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Série Barracões: Portela terá águia clássica e setor da religiosidade para homenagear Clara Nunes

A ansiedade no coração de cada portelense aumenta à medida que o desfile de 2019 se aproxima. Mas este carnaval será diferente de qualquer outro para a apaixonada torcida da Portela. O terceiro trabalho (ela passou pela escola nos anos 70) de Rosa Magalhães à frente da Majestade do Samba vai homenagear um dos maiores ídolos da instituição, a cantora Clara Nunes. ‘Na Madureira moderníssima, ei sempre de ouvir cantar um sabiá’ é o título do enredo.

Clara Nunes dá nome à rua da quadra da Portela. Quando morreu, em 1983, recebeu uma despedida inesquecível no Portelão. No recente documentário ‘Clara Estrela’, onde a própria cantora conta sua trajetória, ela afirma que o único local onde imagina jamais ser esquecida era na Portela. Com razão. Por isso, ao receber a reportagem do CARNAVALESCO no barracão, Rosa Magalhães afirma sem pestanejar que o enredo veio de fora para dentro da escola.

“O enredo foi um pedido do portelense, a nação que admira a Portela. A Clara que virou uma rua em Madureira, onde está a quadra da escola. Eu li bastante sobre ela, ouvi algumas histórias divergentes. Precisei seguir uma linha para não falhar em alguns aspectos. Dessa forma saiu o enredo. O livro do Vagner Fernandes foi onde mais me baseei para desenvolver esse enredo”, pontua Rosa Magalhães.

Do alto de seus sete campeonatos para colocar na mesa, Rosa Magalhães não faz rodeios e usa a sinceridade. Não era grande conhecedora da trajetória de Clara Nunes e imergiu em livros, documentários e registros sobre a vida da cantora.

“Eu não sabia muita coisa sobre a Clara. Comecei lendo o livro do Vagner e depois me debrucei sobre outros. Li um sobre a Tarsila do Amaral. Vi que tinha essa relação dela com o bairro de Madureira. A religiosidade dela, ligada ao Candomblé, se manifesta no bairro. Juntei todas essas informações e deu no enredo da Portela”, confessa.

Rosa Magalhães ganhou pela última vez em 2013, na Unidos de Vila Isabel. A consagrada carnavalesca, chamada de professora, admite o frio na barriga e o tamanho do desafio que é produzir esse enredo na Portela.

“Fazer esse enredo na Portela é um grande desafio. Eu acho até temerário. Depois de muito vem lá, vem cá, que é natural, chegamos a um ponto de convergência. Eu já desenvolvi muitos carnavais, em outras escolas, acredito que a responsabilidade todo ano seja alta. Mas fazer esse enredo aqui sem dúvida não é algo comum”, assegura.

Guardada como um segredo de sete chaves todo ano na Portela, a águia é sempre um ponto de muita curiosidade. Nos carnavais da azul e branca ela é uma das últimas esculturas a ser feita para não correr o risco de qualquer vazamento. Rosa Magalhães acalenta o vaidoso coração portelense. A águia virá clássica.

“A águia é sempre o ponto de maior identificação com o portelense, é uma adoração mesmo, um símbolo que sempre vai ser eterno. Independente do enredo que eu faça, ela será o grande momento para qualquer torcedor da escola. É difícil superar aquela do Louzada em 2015, a mais impressionante que já foi feita, mas a minha para 2019 não será moderna não, será bem tradicional”, promete.

Rosa não se furta a falar dos momentos de dificuldade financeira enfrentados pela Portela. O burburinho de que a escola vem enfrentando barreiras econômicas para concluir seu carnaval é confirmado pela carnavalesca que confirma ser um dos momentos de maior dificuldade de sua carreira.

“Faz parte de um dos piores momentos de toda minha carreira. Está tudo muito caro, os materiais. E ainda você tem de se preocupar com a mão de obra, você não pode ignorar as pessoas. É um trabalho, que rende um produto conhecido e famoso”.

Entenda o desfile

Distribuído em cinco carros e 30 alas, ‘Na Madureira moderníssima, ei sempre de ouvir cantar um sabiá’, vai narrar a trajetória de Clara Nunes através de cinco momentos distintos, divididos em cada setor do carnaval portelense.

Setor 1: A relação de Clara Nunes com o bairro de Madureira. Ela virou nome de rua e sua religiosidade voltada ao Candomblé aflora nos terreiros no bairro.

Setor 2: Quando vim de Minas. Clara trabalhou em uma tecelaria na cidade de Paraopeba. Existe até hoje inclusive. Perde o pai muito cedo, precisa trabalhar desde muito novinha.

Setor 3: Clara no Rio de Janeiro. Foi na cidade que ela descobre a relação com o samba e se transforma em uma das principais cantoras do gênero.

Setor 4: A religiosidade de Clara. Ela já possuía uma relação muito forte com sua fé, mas foi ao descobrir o Candomblé que ela se encontra espiritualmente.

Setor 5: A Clara na Portela. Até hoje o portelense se arrepia com o clássico ‘Portela na avenida’, eternizado na voz dela. Clara dizia que jamais seria esquecida na Portela. Sua relação com a escola é algo além do tempo e do espaço físico.

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