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Samba Didático: Mocidade vai saudar Oxóssi no embalo da batida de caixa da ‘Não Existe Mais Quente’

Verde e Branco da Zona Oeste quer voltar a comemorar um título na quarta-feira de cinzas, de forma isolada, algo que não acontece desde 1996 com o "Criador e Criatura"

A história do padroeiro e a homenagem a ícones espetaculares da história da bateria da Mocidade e do Carnaval Carioca dialogam entre si no enredo “Batuque ao caçador”. Campeã em conjunto com a Portela em 2017, com as bênçãos de Oxóssi, a Verde e Branco da Zona Oeste quer voltar a comemorar um título na quarta-feira de cinzas, de forma isolada, algo que não acontece desde 1996 com o “Criador e Criatura”.

Foto: Leandro Ribeiro/TV Globo

Completando 10 anos no carnaval de 2022 como o dono do ritmo de Padre Miguel, mestre Dudu, herdeiro de mestre Coé, está perto de bater o recorde de 14 anos do icônico mestre André. Todos os três comandantes da “Não Existe Mais Quente” são citados no samba para o próximo carnaval. Não só eles, mas todos os ritmistas de ontem, de hoje e de sempre que compõem a alma da Mocidade, como é descrito no final da sinopse.

Em nova casa, mas seguindo na Zona Oeste, o carnavalesco Fábio Ricardo terá a responsabilidade de fazer esse paralelo entre o padroeiro da escola e os grandes ritmistas que fizeram da bateria da Mocidade uma instituição tão singular do carnaval. A Verde e Branca de Padre Miguel será a terceira agremiação a pisar na Avenida na Segunda-Feira de carnaval em 2022.

O samba é uma composição de Carlinhos Brown, Diego Nicolau, Richard Valença, Orlando Ambrosio, Gigi da Estiva, Nattan Lopes, JJ Santos e Cabeça do Ajax. O compositor Diego Nicolau explicou um pouco sobre essa relação entre o padroeiro e bateria da Mocidade que é tão enfatizada também no samba para 2022.

“O nome do enredo da Mocidade já diz muito, ‘batuque ao caçador’, o batuque, referência ao tambor, consequentemente a nossa bateria. E ao caçador porque a gente vai falar de Oxóssi, conhecido como o orixá caçador de uma flecha só. A gente tem dois momentos importantes do samba que ao mesmo tempo que estão bem definidos na letra, também se fundem, porque Oxóssi é o padroeiro da nossa Mocidade Independente e o pelo outro lado, ele também é muito importante para a bateria da Mocidade Independente, que é uma bateria diferente que toca no estilo ‘Agueré’, o toque para Oxóssi. E aí a gente consegue reunir os dois grandes sonhos de seus componentes, e principalmente depois dos últimos carnavais que a nossa bateria, que é o nosso orgulho e seu padroeiro “, esclarece Diego Nicolau.

O site CARNAVALESCO, dando continuidade à série de reportagens “Samba Didático”, pediu ao compositor Diego Nicolau para explicar um pouco mais sobre os significados e as representações por trás dos versos e expressões presentes no samba da Mocidade Independente de Padre Miguel para o carnaval de 2022.

“OKÊ ARÔ OFÁ DA MIRA CERTEIRA / DONO DA MATA, OKÊ OKÊ, MUTALAMBÔ / SEU AJEUM JÁ PREPAREI NA QUINTA FEIRA”

“Nesse começo a gente apresenta Oxóssi. ‘Okê Arô’ é uma saudação específica do orixá Oxóssi. A gente começa posicionando ele, deixando ele bem posicionado. ‘Ajeum’ é a comida, é a oferenda específica para o orixá, para Oxóssi”.

“NO FUNDAMENTO, A BATIDA INCORPOROU”

“Esse verso pode até não ter chamado tanta atenção, mas ele serve para posicionar tanto um como o outro, do que a gente vem homenagear no samba. Essa batida é a batida lá na frente, é a batida pra Oxóssi”.

“SAMBORÊ PEMBA FOLHA DE JUREMA”

“É um momento importante para que a gira e a batida inicie”.

“HÁ PROTEÇÃO DE OGBOJU ODÉ / PAI OXALÁ LHE DEU SEU DIADEMA / QUEM REGE MEU ORI, GOVERNA MINHA FÉ / NOS IDILÊS A ANCESTRALIDADE”

“São personagens importantes, Oxóssi tem muitos nomes. Ele é o caçador que ficou conhecido como o maior deles, mas ele tinha também seus ancestrais, os Idilês”.

“O ALAKETU NO EGBÉ DA MOCIDADE”

“O ‘Alaketu’ é Oxóssi, o rei de Ketu, e ‘Egbé’ é a comunidade, o local onde moram ou moravam naquela época da ancestralidade os orixás. E aí gente faz uma analogia com a Mocidade e a Vila Vintém. A comunidade da Mocidade é a Vila Vintém, é a Zona Oeste”.

“OXÓSSI É CAÇADOR DE UMA FLECHA SÓ/ HERDEIRO DE IEMANJÁ, IRMÃO DE OGUM (EXU) /AQUELE QUE NA COBRA DÁ UM NÓ / AQUELE APAIXONADO POR OXUM”

“No refrão do meio, a gente faz aquele refrão bem didático, mas sem perder a poesia, a gente fala quem é Oxóssi. ‘A cobra dá um nó’ é na verdade uma referência a uma lenda dele, uma grande serpente. E Oxum seu grande amor. E na segunda vez a gente troca Ogum por Exu, porque ele teve dois irmãos apenas”.

“IBUALAMA O MAR ATRAVESSOU”

“Aí, a gente meio que dá uma trava para que a gente possa trazer Oxóssi para o Brasil, para que nós todos possamos entender que se hoje ele é um orixá tão popular foi porque ele chegou através da travessia da África para cá, chegou na Bahia e no Rio de Janeiro, duas cidades negras, duas cidades onde a matriz africana foi muito difundida”.

“NO GANTOIS VIROU SÃO JORGE GUARDIÃO”

“Lá na Bahia Oxóssi é São Jorge. No sincretismo Oxóssi é Ogum”.

“UM RIO INTEIRO EM TEU NOME MEU SENHOR/ QUEM É DE OXÓSSI É DE SÃO SEBASTIÃO”

“A gente quis fazer uma brincadeira com o Rio de Janeiro e ‘em teu nome’ porque o nome é São Sebastião do Rio de Janeiro. Por isso, quem é de Oxóssi é de São Sebastião. Achamos que era importante, é uma forma importante até aqui no Rio de Janeiro porque as rodas de samba, os compositores aqui do Rio, todos eles entendem dessa forma que tem outras músicas, música popular brasileira que vão falar de Oxóssi e falam de São Sebastião”.

“Ô JUREMÊ, Ô JUREMÁ /CABOCLO LÁ DA JUREMA É CACIQUE NESSE CONGÁ”

“Foca no Oxóssi do Rio de Janeiro em que tem muitas situações que ele meio que foi virando padroeiro de muitas agremiações como o Cacique de Ramos que a gente fala ‘Ô Juremê’, ‘Ô Juremá’, ”.

“MANDINGA DE TIA CHICA FEZ A CAIXA GUERREAR/ INVERTEU MEU TAMBOR, DE DUDU E DE COÉ, / FOI QUIRINO, FOI MIQUIMBA DE JORJÃO, O AGUERÉ”

“É uma mãe de santo da região da Zona Oeste que era conselheira de vários componentes da Mocidade. É o grande caminho pois tia Xica era quem benzia todos eles. Essa proteção passou em forma de batuque também para todos os ritmistas através do mestre André. Aí faz referências a caixa de guerra da Mocidade, inverteu meu tambor que é mais uma característica da bateria da Mocidade e cita mestres ou diretores e ritmistas que fizeram grande diferença dentro da bateria da Mocidade. E o nosso atual mestre, filho de Coé e, é muito importante para esse novo momento da Mocidade”.

“FEZ DO AGUIDAVI, BAQUETA DA NOSSA GENTE”

“Aguidavi é a baqueta utilizada pelos ‘Ogãs’ na hora do terreiro”.

“ARERÊ ARERÊ KOMORODE/ KOMORODE AROLE KOMORODE/ ARERÊ ARERÊ KOMORODE /TODO OGÃ DA MOCIDADE É CRIA DE MESTRE ANDRÉ”

“O ‘Arerê komorode’ é a festa para Oxóssi. Algazarra. A gente usa o ‘Arole’ que é outra saudação a Oxóssi e trazemos a alegria que acho que combina muito com esse momento do carnaval. Acho que precisamos disso, alegria e de festa. Aí no fim falamos de todos os mestres, mas aí é a grande sacada, falamos daquele que é além de ser o mais importante para nossa escola, é o mais importante para o carnaval. Mestre André não precisa falar, comentar, é eterno para o Carnaval, para o samba e para a nossa Mocidade”.

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