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Império da Tijuca faz seu melhor desfile desde 2014 e pode sonhar com o título da Série A

Por Diogo Sampaio. Fotos: Allan Duffes

Mesmo com um samba contestado, o Império da Tijuca surpreendeu nos quesitos de chão e fez seu melhor desfile em harmonia desde o “Batuk”, em 2014. A ousadia dos mestres Julio, Jordan e Paulinho à frente da Sinfonia Imperial, aliado a uma ótima performance de Daniel Silva, foram fundamentais para o sucesso da apresentação. A comissão de frente de coreografia visceral foi outro grande destaque da escola.

No entanto, mesmo funcionando muito bem durante a passagem, o samba-enredo, além do quesito enredo, devem ser o grande calcanhar de Aquiles da agremiação. A verde e branco do morro da Formiga foi a penúltima escola a desfilar no sábado de carnaval da Série A, e apresentou o enredo “Império do café, o vale da esperança” em 54 minutos.

Comissão de frente

A comissão de frente assinada por Júnior Scapin veio com a fantasia “Celebração aos deuses pela colheita do café”. Os integrantes representavam escravos que trabalhavam nas lavouras, e suas vestimentas eram mais realistas, sendo mais próximas de um figurino, propriamente dito, do que de uma fantasia carnavalizada.

A coreografia mesclava passos muito bem marcados com muita teatralização. O ponto ápice da apresentação acontecia quando uma das escravas ia ao centro e arrancava sua roupa na parte de cima, deixando os seios à mostra, enquanto os outros bailarinos a rodeavam e a arrancavam a ‘pele’ com as unhas.

Mestre-sala e porta-bandeira

Com a fantasia de nome “Omi dundun – Tributo ao povo”, o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Renan Oliveira e Gleice Simpatia, fizeram a sua estreia juntos. Com uma fantasia rica e cheia de detalhes em pedraria, os dois realizaram uma apresentação segura e priorizando coreografias de acordo com o samba. E apesar de ser o primeiro ano da dupla, demonstraram bastante sincronia e cumplicidade na dança.

Harmonia

Com um canto impressionante, os componentes foram responsáveis por uma harmonia impecável. O samba criticado aconteceu na Avenida, e chegou a ser cantado até por pessoas nas arquibancadas.

Evolução

O sucesso do samba permitiu uma evolução também impecável. A escola não correu, nem abriu clarões ou buracos durante as suas passagens pelos módulos julgadores. As alas evoluíram soltas, com componentes visivelmente empolgados.

Samba-enredo

O controverso samba-enredo gerou polêmica no pré-carnaval da agremiação. A obra foi duramente criticada por enaltecer em seus versos o agronegócio, importante válvula propulsora econômica da região do Vale do Café nos dias atuais. No entanto, com o excelente desempenho da bateria e do carro de som, a obra funcionou na Marquês de Sapucaí do início ao fim do desfile. Voz oficial do primeiro Império do Samba, Daniel Silva defendeu com maestria e incendiou ainda mais o canto da comunidade.

Enredo

Após falar da cidade de Vassouras na União de Jacarepaguá em 2014, o carnavalesco Jorge Caribé revisita a temática ao abordar, dessa vez, não só um município, mas todo o Vale do Café. O enredo “Império do café, vale da esperança” aborda a região no passado, na época da glória das fazendas que cultivavam o grão, e atualmente, com o turismo dos antigos casarões e o progresso do agronegócio.

Falta ao enredo um fio condutor ou um recorte mais preciso. Isso dificulta a sua compreensão e leitura pelo expectador, sendo um ponto fraco do Império da Tijuca.

Alegorias e adereços

Apostando em uma proposta estética diferenciada, comparado aos últimos trabalhos assinados por Jorge Caribé, o conjunto alegórico do Império da Tijuca apostou em materiais mais clássicos e típicos da festa. Os carros eram grandes, com bastante volumetria e esculturas, além de apresentarem um excelente acabamento. Entretanto, a escola deve perder ponto no primeiro módulo de julgadores, pois uma das esculturas do terceiro carro despencou a cabeça no lado esquerdo.

Fantasias

As fantasias, assim como os carros, apostaram em materiais mais clássicos. Simples e de fácil compreensão, elas eram bastante leves e permitiam uma evolução solta do componente. Apenas uma ala apresentou falha ou dano no figurino, que foi a de número 14, chamada “Artesanato”, em que alguns integrantes vieram com os vasos do costeiro, pendurados ou simplesmente sem eles.

Bateria

A bateria Sinfônica Imperial desfilou simbolizando “Os foliões”, remetendo a Folia de Reis, evento cultural de grande importância no Vale do Café. Os ritmistas fizeram várias bossas e convenções durante a passagem pela Sapucaí, algumas bem ousadas até, e com boas respostas do público.

Outros destaques

O Império da Tijuca trouxe em seu desfile o maior contingente de destaques, entre todos os grupos, de todo o carnaval carioca. Ao todo, a verde e branco trouxe um total de 28 destaques. Entre eles, esteve a porta-bandeira da Beija-Flor de Nilópolis, Selminha Sorriso, que fez seu quarto desfile pela escola. Sua fantasia se chamava “O ouro negro na força de Oxum” e se tratava de um dos semi-destaques da primeira parte do acoplamento do abre-alas.

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