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Salgueiro abraça obra de Demá Chagas e Marcelo Motta na final e faz dos compositores heptacampeões

Por Guilherme Ayupp, Daniela Safadi e Philipe Rabelo. Fotos: Magaiver Fernandes

O Salgueiro já tem samba para o Carnaval 2019, quando apresenta o enredo ‘Xangô’. A Academia do Samba realizou na madrugada desta sexta-feira a grande final que definiu a obra de Demá Chagas, Marcelo Motta, Renato Galante, Fred Camacho, Leonnardo Gallo, Getúlio Coelho, Vanderlei Sena e Francisco Aquino como grandes vencedores. O time de poetas superou outras três parcerias na noitada de samba da Silva Teles. A vermelha e branca do bairro da Tijuca será a quarta a desfilar no domingo de carnaval pelo Grupo Especial. O desenvolvimento será do carnavalesco Alex de Souza.

A dupla de compositores Demá Chagas e Marcelo Motta decidiu pela união de suas parcerias depois de se revezarem nas conquistas nos últimos três anos. A junção foi benéfica para ambos, que dividem na galeria de conquistas salgueirenses sete sambas-enredo.

Compositor consagrado com obras de meio de ano gravadas por nomes como Zeca Pagodinho, Fred Camacho conquista o seu terceiro samba em sua escola de coração, junto dos parceiros Getúlio Coelho e Francisco Aquino. Renato Galante, que acompanhou Demá na conquista de 2018, vence pela segunda vez e Vanderlei Sena é o único integrante da parceria campeão pela primeira vez.

“Costumo dizer que a emoção de ganhar um samba é a mesma de quando tive meu primeiro filho. É uma explosão que só entende quem passa por isso. É uma gratidão muito grande pela comunidade, que apoiou nosso samba, por todos os nossos segmentos… Ganhar o samba é ótimo, agora ganhar por unanimidade é algo muito especial na minha vida”, contou Demá Chagas.

O compositor Marcelo Motta como de hábito esteve muito emocionado após o anúncio de sua sétima vitória. Em entrevista concedida ao site CARNAVALESCO falou da relação com a escola e de mais uma vitória na sua agremiação do coração.

“O Salgueiro é como se fosse o meu país. Eu vou lutar sempre pelo seu melhor. É a sétima vitória mas é sempre como se fosse a primeira. Quando eu era moleque eu jamais imaginei fazer parte de tudo isso aqui, quiçá ganhar um samba, vencer sete então. E falar sobre Xangô é um sonho”, declarou entre lágrimas.

A parceria que chegou à final como a favorita para levar a vitória, teve no comando do palco a dupla Igor Sorriso e Tinga. Toda a quadra do Salgueiro cantou o samba durante sua apresentação. Foi o único samba a conseguir conquistar o público fora do espaço de sua torcida. No camarote presidencial boa parte das pessoas cantaram o samba com bastante empolgação. Um favoritismo confirmado na apresentação na quadra. O ponto alto da passagem do samba foi o refrão principal.

“Eu cresci dentro dessa quadra desde garoto. Eu fui ritmista do Aprendizes do Salgueiro, eu comecei a desfilar na bateria com 15 anos. Eu cresci com bamba, com mestre Louro, que eu chamo de pai, depois fui carro de som do Salgueiro. Eu É meu terceiro título com muita alegria, muita honra, muita felicidade. Eu sou Salgueiro”, disse o compositor Fred Camacho.

Presidente de honra rompe o silêncio e liga metralhadora giratória

O Salgueiro passa por um conturbado momento em seus bastidores. A disputa política pelo poder na agremiação fez a diretoria convocar uma coletiva para que fossem prestados esclarecimentos sobre o imbróglio que vem dificultando o andamento do projeto da escola. O presidente de honra Rafael Alves usou palavras duras para se referir à oposição.

“Quem optou por esse caminho do enfrentamento foram eles. Não se elegeram, perderam o pleito e querem entrar aqui na marra. Não vão. Querem disputar na justiça e fazer a escola sangrar. Isso aqui está parecendo essa guerra de esquerda e direita que vem assolando o país. Será que estão pensando no Salgueiro? Gastam uma fortuna com advogados e apoiadores. Poderiam usar todo esse poder financeiro em prol da escola”, atacou.

Regina se manteve em silêncio enquanto o presidente de honra respondia ao questionamento dos jornalistas. Segundo o dirigente, as novas eleições vão ocorrer no dia 28 de outubro com uma pessoa a ser indicada por Regina Celi para o posto. Alves também fez duras críticas ao ex-casal do Salgueiro, Sidclei e Marcella.

“Não honraram com a palavra. A Marcella sabe muito bem que sua gravidez é de risco. Ninguém foi demitido. Ela apenas foi afastada do desfile do ano que vem. Pensamos na saúde dela e de seu filho. Tivemos humanidade com eles sem que eles merecessem. Eu mesmo os paguei lá no barracão. É um festival de fake news que envolve essa história. Duvido ser desmentido por qualquer um dos dois sobre tudo o que estou dizendo”, seguiu nos ataques.

Regina opta por saída discreta

O show ‘Raizes’ para noite da final de samba foi criado por Carlinhos Salgueiro e brindou um público com mais uma apresentação de excelência, que é a marca do coreógrafo e passista. O intérprete Emerson Dias entoou os clássicos sambas salgueirenses. O carro de som criou números musicais com arranjos específicos para cada samba cantado. O ápice da apresentação foi a representação de Xangô por um passista. Ele começou se apresentando no camarote presidencial e foi realizando sua performance ao longo de toda a quadra.

Personalidades das maiores escolas do carnaval marcaram presença além da diretoria da Liesa. A rainha de bateria Viviane Araújo como sempre foi um dos pontos altos da noite com um vestido todo vermelho. Ela saldou o público do seu camarote e do novo palco da bateria. A presidente Regina Celi, ao contrário das demais escolhas de samba, optou pela discrição desta vez. O anúncio foi feito pelo presidente de honra Rafael Alves.

Em recém-chegado ao posto de diretor de carnaval do Salgueiro, Igor Leal quer deixar um legado na escola.

“O meu maior desafio acredito que seja seguir à risca o que diz o slogan da escola: ‘nem melhor, nem pior, apenas uma escola diferente’. Na minha visão, por ter uma trajetória como compositor, eu quero fazer um trabalho diferenciado nesse aspecto. Não gostaria de apenas passar, mas sim deixar marcado. E em uma escola feito o Salgueiro esse é um baita desafio”, disse.

Segundo ele, o Salgueiro terá 29 alas no Carnaval 2019, sendo 22 alas somente para comunidade.

“Na próxima quinta-feira eu vou fazer um ensaio fechado para a gravação de nossa faixa no CD. Vou usar algumas vezes a quadra para fazer ensaios só com a comunidade. Já temos acertado também dois ensaios na Conde de Bonfim, dois na Maxwell e outros dois no morro, próximo de nossa comunidade. Vamos ter ajustes no samba. Pequenas alterações na obra vencedora. É algo comum em todas as agremiações”, explicou.

Marcão não está preocupado e nem se envolve com questão política

Responsável pelo comanda da Furiosa, mestre Marcão é certeza de um ótimo trabalho e notas boas para o Salgueiro.

“Não muda muita coisa de 2018 para 2019, vão mudar alguns arranjos por causa do samba, já que cada ano é um samba diferente. Pode contar que vai ter macumba sim. Vamos no 146 ou 147 BPM (batidas por minuto). A gente não pode perder a nossa característica”, afirmou o comandante da Furiosa, que evita falar da política salgueirense.

“Nessa parte eu não me envolvo, essa parte não é nossa. Eu não estudei direito. Eu faço o meu trabalho dentro do Salgueiro, faço a minha parte, porque eu não sou Salgueiro, eu nasci Salgueiro. Não quero saber como está ou não está, eu quero botar o meu trabalho na rua, só isso”.

Mais um ano à frente da bateria, a rainha Viviane Araújo não pensa nem em sair do posto um dia.

“Estou aqui muito feliz, mais um ano no Salgueiro. Tivemos uma safra boa de samba e sei que que vamos para Avenida com um samba lindo”.

Emerson Dias, que é salgueirense e agora assume o microfone oficial da escola, é outro que só pensa no desfile, sem manifestar nada politicamente no Salgueiro.

“Não me envolvo, sou profissional da escola, independentemente de quem quiser, eu trabalho, eu sou profissional da escola, eu não tenho bandeira, nem A nem B”.

O cantor não está preocupado com a possibilidade da volta de Quinho, caso a chapa 2 vença a eleição.

“Cada um com seu cada um, problema nenhum, ele é ele e eu sou eu, pra mim é de boa”.

Enredo sobre Xangô já estava na gaveta do carnavalesco

O carnavalesco Alex de Souza é um dos que procura separar o momento política e foca no seu trabalho de desenvolvimento do desfile.

“Eu tenho que fazer os projetos e estou fazendo. O meu papel é conseguir construir e botar na rua. Espero que tudo corra bem para chegar na Avenida”, disse.

Segundo o artista, o ano de 2018 teve a missão de substituir Renato Lage. “Era uma incógnita. Conseguimos fazer um carnaval bonito. Para 2019, apesar dos pesares, em relação ao projeto acho que a expectativa não é tão ruim, tem que realizar. Quando aceitei o convite do Salgueiro, antes da escola me apresentar o enredo das mulheres, eu tinhas outros dois. Um era o Xangô. Sabia que a escola também tinha esse desejo e, finalmente, saiu da gaveta”.

Casal não pensa em disputa política e foca no trabalho

A missão é árdua para os irmãos Vinicius e Jack Pessanha. A dupla carregará o peso do quesito mestre-sala e porta-bandeira do Salgueiro no Carnaval 2019 e os 40 pontos sempre sonhados.

“Somos oriundos do Aprendizes do Salgueiro. Dançamos há 20 anos, desses, dez são aqui dentro, no Salgueiro. Passamos pela Unidos da Tijuca, mas somos oriundos daqui, da comunidade, não tenho como negar que estar aqui era um sonho. Desde criança tinha esse sonho de chegar ao primeiro posto. Acabou que esse ano surgiu a oportunidade e estamos muito felizes”, disse o mestre-sala.

“Somos irmãos de sangue, irmãos de vida, somos amigos. Pra mim é muito importante estar aqui. É um sonho junto com meu irmão estarmos nos tornando o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Acadêmicos do Salgueiro, onde nós somos crias, somos nascidos e criados. Nosso sangue está aqui, nossa alma está aqui! Pra mim, esse momento dentro do Salgueiro não tem preço”, garantiu a porta-bandeira, que não está assustada com a disputa presidencial da escola.

“Independente de briga, de disputa na justiça, de coisas na internet… somos profissionais, estamos trabalhando muito. Estamos ensaiando todos os dias. Com foco que é passar na Avenida e fazer o que a gente sabe fazer”.

Sérgio Lobato e a missão de substituir Bejani

A comissão de frente do Salgueiro terá uma grande novidade em 2019. O coreógrafo Hélio Bejani saiu da escola e entrou Sérgio Lobato.

“É uma honra estar nessa grandiosa agremiação, fui muito bem recebido, estou muito feliz. É um grande desafio estar substituindo grandes comissões, principalmente, como as do Hélio (Bejani) que foram muito bem sucedidas aqui. A responsabilidade é enorme, não me assusta, nem tenho medo, senão não aceitaria o convite, o desafio. Mas sei da responsabilidade e espero cumpri-la muito bem. Me sinto em casa como se já estivesse há muito tempo aqui”, contou Lobato.

O coreógrafo, em entrevista ao CARNAVALESCO, ainda abordou as comissões de frente que viraram espetáculos e o uso de tripés.

“Acho que essas comissões “show” foram benéficas para nós, coreógrafos, não sei avaliar se foram benéficas para o carnaval. A dificuldade aumenta porque não é uma coisa matemática, só estar dentro do enredo para ganhar 10. É comparativo, mas é um desafio que precisamos encarar, faz parte do nosso trabalho. Sou a favor do tripé, desde que ele realmente tenha uma função, um significado dentro da comissão e seja bem utilizado. Para os coreógrafos é importante porque às vezes serve de coxia, porque temos isso no tetro, na Avenida não tem”.

Como foram as outras apresentações dos finalistas

Parceria de Antônio Gonzaga – O samba foi o primeiro a se apresentar e contou com um palco de peso, com Marquinhos Art’Samba e Leozinho Nunes. No início da apresentação a parceria largou o canto dos refrões para a quadra, mas apenas a torcida correspondeu. A passagem do samba não contagiou o público.

Parceria de Luiz Pião – A obra foi defendida na quadra pela dupla Evandro Mallandro e Zé Paulo Sierra. Apenas a torcida do samba cantou o samba durante a apresentação. Os cantores jogaram o canto em alguns momentos para o público presente na quadra e somente os torcedores da parceria corresponderam. O restante da quadra apenas acompanhava a apresentação sem se manifestar.

Parceria de Daniel Pereira – A parceria considerada azarã na grande final escolheu os intérpretes Bruno Ribas e Gilsinho para defenderem o samba. A torcida não era muito numerosa. Durante a passagem da obra foi possível notar muita dificuldade na sustentação do canto.

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