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Irmã de Marielle ressalta poder dos enredos e diz que revolução tem que partir do povo negro

Escola do Grupo de Acesso do carnaval de São Paulo, a Mocidade Unida da Mooca presta uma homenagem a Abdias do Nascimento, artista ativista da população negra. Entre as grandes personalidades presentes nas atividades da escola motivada pelo enredo, a irmã de Marielle Franco, Anielle Franco, gravou o clipe com um poema em forma de protesto.

O enredo “A Ópera Negra de Abdias Nascimento” é reflexivo e representativo. A cultura negra é abordada através da história de Abdias, mas com ligações entre o passado e o presente. Em entrevista ao site CARNAVALESCO, Anielle comenta a importância da abordagem desses assuntos e afirma que revolução parte do povo negro.

“A gente vive num país que quase todo dia tem um jovem negro assassinado, principalmente, no Rio de Janeiro. A cada um ou dois dias tem uma intervenção militar em uma área de risco. Um jovem negro e favelado está sendo morto a cada dia. Ou a gente começa a fazer essa revolução a partir do povo negro, ou a gente não vai conseguir mudar nada. Abdias foi um dos primeiros autores que eu li com a minha irmã sobre negritude, e estar aqui representa muito. Pra mim tem todo significado”, disse Anielle que acrescenta: “É emocionante qualquer homenagem que vem assim pra ela, acalenta um pouco a gente”.

O presidente da Mocidade Unida da Mooca, Rafael Falanga, explica motivos que levaram a escola abordar o tema.

“A gente vive um momento no país muito complicado, é um enredo necessário. O tema veio do carnavalesco André, e a gente nem quis ouvir as outras propostas. É o momento do país que está fazendo a gente dar esse grito contra o racismo, contra o que assombra povo negro. Escola de samba é mensagem, e nós somos os mensageiros do povo negro”.

Rafael também comenta sobre motivos que levaram convidar Anielle, e conclui que irmã de Marielle tem o “perfil ideal”.

“Ela vive na pele, talvez, seja uma das pessoas que tenha mais propriedade pra contribuir pra esse enredo, que é um grito contra o racismo, preconceito, genocídio, feminicídio. Nós encontramos nela o perfil ideal, ela aceitou de prontidão e estamos aí”.

Além da agremiação paulistana, escolas como Estação Primeira de Mangueira, Vila Isabel, Vai-Vai, entre outras homenagearam a vereadora através da irmã no carnaval de 2019. Meses após a polícia descobriu os autores do assassinato. Anielle diz que considera que há influência e destaca força de movimentos culturais.

“Sim, eu acho que tem. Acho que qualquer manifestação cultural tem o poder de mudar muitas coisas. Infelizmente, nós estamos num momento do país que é muito difícil, tem muito terror, tem muito ódio. Só com esse tipo de movimento é que a gente consegue ter esperanças de dias melhores, é fantástico”.

Durante a entrevista, Anielle Franco expõe sonho que irmã tinha em desfilar numa escola de samba.

“A minha irmã sempre teve um sonho de desfilar, e todo ano a gente falava que ia e no final íamos pra Cabo Frio, íamos descansar, e acabou que ela teve que ser
assassinada pra gente poder realizar um dos grandes sonhos dela”.

Anielle Franco revelou que já conhecia o carnaval de São Paulo e escapou da polêmica ao comentar sobre a diferença entre o carnaval de São Paulo com o do Rio
de Janeiro.

“A gente já conhecia o carnaval de São Paulo. Desfilamos esse ano no Vai-Vai, eu e minha sobrinha. Eles fizeram uma homenagem em mosaico pra Mari, mas foi a primeira vez. A segunda vez é agora, e eu não conhecia esse lado de cá da Mooca, mas estou muito feliz. Na verdade eu sou amiga do Carnavalesco Andre há um tempo já, que participou do Carnaval da Vila e tal”. Óbvio que as pessoas costumam falar que o samba é melhor aqui, a bateria é melhor ali, mas eu senti o mesmo amor, a mesma
força, é o povo que faz, ambos vem com emoção”.

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