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Portela volta às ruas de Madureira em primeiro ensaio cheia de força do canto da comunidade

Escola demonstrou que a preparação realizada principalmente às quartas-feiras com os treinos de canto com a comunidade, tem surtido efeito. Sem o intérprete Gilsinho, que estava em compromisso com a Tom Maior, em São Paulo, a comunidade supriu o canto e apoiou o carro de som

Pela primeira vez para o Carnaval de 2022, na noite do último domingo, a Portela voltou a realizar um ensaio de rua na preparação para o desfile. O ponto de encontro foi a tradicional Estrada do Portela, em Madureira. Antes, em dezembro do ano passado, a azul e branco fez um treino no Parque Mestre Monarco, nome dado ao antes Parque Madureira em homenagem ao baluarte da escola.

Fotos: Lucas Santos/Site CARNAVALESCO

A escola demonstrou que a preparação realizada principalmente às quartas-feiras com os treinos de canto com a comunidade, tem surtido efeito. Sem o intérprete Gilsinho, que estava em compromisso com a Tom Maior, em São Paulo, a comunidade supriu o canto e apoiou o carro de som. Outro destaque foi a bateria do mestre Nilo Sérgio, que tem colocado o samba em um andamento perfeito, bom para dançar e cantar, sem ficar arrastado, ajudando mais ainda ao canto também se sobressair.

O ensaio, que seria inicialmente realizado na Estrada Intendente Magalhães, teve que ser mudado por questões de segurança pública na região do Campinho. Mas, isso não atrapalhou os componentes que tiveram fôlego para evoluir e cantar o samba de 2022 em pouco mais de uma hora de ensaio. Vice-presidente da Portela, Fábio Pavão, disse estar satisfeito com o que viu no ensaio e falou um pouco sobre a possibilidade de a escola evoluir mais neste período até o desfile no final de abril.

“Nunca está perfeito, a gente sempre está buscando a perfeição. A grande vantagem do adiamento, se é que teve alguma, porque foi ruim para todo mundo, mas se é que teve alguma vantagem, é que a gente ganhou um pré-carnaval que não teria. A gente não teria um pré-carnaval em janeiro, estaria todo mundo em casa, ou trabalhando nas quadras, mas não poderia fazer os ensaios de rua, não teria os ensaios técnicos, agora com o adiamento a gente vai ter ao longo do mês de março”, explicou.

Membro da direção de carnaval da Azul e Branca de Madureira, Júnior Escafura, foi outro que avaliou positivamente o treino na Estrada do Portela e já começou a projetar os próximos passos.

“A nossa avaliação foi muito boa, a escola cantando muito, muito alegre, lotando as ruas de Madureira e Oswaldo Cruz, o pessoal estava com saudade disso. A Portela tem uma torcida apaixonada e mostrou isso. Se Deus quiser vamos para a Avenida fazer outro grande ensaio, preparar para o ensaio técnico, e ajustar as coisas para a escola fazer um grande carnaval”.

Harmonia e samba-enredo

O samba-enredo de 2022, tão criticado desde a escolha e divulgação oficial, já havia provado seu valor no mini desfile realizado na Abertura do Rio Carnaval, na Cidade do Samba, e, mais uma vez, esteve na boca do portelense no ensaio de rua. As alas cantaram de uma forma uníssona e constante, durante todo o ensaio, apoiando o carro de som que foi conduzido pelo cantor Edinho Gomes. O artista falou ao site CARNAVALESCO sobre a responsabilidade de substituir uma voz tão importante e única como a de Gilsinho.

“É uma grande responsabilidade, a gente trabalha a bastante tempo no carro de som. Sempre trabalhamos unidos para fazer um grande ensaio, para substituir ele em qualquer momento que precisar. Mas, ele é insubstituível, né? A voz dele é única. Mas, a gente está aí para trabalhar todo mundo junto, o carro de som coeso, para fazer um grande ensaio para a comunidade”, explicou.

Fábio Pavão também aprovou o canto da comunidade, mostrando confiança que o samba ainda vai crescer mais até o dia do desfile.

“A escola cantou o samba inteiro, todas as alas cantando de maneira uníssona. Aqui na Estrada do Portela tem uma curva, uma descida, às vezes a gente perde a referência do carro de som, já aconteceu várias vezes isso. E a direção de harmonia tem que segurar o samba na marra, vamos dizer assim, para o samba não atravessar. Mas, hoje não. Hoje a escola cantou do início ao fim e em nenhum momento o canto destoou um pouco, a harmonia foi perfeita. Para um primeiro ensaio foi muito bom”, entende o dirigente.

Ele também vê a possibilidade do canto e do samba melhorar ainda mais pelo tempo que a escola ainda tem até o desfile oficial e a possibilidade da realização de mais treinos até abril.

“Nós estamos trabalhando com esses sambas para 2022 bem mais do que a gente estava acostumado a trabalhar. Os sambas foram escolhidos no final de setembro, a gente começou a preparação normal, veio o adiantamento e temos mais dois meses de trabalho para chegar redondinho na Avenida, e pelo o que vimos hoje, a gente está no caminho certo”.

Comissão de Frente e casal de mestre-sala e porta-bandeira

Nos últimos anos, a comissão de frente tem sido o calcanhar de Aquiles da Portela, admitido pela diretoria e confirmado nos resultados. Em 2020 e em 2019, a escola não obteve nenhuma nota 10 no quesito. Por isso, para o próximo carnaval, desde o final de dezembro, a aposta foi na volta da dupla de coreógrafos Leo Senna e Kelly Siqueira, que comandaram a comissão de frente em 2017 no título da Azul e Branca de Madureira. O que se pode ver neste primeiro ensaio de rua que a dupla participou foi a apresentação de alguns passos com uma pegada de dança mais africana, com algumas referências a danças ancestrais e ao mesmo tempo a postura de guerreiros. Um dos momentos mais bonitos foi quando a comissão se virou para o casal que vinha logo atrás como que prestando respeito e ao mesmo tempo o guardando.

Já o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Portela, Marlon Lamar e Lucinha Nobre, que já vem trabalhando em ritmo forte desde dezembro, ensaiando todos os dias, o sentimento é retomar o protagonismo depois de em 2020 não ter conseguido nenhuma nota 10. Durante o ensaio na Estrada do Portela, o casal mais uma vez mostrou o entrosamento na troca de olhares e nos momentos de maior interação com o público. Com movimentos sincronizados e já apresentando um pouco da coreografia que pretendem mostrar no desfile ainda que se poupando um pouco por conta do solo irregular da Estrada do Portela, com curvas e descidas. Em alguns passos pode-se ver uma postura aguerrida, com o casal batendo no peito no trecho do samba no refrão que dizia “Portela é baobá no congá do meu amor”.

Antes do ensaio, Marlon falou ao site CARNAVALESCO que a dupla trabalha para apagar o 2020, e as notas ruins do último carnaval são um combustível a mais para a preparação para o próximo desfile.

“Você não tem noção como a gente está extremamente ansioso para o carnaval 2022. Eu acho que 2020 foi uma pedra no nosso sapato. É difícil de digerir, até hoje é difícil para gente falar sobre o carnaval 2020, até pelas justificativas. A gente conseguiu entender que elas foram em cima do bebê, em cima da gravidez. Então, a gente acaba percebendo que fugiu do nosso controle aquilo ali, e em 2022 a gente quer voltar para as raízes daquilo que nós sempre apresentamos. Nós sempre tivemos boas notas, 2019, 2018. Então, 2022 vai ser uma espécie de reprise de 2019, assim Clara Nunes e águia, a gente vai “pro” lado extremamente romantizado, extremamente aquela coisa aguerrida que eu e Lucinha gostamos de levar para Marquês de Sapucaí, e 2022 a gente realmente está com sangue nos olhos para passar na Avenida”, revelou Marlon.

A porta-bandeira Lucinha Nobre falou um pouco sobre a roupa e o retorno a um estilo mais tradicional na vestimenta para o desfile de 2022. “A fantasia é tradicionalíssima, dentro da energia do enredo. A gente está super feliz, mais uma vez eu e o Fernando Magalhães estamos comemorando 10 anos, são 10 fantasias que a gente tem juntos, então eu estou super feliz. Já fiz a última prova, está aprovado”, conta a porta-bandeira.

O casal também falou sobre a nova dinâmica de preparação para o desfile. Por conta da faculdade de medicina de Marlon em São Paulo, Lucinha tem permanecido na capital paulistana durante a semana para que a dupla possa ensaiar todos os dias. Marlon explica que foi a melhor solução que os dois encontraram para que o trabalho para o desfile não fosse prejudicado.

“A gente conseguiu uma academia, inclusive, que tem até uma sala de dança inclusive, que tem aulas de ritmos, e a gente está ensaiando lá desde antes de começar as aulas. A gente sempre utilizou este espaço, e agora com essa mudança do carnaval para abril, caiu bem após as minhas provas, porque as minhas provas são em março. Então, você imagina o desespero que foi. Se não tivesse isso, não teria tido problema nenhum. E a Lúcia foi para São Paulo. A gente fica lá de segunda a sexta, vem na sexta-feira e fica sábado e domingo aqui”, explicou.

Lucinha Nobre contou um pouco sobre sua nova rotina em São Paulo e como a mudança afetou seu dia a dia. ”É diferente porque não é o que a gente está acostumado, mas foi a única forma que a gente encontrou de continuar ensaiando sem que ele perdesse as aulas, ele é bolsista, o trabalho dele é muito importante para ele, e a gente não queria que ele perdesse o ano na faculdade por causa disso e a solução foi que eu fosse para lá e já estou adaptada. Eu vou na academia, e durante o dia trabalho um pouco online com o meu irmão fazendo produção. De tarde vou à academia e de noite a gente ensaia. É diferente, mas está dando certo”, entende Lucinha.

Evolução

Com a mudança do lugar do ensaio da Estrada Intendente Magalhães para a Estrada do Portela, o treino do quesito ficou um pouco prejudicado por conta das irregularidades da via, por ser em uma descida e ter algumas curvas além do espaço para componentes e fãs ser bem menor. Tudo acabou tendo que ser arranjado em cima da hora, mas houve bastante organização durante o treino por conta da equipe de harmonia da Portela. O que se pode ver da evolução da escola, foi uma Portela alegre e espontânea. Algumas alas eram coreografadas, já se pode perceber a partir da primeira ala, que vinha atrás do casal, mas isso não impedia a evolução dos componentes já que no geral a coreografia somente era realizada em uma pequena parte do samba. No resto, os foliões puderam evoluir de forma mais solta, ainda que organizada, sem ninguém invadir o espaço de ninguém e sem deixar buracos.

Fábio Pavão também explicou sobre a avaliação do quesito evolução que a direção de carnaval faz em cada tipo de ensaio. “Eu acho que todos os quesitos que dá para avaliar aqui no ensaio da Estrada do Portela foram muito bem. A gente realiza os ensaios na Estrada do Portela e na Intendente Magalhães. Na Intendente Magalhães dá para gente fazer reprodução das cabines, tem uma ideia melhor para trabalhar a evolução. Aqui se trabalha mais a harmonia e do que a gente pode avaliar aqui, o desempenho foi excelente”.

Bateria

Mestre Nilo Sérgio, a frente da Tabajara do Samba desde 2006, mostrou o domínio de sempre dos naipes e daquilo que a bateria precisa fazer para ajudar o samba a crescer. No ensaio a bateria levou o andamento com desenvoltura e fez uma coreografia nos versos do samba “Nessa mironga tem mão de ofá, Põe aluá no coité e dandá”, com um bonito desenho do agogô. E também antes do refrão principal, no último verso “vem nos orgulhar” em que a bateria para toda e as vozes fazem o trecho sozinho para voltar tudo no refrão.

Ele falou à reportagem do CARNAVALESCO, antes do ensaio, sobre aquilo que pretende levar de andamento para Sapucaí em 2022 e também comentou sobre o uso de metrônomo na cabine de julgamento.

“O andamento que a gente está botando aqui é 146 bpm (batidas por minuto), mas com a fantasia, no dia do desfile a gente bota 145, 144 (bpm). Esse samba aí, se colocar muito para trás ele vai arrastar no final. Então, por isso que a gente está botando um pouco mais para frente. E sobre o metrônomo dos jurados, eu acho que atrapalha porque é a máquina julgando o homem. E, é complicado isso, porque nós somos seres humanos. E o andamento é a emoção. E, se vai botar a máquina para julgar, então não precisa de jurado, bota a máquina lá para julgar”.

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