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Nilópolis cantou! Comunidade dá show no samba, mas problemas em conjunto visual atrapalham desfile da Beija-Flor

Apesar de canto forte e com bela apresentação de Claudinho e Selminha Sorriso, carros alegóricos passaram pela avenida com falhas de acabamento

A Beija-Flor de Nilópolis convocou a brava gente da baixada e realizou um desfile de forte apelo popular na noite desta segunda-feira pelo Grupo Especial do carnaval carioca. O famoso rolo compressor nilopolitano foi o grande destaque da apresentação, o samba, composto em forma de convocação serviu para impulsionar o desfile da azul e branca e passou de forma avassaladora. Porém, a escola pecou na realização de seus carros alegóricos, quase todos passaram pela avenida com falhas em acabamento, antes do desfile começar, um grande susto tomou conta da concentração, houve um princípio de incêndio na segunda alegoria, os bombeiros agiram rapidamente, mas alguns ferros ficaram à mostra. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE

Vale destacar a bela passagem do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Claudinho e Selminha Sorriso, juntos a mais de 30 anos, a dupla encantou o público presente, com movimentos clássicos, a dança impressionou bela leveza e graciosidade, a linda fantasia engrandeceu ainda mais a apresentação. Assim como a Unidos da Tijuca, a escola também fez uso da nova iluminação do sambódromo na apresentação da comissão de frente, o jogo de luzes também foi utilizado em outros momentos do desfile.

Apresentando o enredo “Brava Gente! O Grito dos Excluídos no Bicentenário da Independência”, assinado pelos carnavalescos Alexandre Louzada e André Rodrigues, a Beija-Flor fez, como o próprio título do enredo sugere, um mergulho no bicentenário da independência do Brasil, mas com um olhar crítico, voltado para contar a história que não foi contada nos livros. A proposta era colocar nos debates a ideia de uma nova data a ser lembrada para formação de uma ideia de independência, o dia 2 de julho de 1823.

LEIA ABAIXO AS MATÉRIAS ESPECIAIS
* Ala 13 da Beija-Flor denunciou medida racista de embranquecimento da população
* Nilopolitanos abraçam enredo político e mostram a força da independência
* Com altas expectativas e a confiança da comunidade, André Rodrigues faz sua estreia como carnavalesco da Beija-Flor

A deusa da passarela foi a quinta escola a cruzar a passarela do samba na segunda noite de desfiles do Grupo Especial. A escola terminou sua apresentação com 67 minutos e sob muitos aplausos.

Comissão de Frente

Coreografada por Jorge Teixeira e Saulo Finelon, a comissão de frente da Beija-Flor encenou a história do povo, que, ao cobrar igualdade, reclama seu protagonismo na história, haja vista ter sido esquecido e silenciado na versão oficial. A apresentação utilizou a iluminação cênica da Sapucaí e contou com um tripé, em um primeiro momento, homens representando o exército reproduzem a cena clássica da Independência brasileira, porém, no decorrer da apresentação, a verdadeira história era contada, nesse momento a iluminação da pista mudava e no tripé aconteciam algumas projeções visuais e frases de apelo popular, neste momento, personagens representando o povo sobem no tripé e reivindicam seu protagonismo, o momento contou ainda com uma transformação do exército em beija-flores. O efeito da luz foi o ponto alto da comissão e arrancou aplausos do público.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Claudinho e Selminha Sorriso dispensam apresentações, eles são uma dupla imbatível dentro da Beija-Flor e de extrema importância para o carnaval carioca. Neste carnaval, a dupla completa 31 anos de uma parceria vitoriosa e premiada, mesmo com todos esses anos, o casal continua encantando a Sapucaí. De volta à abertura do desfile, o casal representou o “Encantamento Caboclo”, no último desfile a escola optou pelo uso de penas ecológicas, porém, a fantasia deste ano utilizou penas naturais, nas cores da escola, o figurino primou pela beleza e engrandeceu ainda mais a apresentação do casal.

O bailado da dupla se destacou pela utilização da dança clássica, com muita graça, leveza e passos com características próprias, a elegância e companheirismo foram um dos destaques do desfile da azul e branca de Nilópolis. O nível de apresentação nos módulos de julgamento foi alto e a dupla, que mais uma vez encantou o público, saiu da avenida com a sensação de dever cumprido.

Harmonia

O desfile desta noite foi um reencontro da Beija-Flor com o que tem de melhor, a comunidade de Nilópolis, conhecida como ‘rolo compressor’, a comunidade passou alguns carnavais adormecida, no ano passado já havia dado sinais que voltaria e agora, muito impulsionada por um samba extremamente forte, rasgou o chão da avenida. O que se viu foi uma escola aguerrida e uma comunidade apaixonada com a obra na ponta da língua. Naturalmente, não é preciso muito para que os componentes da Beija-Flor cantem com muita garra, tendo em seu samba a frase “Deixa Nilópolis cantar”, a explosão foi ainda maior.

A cantora Ludmilla fez sua estreia no carro de som ao lado de Neguinho da Beija-flor, a dupla mostrou muita sintonia, ela realizou alguns cacos durante o desfile e se mostrou muito à vontade, ele, mostrou mais uma vez o porquê de ser um dos maiores intérpretes da história do carnaval.

Enredo

Desenvolvido pelos carnavalescos Alexandre Louzada e André Louzada, o enredo “Brava Gente! O Grito dos Excluídos no Bicentenário da Independência”, a Beija-flor deu voz aos excluídos, como representante do povo, a Deusa da Passarela fez um mergulho no bicentenário da independência do Brasil, mas com um olhar crítico, voltado para contar a história que não foi contada nos livros. O enredo valorizou a brava gente brasileira, num grande ato político carnavalesco. Característica marcante da escola, a crítica social pautou todo o desfile, a mensagem foi passada com clareza e a resposta do público foi positiva.

O desfile foi dividido em cinco setores, o primeiro, denominado “Naquele dois de julho, o sol do triunfar”, fez um contraponto entre o que a escola mostrou sobre a Independência do Brasil e a verdadeira, a do povo, representada pelo dia 02 de julho. O segundo setor, “Atos de revolta: a heróica desobediência civil”, retratou as principais revoltas depois de 1823 até a abolição da escravidão e consequentemente a virada para a república. Na sequência, o setor “Manutenção da ordem e o progresso da exclusão”, mostrou os mecanismos de exclusão e controle operados no período republicano, neste setor, a parada militar do Sete de Setembro é criticada, segundo o enredo, o desfile reforça o mito fundador de uma nação forjada na violência para manutenção da ordem.

Logo após esta denúncia, no setor seguinte, o desfile faz o reconhecimento do papel civilizatório e exemplar dos movimentos sociais em diferentes lutas por autonomia, dignidade e justiça, tarefas inadiáveis para que sejamos, de fato, uma nação independente.O último setor destacou a importância da cultura popular brasileira, que emerge como um grande manancial de aspirações e fabulações de futuros possíveis para esta nação.

Evolução

A evolução da escola se mostrou extremamente acertada, o desfile durou 67 minutos e durante todo o tempo os componentes evoluíram com bastante desenvoltura e animação. O famoso rolo compressor se fez presente e a Beija-Flor fez todo o percurso sem sustos e de forma uniforme, não foram observados descompassos e todos os integrantes das alas estavam se divertindo e extravasando a emoção. Vale destacar que a escola levou um grande número de alas coreografadas e todas desempenharam um ótimo papel, com destaque para a ala de abertura, “Exército Libertador”, a expressão facial e corporal dos componentes chamou atenção.

Samba-Enredo

Mesmo antes de ser escolhido como o samba oficial da escola, a obra de Léo do Piso, Beto Nega, Manolo, Diego Oliveira, Julio Assis e Diogo Rosa já havia caído nas graças da comunidade nilopolitana. A obra, feita em forma de convocação, foi um dos pontos altos do desfile da agremiação, a comunidade abraçou e o samba foi gritado na Sapucaí. Desde os primeiros acordes o público presente nas arquibancadas cantou junto com a escola, foi um dos momentos de maior comunicação entre público e agremiação neste carnaval.

Alegorias e Adereços

A escola levou para a avenida seis carros alegóricos e três tripés. O conjunto visual da escola, apesar de gigantesco, apresentou falhas graves de acabamento, no geral, quase todas alegorias apresentaram problemas.

A abertura do desfile contou um pede passagem e abriu caminho para o ato cívico que a escola iria realizar. Invertendo o que estamos acostumados a ver, o abre-alas “Desconstruindo a fantasia histórica”, foi pequeno, na concepção do enredo, a proposta foi desconstruir a memória nacional em torno da independência, já o segundo carro, “O dia em que o povo ganhou – alegoria ao dois de julho”, teve um princípio de incêndio faltando poucos minutos para entrar na avenida, o susto fez com que a área destina a um destaque passasse com os ferros à mostra, o monumenta carro representou a vitória das tropas brasileiras na guerra pela independência instalada na Bahia, retratado em três chassis, o beija-flor, símbolo da escola, veio no alto da alegoria, a asa tinha problemas de acabamento e segundo chassi passou apagado pela avenida. Mesmo assim, o carro impactou. O azul, cor da escola, apareceu no terceiro carro, “Pela vida e liberdade do irmão”, bem acabado, foi um dos melhores do desfile, com esculturas muito expressivas, o carro valorizou o protagonismo de homens e mulheres negras no processo de abolição, processo que seu através da premissa de que a liberdade não foi uma concessão, mas uma conquista.

O quarto carro, “Chumbo da autocracia”, Fez críticas à contraditória experiência republicana brasileira, sua estrutura social desigual e hierárquica, ao afirmar que a ditadura civil-militar (1964-1985) é a face mais genuína deste estado de poder e supressão dos direitos, com falhas de acabamento nos dragões e com ferragem aparente, o carro deixou a desejar.

Na sequência, a alegoria “Por um novo nascimento”, levou a escultura de uma grande uma mulher negra tecendo uma nova bandeira nacional. A alegoria emana da voz do povo o desejo de uma “mátria Brasilis”, que garanta a promoção de direitos aos cidadãos.

No último setor, a escola apresentou o tripé “O amanhã não está à venda”, na cor verde, o elemento teve duas esculturas de indígenas erguendo suas próprias bandeiras de Brasil, a iluminação e o uso das bandeiras na lateral foram um bom momento. O último carro, “Futuro ancestral”, promoveu o futuro pela disseminação dos saberes através da presença da Velha-Guarda, guardiã da memória coletiva da agremiação, a alegoria também teve falhas em acabamento, assim como algumas composições desfilaram com roupas comuns. A Beija-flor se colocou em defesa da voz da brava gente, o tripé com um enorme beija-flor, encerrou o desfile.

Fantasias

Diferente dos carros alegóricos, o conjunto de fantasias da azul e branca da baixada foi um dos pontos altos do desfile, o volume das primeiras alas impressionou, os figurinos tomavam conta de toda a avenida, os costeiros eram enormes, como nas alas 3, “Ode aos Botocudos”, 4, “Sonho de Liberdade Malê”, e 6, “Um Grito de Liberdade Quilombola”, porém, apesar de gigantes, a sensação de leveza se manteve presente. A paleta de cores da escola também se mostrou um acerto, nas alas iniciais os carnavalescos derramaram o azul, cor da escola, com o dourado.

Alguns elementos cênicos interagiram com as alas, o que causou um bom efeito visual. A ala de baianas passou pela avenida com um figurino muito apurado e com detalhes, a fantasia das matriarcas reproduziu os balaios, que foram carregados em suas cabeças, a arte da trama de palha esteve presente em seu pano da costa e na saia. Nos setores finais, a escola fez uso de bandeiras e faixas com mensagens sobre o enredo, as fantasias das alas não tinham a opulência das primeiras, mas a fácil leitura e leveza foram um ponto positivo.

Outros Destaques

A estreia de Lorena Raíssa à frente da bateria soberana foi um dos momentos mais festejados pelo público, a jovem, que ganhou o concurso de rainha promovido pela escola, jovem nilopolitana, representa justamente a liberdade para todas as expressões que justificam a marginalização de grupos sociais e raciais.

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