente de honra da agremiação, Helinho de Oliveira, e pela passista, nesta quinta-feira, durante a leitura da sinopse do enredo para o Carnaval 2024.

Alessandra dos Santos com integrantes da Grande Rio. Foto: Raphael Lacerda/CARNAVALESCO

Alessandra foi homenageada pelos presidentes da escola de Caxias com um buquê de flores e convidada a compor a mesa da leitura da sinopse de 2024. Durante o discurso de homenagem, o presidente Milton Perácio disse que ela seguirá na ala de passistas.

Ao CARNAVALESCO, Helinho contou que a Grande Rio ofereceu apoio jurídico para Alessandra e apoiará a passista no que for preciso. O presidente da escola disse esperar que haja punição e explicou a doação da prótese.

“A Grande Rio se sentiu muito triste. Fizemos aquele desfile a todo momento pensando nela e conversando com a família. Demos todo apoio jurídico. Ela trabalhava com o seu próprio salão de beleza e agora como é que vai fazer? Quem fez tem que pagar. A Grande Rio vai estar junto com ela para o que der e vier. A escola faz questão de arcar com isso (prótese). A escola vai dar a prótese e fazer tudo que for preciso. É merecido, ela é uma estrela nossa, é a nossa artista. Todas elas são nossas artistas daqui de Caxias. Como vamos esquecer uma pessoa dessa? Não temos dúvidas – nem gosto de ficar divulgando – mas ela sabe que a Grande Rio está com ela para o que der e vier”, disse Helinho.

Se recuperando e com o psicológico bastante abalado, Alessandra agora tenta se aceitar e sair de casa. A passista recebeu alta em abril, após meses de internação, e atualmente faz sessões de fisioterapia para recuperar os movimentos da mão. Impedida de trabalhar e com sequelas da anestesia, a passista contou que não teria condições para comprar uma prótese. Segundo ela, o processo de aceitação está sendo difícil.

Alessandra dos Santos foi homenageada na Grande Rio. Foto: Raphael Lacerda/CARNAVALESCO

“Ainda não estou 100%. Estou tendo que fazer fisioterapia em casa e também não posso ficar muito tempo em pé. Estou me recuperando aos poucos. Eu não tenho nem palavras para agradecer o que eles estão fazendo por mim. É uma coisa (prótese) que eu não poderia comprar mesmo, porque é bastante cara. Eu fui pesquisar e a mais barata custa R$ 10 mil. Quem está oferecendo a prótese é a minha escola, o meu presidente Helinho. Eu, como pobre – que era trancista e implantista e não posso mais trabalhar com a minha profissão e não tenho outra. Meus dedos ficaram dormentes por conta da anestesia e eu estou tendo que fazer fisioterapia. A prótese não vai devolver o meu braço, mas esteticamente e falando como mulher e passista, ela vai melhorar muito o meu psicológico. Até eu me acostumar a me olhar da forma que me encontro hoje… está sendo muito difícil. Eu fiquei boa parte do tempo em coma. Depois que eu acordei, a minha diretora (da ala de passistas) Marisa Furacão sempre me perguntava se eu estava precisando de medicamento ou de alguma outra coisa. Ela e a irmã dela, às vezes, iam à minha casa. A assessoria da escola também ficou em contato para saber como estava a situação sobre médicos, hospital…”, afirmou.

Há 19 anos na agremiação caxiense, Alessandra começou na ala da comunidade e tentou ir para a ala de passistas por cinco vezes – quando recebeu o convite do presidente Milton Perácio. Uma relação de amor entre ela e Grande Rio que surgiu durante as disputas de samba.

“O meu amor pela Grande Rio veio aos poucos. Começou com escolha de samba – eu comecei a vim junto com o meu vizinho. Nisso eu me apaixonei por ver a torcida, aquelas mulatas lindas e maravilhosas sambando na minha frente. Daí eu falei: eu quero isso pra minha vida. Eu amo muito essa escola e o pessoal da comunidade. Essa comunidade é um povo que sai todo mundo correndo do trabalho, vem direto do trabalho ensaiar com uma imensa alegria. É amor”, comentou.

Seguindo como passista para o próximo carnaval, Alessandra pensa agora na expectativa para o próximo desfile. Ela comentou sobre a decisão da diretoria que a manteve na ala: “dar valor para quem é da comunidade”.

“Escola de samba é isso: dar valor pra quem é da comunidade. Eu estou muito feliz com essa notícia de que vou continuar na ala, porque não é fácil ser passista não. Eu me inspiro em muitas dessas passistas – que crescem na comunidade e estão lá ensaiando com sol e chuva. Eu só tenho que agradecer esse reconhecimento de poder continuar na ala e receber essa homenagem hoje”, ressaltou.

Alessandra operou no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, que faz parte da rede estadual de saúde. Ela afirma não ter recebido nenhum suporte do hospital e do poder público. A passista vive, agora, com a ajuda de uma vaquinha.

Foto: Raphael Lacerda/CARNAVALESCO

“O Hospital da Mulher até agora não entrou em contato comigo em momento nenhum. Eles disseram, em uma das entrevistas, que iriam entrar em contato comigo, mas até agora nada. Ninguém ligou pra gente para dar apoio nenhum – nem psicológico, prótese, nada. Fisioterapia estou fazendo por conta própria. Fizeram uma vaquinha para mim e as pessoas estão me ajudando – todo mundo que você possa imaginar do mundo do carnaval e da festa junina – porque eu danço lá também. Essa vaquinha que está me ajudando financeiramente, porque eu não estou trabalhando e a minha mãe não é aposentada. Do Poder Público, ninguém me ofereceu ajuda. Coloquei na Justiça e o caso está em andamento’, afirmou Alessandra.

A Fundação Saúde, órgão ligado ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, instaurou uma sindicância para avaliar os procedimentos realizados no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, na Baixada Fluninense. A Polícia Civil, através da 64ª DP (São João de Meriti), investiga o caso.

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