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Qualidade e postura ousada do módulo musical são destaques em desfile da Tatuapé

Bicampeã do carnaval de São Paulo, a Acadêmicos do Tatuapé foi a quinta agremiação a desfilar no primeiro dia de desfiles do Grupo Especial. O módulo musical foi um destaque do desfile. A ala musical apresentou variedade de arranjos, a bateria mostrou com eficiência na realização das bossas e escola cantou com um volume considerável durante grande parte da passagem da escola. A Tatuapé encerrou seu desfile com 61 minutos. A escola optou por iniciar o samba com portões fechados, e só depois da segunda passagem, o desfile se iniciou oficialmente. Madrinha da escola, a Leci Brandão abriu o desfile com muitas saudações ao público.

Comissão de Frente

O quesito da Tatuapé fez uma grande homenagem à musicalidade da cidade de Atibaia. Os bailarinos representaram notas musicais com elementos nos braços que passaram a sensação de asas. Duas variações de figurinos foram notadas, um para os homens e uma para mulher. A parte das capas também se distinguiram, a dos homens eram maiores e com variação de cores e da mulher com pequenos desenhos de notas musicais.

A personagem principal, que foi representada por uma mulher, simbolizou as inspirações para criações de canções características do local. A coreografia da ala trabalha com muita movimentação, e em grande parte dos passos são realizados em movimento. Detalhe da maquiagem igual em todos os componentes. Analisando o figurino e a coreografia, o significado não ficou claro para o entendimento imediato.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

A dupla oficial da agremiação, Diego e Jussara, trouxe uma fantasia que representou “O Alvorecer e a Noite em Atibaia”. O casal utilizou o contraste entre o claro e o escuro, onde a porta-bandeira simbolizou os mistérios e encantos do alvorecer e o mestre-sala com o raiar e belezas do dia de Atibaia. Os guardiões que acompanharam eram a transição entre o dia e a noite.

O Diego e a Jussara optaram por um cortejo seguro e mais acelerado, aliando pontos de modernidade com o tradicional. O mestre-sala esbanjou simpatia no rosto e na forma de olhar para companheira. Notou-se um certo desconforto da Jussara com a parte da cintura da fantasia, porém nada que afetasse a apresentação da dupla em frente à torre 04.

Um ponto de bastante curiosidade é que o casal oficial não veio à frente da escola, geralmente no abrir da escola. No lugar, a escola optou pela evolução do casal mirim, que se fantasiaram de primeiros habitantes da região, índios e Bandeirantes.

Harmonia

O canto da escola certamente pode ser colocado com um dos grandes destaques da noite. Os componentes não pouparam vozes e, além da parte musical, evoluíam com naturalidade. O volume do canto não oscilou entre as alas, e as pronuncias de cada palavra dentro do samba foi claramente escutada. Na realização do apagão do min 32, o presidente pediu empolgação dos desfilante que passavam em frente ao recuo, e foi bem correspondido. Além do refrão principal, a subida do trecho “No templo de paz e amor” funcionou e também foi cantado com maior entusiasmo.

Enredo

O enredo da Tatuapé foi contado na avenida como uma grande homenagem à cidade de Atibaia. Pra organizar a narrativa, a escola optou pela primeira pessoa, que no caso é um violeiro que através de suas canções conta cada detalhe da cidade. Ela passou pela época de fundação, cultura, danças, folclores, entre outras. Pra quem conhece pouco sobre a região, a história seguiu com fidelidade e apresentou uma narrativa de fácil identificação.

O primeiro setor destacou exatamente as primeiras pessoas que chegaram ao local e que começaram a história. No trecho em questão, esculturas que fortaleciam uma figura simples das casas do interior foram notadas.

No setor seguido, a revolução econômica da região foi destacada através de alas de cultivos e alegoria que remetiam a proposta. O terceiro foi aproveitado para abordar o folclore e festas, mas também com destaques para pontos conhecidos, como o Salão de artesão e o Templo de Paz e Amor.

No caso do quarto, a escola optou por uma grande homenagem à Pedra grande, local bastante visitado por turistas e frequentada por jovens que praticam esportes. No espaço, a agremiação aproveitou pra concentrar mais ações justificadas. O encerramento do desfile também foi em forma de homenagem, só que destinada aos japoneses que chegaram ali. Muitas esculturas da cultura japonesa e utilização de cores que predominavam o vermelho e branco, fortaleceram a proposta.

Evolução

No quesito em questão, a proposta da agremiação foi bem atendida, poucas variações do andar foram vistas. A entrada no recuo, que foi um drama durante primeiro ensaio técnico, foi muito bem executado. O único ponto é, nos adereços de mãos da ala coreografada que compõe do recuo, que eles se chocaram com certa frequência. Com isso, a coreografia ficou comprometida.

A Tatuapé não gosta de alas que tem coreografias que utiliza muita movimentação do componente, e isso foi bem claro na avenida. Mas, mesmo com tal características, os componentes estavam soltos dentro das alas. O tamanho das fantasias prejudicou a evolução mais “natural” de quem desfila.

Samba-Enredo

A agremiação trouxe pra avenida uma estrutura de samba que combina com as características da escola e tem pontos estratégicos que trabalharam positivamente a explosão dos componentes, contribuindo também pro quesito de harmonia. O refrão principal tinha um tom alto e melodia pra cima, mas não é reta. O segundo refrão quebrou a estrutura, trazendo variações de melodias pertinentes ao enredo. A retomada da segunda estrofe trouxe um melisma coerente com a proposta, e serviu de gancho para o pico de empolgação no final dela.

O carro de som contou com cinco cantores de apoio e um intérprete oficial, Celsinho Mody. A parte vocal não economizou nas aberturas vocais dentro do samba. Assim como as cordas, que usaram e abusaram dos arranjos, desenhos, solos e dobradinhas.

Pelo que apresentaram, o carro de som demonstra manter postura ousada mesmo não sendo item obrigatório no regulamento. Por essa liberdade dada aos cavacos e violões, o carro de som da agremiação se apresenta como um das mais seguras e inovadoras.

Fantasias

Todas as fantasias da escola apresentaram uma boa qualidade de acabamento, cores e tamanhos. As divisões de cores também demonstraram a sensibilidade da escola na construção, na visão de cima a proposta é mais visível. A escola optou por peças bastante volumosas, e em alguns momentos, afetava diretamente na naturalidade. Como os enroscos entre adereços dos componentes.

Alegorias

As alegorias do Tatuapé, principalmente o abre-alas e o último elemento, trabalharam um tamanho considerável. A escola não utilizou movimentações humanas coreografadas e pouquíssimas mecânica em suas composições.

O primeiro carro estava intitulado como “Abre a porteira do meu Paraíso, canto Atibaia, inspiração da minha Alma Sertaneja”. Ali aproveitaram pra retratar a Fazenda Paraíso, e por isso esculturas de animais foram utilizados em todos os cantos, como aves, pássaros, vacas, entre outros. Uma grande escultura de violeiro, com um cachorro ao lado dos pés, compunha a parte de cima. Ela trouxe muitas cores, mas alguns pontos apresentaram falta de acabamento devido.

A segunda, nomeada como “Eu canto o trabalho nos engenhos e embalo os acordes nos trilhos do trem que trouxe o progresso e um mundo novo me fez ver!”, utilizou muitas representações de cultivo e plantio, principalmente da cana-de-açúcar que foi o primeiro produto a trazer lucro. Na segunda parte do carro, a entidade aproveitou para representar a “maria fumaça”, locomotiva que substituiu o tráfego de animais e trouxe os primeiros imigrantes italianos. O elemento soltou pedaços de papel prata e fumaças. Logo abaixo, uma ala coreografada com passos bem elaborados.

“Puxa o fole sanfoneiro, que eu vou cantar as festas da minha Atibaia!” é o nome que batiza a terceira alegoria. No caso, as culturas da cidade foram representadas, como a cavalhada, festas juninas, além da grande escultura da Matriz de São João Batista. Diferente das anteriores, ela apresentou uma pequena movimentação nos balões. Notou-se alguma falhas de pinturas, como no detalhe do abacate do canto inferior direito.

Já a quarta alegoria, “Do alto da pedra ponteio a viola e me ponho a cantar tão abençoada beleza!”, representou a fauna e a flora através de uma homenagem à pedra grande. Onças pardas, veados mateiros e gaviões estavam representados. Ela, no caso, trouxe movimentação logo acima, no personagem de asa delta. As esculturas das onças estavam bem feitas. O posicionamento das cabeças dos veados logo abaixo dos paraquedistas não deu um contexto lógico.

O último carro alegórico, “Atibaia é minha paixão, dedico essa última moda de viola para homenagear a cultura dos amigos japoneses que trouxeram pro meu chão o perfume das flores e o doce paladar dos morangos!”, trouxe esculturas japonesas, flores ornamentais, máscaras orientais e gatos da sorte. Outro ponto de destaque é o templo nipônico em homenagem a Buda.

Bateria

A Qualidade Especial, mestrada pelo Higor Silva, trouxe um andamento firme, sustentação devida do naipe de caixas e andamento alto (entre 146 e 148), confortável para o canto da escola. O surdo de terceira é bem desenhado e segue a melodia da canção. Durante a execução do segundo refrão, o naipe apresentou desenhos variados, simples, e que casavam com a proposta do trecho. Na bossa do segundo refrão, a intenção é toda trabalhada nos desenhos em que a terceira realiza, destaque nas frases do começo da segunda estrofe.

Falando especificamente sobre as paradinhas, a batucada trouxe três e um apagão. Delas, a que se iniciou no “Lá vem o trem, lá vai fumaça” foi a que apresentou mais complexidade nas informações. Frases de caixas, conversa das marcações e retomada do ritmo com duas batidas do surdo de segunda exemplificam a qualidade do arranjo.

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