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Mestre Fafá: ‘É uma felicidade comandar a bateria da Grande Rio’

Encarregado por resgatar a bateria da Grande Rio troca o peso da responsabilidade por alegria genuína, relembra o passado e enaltece o conjunto

De promessa do Olaria até o estrelato na Grande Rio, Fabricio Machado deixa os campos do subúrbio carioca para se tornar camisa 10 em Duque de Caxias. Calma, você não está enlouquecendo e tampouco este texto está publicado de maneira equivocada. Fabricio Machado é mais conhecido como Mestre Fafá! Encarregado de resgatar a bateria da Grande Rio, o jovem mestre apresenta carisma, humildade e reforça a necessidade de respeitarmos e mantermos vivas as lembranças e feitos do passado.

Foto: Site CARNAVALESCO

A princípio podemos pensar que a missão de resgatar a bateria da Grande Rio é grande responsabilidade para um ritmista de apenas 31 anos, todavia, Fafá carrega o samba, o carnaval e a paixão tricolor desde o berço. Filho do ex-mestre Du Gás, ele entrou na escola aos 13 anos de idade fazendo parte da escola mirim Pimpolhos da Grande Rio. Foi ritmista, diretor de bateria, coordenou o carro de som, voltou a ser ritmista, porém, desta vez na Grande Rio e hoje podemos vê-lo comandando a bateria da invocada. Fafá passou a vida dentro da escola, logo, pode dizer que a quadra da tricolor da baixada é uma espécie de segunda casa para ele, onde ele se sente à vontade com os amigos e ancestrais.

“Cara, é uma responsabilidade sem tamanho, porque comandar uma bateria por onde já passou meu pai (Du Gás), Odilon, Ciça, Thiago Diogo, Maurício, Jorjão, Maurão, Paulão… comandar pessoas que são crias de Caxias comigo, que são meus amigos, irmãos de farda, de vida e de sangue. Eu acho que na verdade não é uma responsabilidade, mas é uma felicidade, porque estar aonde você gosta, fazendo o que gosta e com pessoais especiais é melhor ainda, então é uma alegria muito grande, é uma alegria toda vez que estou aqui”.

Sendo uma das referências de ritmo no carnaval, mestre Fafá esbanja conhecimento e respeito as diversas formas de se pensar a bateria. Em temas que estão em voga, como o debate a respeito dos andamentos, ele demonstra rara capacidade de explicar de modo sucinto e claro quais são os seus pensamentos.

“Eu acho que cada um tem o seu e merece ser respeitado, cada um tem sua característica, tem gente que gosta mais pra frente e tem quem goste mais pra trás e isso é questão de gosto. E não é só usar o andamento, né? Se você coloca um andamento que sua escola responde, ela canta e pulsa, acho que é um andamento válido”.

Quando perguntado sobre se o andamento do carnaval de 2022 será diferente do andamento de 2020 e se ele teria um naipe trunfo nas mangas, ele não titubeou ao falar.

“Não, na verdade não tem diferença de 2020 para 2022. O naipe trunfo é o nosso conjunto. A gente sempre busca fazer com que a galera entenda que ninguém precisa tocar mais alto que ninguém, todo mundo na verdade precisa tocar no mesmo volume e na mesma pegada até mesmo para termos harmonia entre os instrumentos, então acredito que nosso naipe trunfo é a equalização, é tocar para a bateria, o conjunto é nosso naipe trunfo”.

Fafá também enaltece a presença da rainha de bateria, Paola Oliveira, no conjunto responsável pelo sucesso da bateria da escola. Enaltece o ser humano Paola antes de mostrar o quanto valoriza a rainha.

“Falar da Paola é em primeiro lugar falar de uma pessoa fantástica, é falar de uma pessoa que durante uma pandemia de oito meses ela entregou 300 cestas básicas por mês para sua bateria. É falar de uma pessoa que no meio da pandemia saia da sua casa para ir até a quadra buscar entender como ajudar as pessoas, então antes de rainha ela é um ser humano incrível. Sabe? E como rainha, ela é fantástica, é dedicada, ama sua comunidade, respeita sua bateria, então é uma honra poder trabalhar com ela”.

O carinho e respeito apresentados ao falar da rainha, também se fazem presente ao alerta sobre a necessidade de maior valorização dos ritmistas e lembra que eles (ritmistas) são fundamentais na promoção da alegria fomentada pelo carnaval.

“O ritmista é muito desvalorizado e eu digo isso porque sou um eterno ritmista, vejo todo dia o que eles passam e dá para valorizar mais sim. Acho que é preciso dar mais valor para os ritmistas, até porque são pessoas que se doam demais para a escola, ensaiam direto, debaixo de sol, chuva, tempestade, são responsáveis por fazerem a escola pulsar, responsáveis por fazerem a alegria de muita gente”.

Ele também informa como sua escola vem atuando no sentido de valorização dos ritmistas, quais são os planos dela para um futuro recente e deixa claro que o discurso de respeito a ancestralidade e lembrança dos fatos passados não é da boca para fora, é um pensamento executado com ações práticas, logo, ele não esquece de mencionar a participação do mestre Ciça no processo de amadurecimento da Grande Rio.

“Tem uma frase que aprendi com o Ciça que é “temos que trabalhar na valorização dos ritmistas”, então o ritmista precisa ser valorizado, respeitado, cuidado… na Grande Rio a gente vem evoluindo, muito graças ao Ciça, então como exemplo: Vamos construir o espaço do ritmista atrás do nosso palco, nós vamos fazer uma praça lá homenageando nossos mestres, criando um espaço em que o ritmista possa relaxar, descansar, conversar… eu acho que ainda falta muito para valorização do ritmista, mas já começamos a olhar, acho que os presidentes das escolas de samba estão começando a entender isso, então vamos evoluir nesse sentido”.

 

Foto: Reprodução / Instagram

Além de mestre Ciça, ele também aprecia e se inspira em trabalhos como do mestre Valdomiro da mangueira e mestre Odilon. Para o mestre Fafá, a onda de renovação que está acontecendo neste momento no carnaval do Rio de Janeiro só é possível, porque a nova geração conseguiu oportunidades que são frutos dos trabalhos dos mestres passados. Seguindo os passos dos antigos é que a nova geração foi compreendendo toda a necessidade de estudos e como possuem uma tecnologia mais avançada que em tempos passados, acabam tendo acesso a muitas informações e recursos para desenvolvimentos das baterias.

“Acho que a gente traz muito de estudos, até mesmo por conta das facilidades. Temos os meios digitais, muita tecnologia…, mas você veja que os mestres antigos estão começando a embarcar nessa também, olha o Ciça, o Ciça ta com instagram, Casagrande, Marcão… e estão bombando nas redes. Eu acho que o cara que gosta de bateria acaba ficando viciado e hoje a gente tem facilidade para estudar muito, mas temos humildade para pegar toda a experiência do passado, com carinho e sabedoria porque isso é preciso”.

E quanto a tecnologia estar servindo no julgamento das baterias, Fafá é receptivo e acredita que a utilização tecnológica de maneira sábia pode ser uma ferramenta para amadurecimento e melhoria dos desfiles. Parabenizou a postura da LIESA, que promoveu um debate sobre a utilização do metrônomo digital na avaliação do carnaval 2022, exaltou o bom trabalho das baterias e aguarda por um bom espetáculo na Marquês de Sapucaí.

“A gente (mestres de bateria) teve uma reunião com o corpo julgador e foi uma reunião muito produtiva. Conseguimos trocar uma ideia com eles e descobrimos como cada um pensa, eles na verdade sempre usaram o metrônomo, mas dessa vez eles vão usar o digital e eu particularmente acho que se for para ajudar no espetáculo isso é muito bom. Eles explicaram como vão usando, então espero que seja um bom espetáculo”.

“Eu realmente acho que a reunião deixou tudo muito bem explicado, muito claro e gostaria até de parabenizar a LIESA, porque eu particularmente nunca tinha participado de uma reunião dessa e eu gostei. Nós falamos de um lado, eles falaram de outro, conseguimos conversar e foi tudo ok, então acho que quem ganhou foi o espetáculo e as baterias. Hoje em dia é muito difícil encontrar bateria ruim, porque todas vem muito bem, mas é claro, dentro de suas propostas, então é muito difícil ver bateria vindo ruim. Agora esperamos que seja um julgamento justo para todos e que no final vença a melhor”.

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