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Respeita o meu axé! Em êxtase, comunidade da Grande Rio dá vitória à parceria de Derê

Por Guilherme Ayupp, Daniela Safadi e Eduardo Fonseca. Fotos: Allan Duffes

A Acadêmicos do Grande Rio escolheu na madrugada deste sábado o seu hino oficial para o Carnaval 2020. Após uma noite épica que vai ficar eternamente na memória dos sambistas presentes em Duque de Caxias, a obra dos poetas Derê, Robson Moratelli, Rafael Ribeiro e Toni Vietnã saiu vitoriosa de uma disputa contra outros quatro sambas na grande final. A Grande Rio conta em 2020 a história de Joãosinho da Gomeia. O enredo ‘Tata Londirá: O Canto do Caboclo no Quilombo de Caxias’ será desenvolvido pelos carnavalescos Leonardo Bora e Grabriel Haddad. A tricolor de Caxias será a quinta a desfilar no domingo de carnaval.

Apontado como grande favorito na disputa desde as primeiras audições, o samba liderado pelo compositor Derê é formado por parceiros de longa data. Todos já campeões na escola, em outras parcerias, se reuniram em 2014 onde venceram a disputa na homenagem para a cantora Maysa. Dere venceu ainda em 2013, Robson Moratelli triunfou em 2007, Rafael Ribeiro em 2009 e 2010 e Toni Vietnã em 2014, já ao lado dos parceiros atuais.

Foi uma grande apresentação de uma das parcerias cotadas ao título desde o começo. Destaque para o intérprete Pixulé, que demonstra muito conforto em interpretar sambas com esta temática. Foi a obra com o rendimento mais completo por mais tempo e que esteve mais entrosada com a bateria Invocada.

O compositor Robson Moratelli lembrou a relação familiar dentro da parceria, formada para a disputa do Carnaval 2014. O poeta campeão reforçou o alto nível da grande final e saboreou a conquista.

“Considero a minha parceria uma família que não desiste jamais de seus sonhos e passaram quatro longos anos sem conseguir atingir este sonho, mas sempre lutando para fazer o melhor pela nossa escola e digo que esta luta não parou em mais uma final dificílima onde trabalhamos sem parar com muito carinho e amor pela Grande Rio, buscando este tão sonhado campeonato nessa grandiosa finalíssima. Joãozinho da Gomeia se tornou filho desse chão não por nascimento mas por adoção e levou a cultura, o axé para várias pessoas, sejam elas ilustres ou não, e hoje, o enredo da nossa Grande Rio será uma honra para o caxiense mostrar a história de João, disse.

Muito emocionado, Derê foi econômico nas palavras, mas intenso no sentimento. Tetracampeão, ele enalteceu o enredo escolhido pela Grande Rio e declarou que o tema foi fundamental para o surgimento de tantas obras de qualidade.

“Nossa comunidade pedia um enredo desse há muito tempo. Essa vitória é para cada componente que desfila na Grande Rio. É muito prazeroso vencer pela quarta vez. Eu não conseguia ganhar na escola desde 2014”, resumiu o vencedor.

“Parece que a ficha não caiu ainda. Estou há 14 anos nessa escola, hoje emplaco meu quarto samba. Cada ano é mais emocionante que o outro. Esse ano foi um resgate que a escola fez, depois de 25 anos, vir com enredo afro desde 1994 não fazia. O resultado foi esse, sambas maravilhosos, qualquer um poderia ganhar e, Graças a Deus, aos meus Orixás, nós fomos contemplados. A gente queria fazer um samba estilo Grande Rio anos 1990 e conseguimos conquistar a galera por isso”, disse o compositor Rafael Ribeiro.

Thiago Monteiro diz que projeto tem ‘responsabilidade fiscal’

O diretor de carnaval Thiago Monteiro atendeu a imprensa na quadra e falou das dificuldades previstas para o desfile de 2020 no aspecto financeiro. Ainda sem previsão de subvenção, o dirigente revela que a escola readequou seu projeto no início e usou o termo ‘responsabilidade fiscal’ para designar o carnaval do ano que vem.

“O desafio é muito grande. Se no ano passado o cobertor era curto, esse ano nem cobertor existe. O segredo é não contar com nada que não está previsto. É um projeto muito responsável. Lá atrás fizemos adequações orçamentárias para fazer um desfile competitivo, com responsabilidade fiscal”.

Em entrevista concedida ao site CARNAVALESCO, Thiago ressalta que a principal proposta da Grande Rio é resgatar aquela escola dos anos 90, que apostava em temáticas com densidade cultural.

“A Grande Rio dos anos 90 era uma escola raiz, que cantou em samba que dava um banho de cultura. Identificamos que resgatar isso era um anseio da comunidade e de todo o mundo do carnaval. Nosso enredo foi muito bem aceito, nossa equipe só recebe elogios. Estamos trazendo de volta a Grande Rio que sempre foi querida pelos seus antigos carnavais”.

Thiago Monteiro rasga elogios à dupla de carnavalescos Leonardo Bora e Gabriel Haddad. Segundo o dirigente, eles não são uma aposta, mas uma realidade e confessa que se não fosse na Grande Rio estariam em outra agremiação do Especial.

“Na minha visão eles são uma realidade já. Não coloco o Gabriel e o Léo na categoria de apostas. Eu os acompanho há muito tempo. Sempre olhei para eles. Se não viessem para a Grande Rio receberiam a oportunidade em outra escola do Especial”.

Embora o novo regulamento do Grupo Especial preveja uma redução no tamanho dos desfiles, a Grande Rio não pretende fazer cortes em seu projeto. Thiago explica que a agremiação vai desfilar com seis alegorias, mais um acoplamento e os três tripés previstos pelo regulamento.

“Nossa ideia é não fazer nenhum tipo de redução. Serão seis alegorias e três tripés. Tecnicamente a redução de cinco minutos com três paradas vai dar no mesmo. São 30, 40 metros de escola só a bateria. Mas também não dá para passar batido. É preciso ter muita responsabilidade com isso. O Fafá precisa apresentar o seu trabalho”.

O diretor de carnaval revela que pretende fazer na Grande Rio ensaios setorizados de alas, além dos já tradicionais ensaios gerais. A tricolor inicia os treinos de comunidade dentro de 10 dias e em dezembro vai para a rua.

“Vamos com 3.200 componentes. Eu estou com a ideia de fazer ensaios específicos com determinadas alas em nossa quadra. Na outra terça-feira vamos iniciar nossos treinos de comunidade. Em dezembro vamos começar nossos ensaios na Brigadeiro, no centro de Caxias”.

Thiago deixou claro que a escolha da escola cumpre parâmetros técnicos e que um samba-enredo não possui as mesmas características de outras obras musicais, uma vez que é uma composição que precisa atender a um julgamento. O dirigente ressalta a qualidade da safra que a escola recebeu.

“A gente esteve o tempo todo atento a tudo que poderia acontecer. A escolha foi feita com muita responsabilidade, através de várias mãos. Demos um grande passo hoje para o nosso carnaval. Tivemos a tranquilidade e o cuidado necessários .Nunca passou pela nossa mente a possibilidade de junção. A safra tinha muita qualidade. O samba campeão está atrelado ao enredo. A música de um desfile é diferente daquela que escolhemos para ouvir em casa. Nosso samba é bonito, atraente melodicamente e possui uma letra adequada ao nosso tema. Escolhemos hoje um quesito”.

Bora e Haddad trazem novo estilo de fazer carnaval

Talentosos, os carnavalesco Leonardo Bora e Gabriel Haddad chegam na Grande Rio após o belo desfile no Cubango. Ao site CARNAVALESCO, ele falaram da estreia no Especial.

“Temos de ter os pés no chão como tivemos no Acesso. O nosso trabalho é muito focado para a cultura popular. É voltado numa fala de Brasil. A direção da Grande Rio tem respeitado muito o que nós temos falado. Isso está ajudando o trabalho andar”, afirmou Gabriel.

Ambos, falaram que a proposta de 2020 é também resgatar os grandes enredos apresentados pela Grande Rio.

“Quando a gente foi contatado a vontade da diretoria era resgatar e dar ‘um banho de cultura’ como na década de 90”, disse Gabriel. “A Grande Rio é uma escola muito absorvente. É uma escola jovem. Recebeu a nossa estética de braços abertos. Foi algo conversado durante a negociação. Nós não tivemos nenhuma resistência nesse sentido”, completou Bora.

Mestre de bateria mantém os pés no chão e aponta onde precisa melhorar

O jovem mestre Fafá teve um ano mágico em sua estreia como mestre na Grande Rio. Além de garantir os 40 pontos, enfileirou premiações. Com os pés no chão ele revela onde acredita que o trabalho tenha que melhorar pra 2020.

“Vamos passar com 270 ritmistas. O nosso carnaval esse ano foi muito positivo. Conseguimos os 40 pontos e muitos prêmios. Precisamos melhorar ainda assim. Os repiques e as caixas, a equalização da bateria são os focos principais. Todos os ritmistas estão felizes. A nossa pegada é respeito e humildade”.

A elogiada safra de sambas da tricolor de Caxias faz a responsabilidade da bateria aumentar, de acordo com Fafá. O mestre ressalta ainda que a roupa do desfile vai causar frisson na avenida.

“Aumenta com certeza nossa responsabilidade. Graças a Deus tivemos um bom enredo e grandes sambas. Se Deus quiser vamos atingir o nosso objetivo que é voltar entre as campeãs e quem sabe beliscar esse campeonato. O que posso dizer que é um roupa que vai surpreender muito gente. Os carnavalescos me ouviram muito. O figurino é leve e vai permitir um grande show da nossa bateria”, destacou.

Paolla é coroada e pastor evangélico se desculpa por intolerância religiosa

Lotada como de costume, a quadra da Grande Rio viveu um clima diferente na final de samba. Como se a comunidade sentisse o bom momento vivido pela escola, com um enredo cheio de pertencimento e uma safra de sambas que encheu seu povo de orgulho. Por isso, o diretor de carnaval Thiago Monteiro subiu ao palco para um discurso com um tom de avenida. Voz empostada, palavras de incentivo. Uma Grande Rio como fome de conquista.

O show com os segmentos teve a direção geral de Beth Bejani e ao longo dos sambas históricos da escola, o espetáculo contava uma vertente da vida do homenageado, João da Gomeia. Entrosados, o intérprete Evandro Malandro e a bateria Invocada brindaram o público com uma grande apresentação.

O enredo da Grande Rio tem um setor dedicado à intolerância religiosa. Por isso, a escola convidou representantes de diferentes crenças religiosas para uma bênção conjunta na quadra. Todos tiveram direito a um pequeno discurso. O mais emblemático veio justamente do representante evangélico. Ele pediu perdão pela intolerância e o racismo contra terreiros de culto africano. Recebeu um rufar da bateria e foi ovacionado pela quadra. Um momento de forte emoção e simbolismo.

Outro momento de ápice da final foi a coroação da nova rainha de bateria da Invocada, Paolla Oliveira. A atriz foi coroada pela colega atriz Juliana Paes, que reinou nos dois últimos carnavais em Caxias. Juliana discursos e elogiou beleza de Paolla e lhe passou a coroa. A atriz já foi rainha de bateria da tricolor, a última vez em 2010. Com um look sensual e ousado e uma capa nas cores da escola, fez um breve discurso para o povo na quadra.

“Dar o meu coração e a minha alegria a vocês e torcer para esse título tão sonhado. Não estou substituindo a Juliana. É uma passagem de bastão”. resumiu.

O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Daniel e Taciana, vai para o segundo ano junto na Grande Rio. Ao CARNAVALESCO, eles analisaram o desfile de 2019.

“A ‘Taci’ me surpreendeu muito. Foi uma aposta da escola. Eu fiquei muito feliz de poder conduzir ela”, afirmou o mestre-sala. Ele explicou o enredo pede uma coreografia afro para o desfile de 2019.

Como foram as apresentações dos outros finalistas

Parceria de Dinho Artigliri – Segundo samba a se apresentar na grande final a obra cumpriu um bom papel no início, mas foi uma apresentação irregular, apesar do esforço da parceria em realizar uma passagem bonita. No fim claramente o samba perdeu desempenho.

Parceria de Márcio André – Quarto samba a se apresentar, em seguida do favorito Derê, não se intimidou. Foi a segunda melhor apresentação da noite e a arrancada mais forte. Entretanto do meio para o final da passagem do samba, houve uma vertiginosa queda de rendimento, comprometendo a apresentação.

Parceria de Elias Bililico – A parceria que encerrou as apresentações deixou a desejar na final, embora o samba tenha boas qualidades. Ao lado da parceria de Marcelinho foi o samba mais distante do alto nível dos demais.

Parceria de Marcelinho Santos – Primeiro samba a se apresentar na quadra esteve bem distante do bom nível de apresentações, principalmente de Derê e Márcio André. A parceria encontrou dificuldades com o canto do público desde o começo da apresentação.

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