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Série Barracões Série Ouro: ‘Deu Castor na Unidos de Bangu’

Vermelho e branco da Zona Oeste carioca vai homenagear o contraventor Castor de Andrade, que é nascido e criado em Bangu

Desde 2018 desfilando na Marquês de Sapucaí pela Série Ouro, a Unidos de Bangu é uma agremiação de respeito da Zona Oeste do município do Rio de Janeiro. A escola foi criada por conta de um bloco que teve a fundação feita por operários da extinta fábrica de tecidos de Bangu, que eram apaixonados por samba. No carnaval de 2020, a escola veio falando de “Memórias de um Griô: a Diáspora Africana Numa Idade Nada Moderna e Muito Menos Contemporânea”, no desfile tiveram erros que resultaram na 10ª colocação. Mas para este ano tudo será diferente, ainda mais falando em amantes do samba, é o que ela pretende levar para avenida neste carnaval.

Foto: Emerson Pereira/Divulgação Unidos de Bangu

Nada de “bonecões gigantes” no desfile da Unidos de Bangu em 2022. Pelo menos é isso que o carnavalesco Marcus Paulo garantiu. Desenvolvendo o enredo “Deu Castor na cabeça”, que vai homenagear o mecena e contraventor Castor de Andrade, também vai contar a história do bicheiro com o bairro de Bangu. Quando Marcus chegou na agremiação, a diretoria logo disse que o enredo da Bangu para 2022 seria sobre Castor.

“Castor de Andrade é endeusado no bairro de Bangu, nascido e criado lá ele tem uma ligação fortíssima com o bairro. Os moradores e até mesmo os próprios dirigentes da escola falam ‘Doutor Castor’, como se o próprio ainda estivesse vivo. Isso eu acho muito legal”, conta o carnavalesco.

Foto: Emerson Pereira/Divulgação Unidos de Bangu

Durante a pesquisa de enredo, Marcus contou com a ajuda de uma amiga que viajava junto com Castor de Andrade, e falou sobre vários fatos que o artista não sabia sobre o bicheiro. Ele também diz sobre o que mais de interessante encontrou durante todo o processo de desenvolvimento do enredo. “A inteligência de Castor. Onde ele chegava fazia questão de ser chamado de “Doutor”, além disso o amor dele pelo samba, pelas escolas de samba. Isso realmente é algo que me encanta”.

Castor era sem dúvida uma pessoa que atraía atenção onde passava. Para Marcus, o grande trunfo do desfile da Unidos de Bangu neste carnaval começa pelo enredo, pois ele espera que todos entendam a alegria e o “jeitão carioca” de Castor. “Esse jeitão carioca é falando do homem que nasceu no bairro da Zona Oeste da cidade, gostava de fazer a fézinha dele no jogo, apaixonado por futebol, tanto que já foi da diretoria do Bangu e amante do samba que respeitava a Marquês de Sapucaí como ninguém”.

A comunidade banguense abraçou o enredo e o carnavalesco conta que a alegria deles é para brincar no Sambódromo. “O Castor se divertia, ajoelhava ali na avenida, mas se jogava no samba. Folião nato! Essa é a essência que quero passar na avenida”.

Marcus ainda deixa um spoiler falando que no início do desfile terá uma surpresa que irá impactar todo mundo. Castor de Andrade possuía vários perfis: o de bicheiro/contraventor,
apaixonado por samba e por futebol. Segundo o artista, na Unidos de Bangu todos vão ser explorados, mas o do samba é fundamental. “Na Unidos de Bangu estamos olhando pelo lado romântico e a troca que as escolas de samba tem com os seus banqueiros de bicho, com os patronos”.

Foto: Emerson Pereira/Divulgação Unidos de Bangu

Ele também fala de como vai retratar um desses perfis: “Esse lado de Castor de Andrade que vestia as pessoas de comunidades, todas do entorno de Bangu, ele vestia elas como reis e rainhas que se sentiam assim na Sapucaí e estampavam os noticiários por sua escola estar fazendo um desfile fantástico. A Vila Vintém foi para os jornais, porque a instituição de lá foi impecável na avenida. Assim Padre Miguel foi lançado no mundo inteiro por ter sido representado por uma escola de samba, que pela vaidade do seu patrono fazia um grande desfile”, esclarece.

Em um desfile sobre Castor de Andrade é claro que não pode faltar falar sobre o conhecido “jogo do bicho”. Algo que veio da família de Castor e se enraizou. A avó dele fez a primeira banquinha e logo depois os negócios foram se expandindo.

“Dona Yayá foi quem montou a primeira banquinha. A partir do momento em que o pai de Castor se casa com a mãe do próprio, assume tudo e expande por toda Bangu. Herança matriarcal e numa época que esse jogo era mais descontraído. É esse toque que estou dando no jogo do bicho da Unidos de Bangu”, explica o carnavalesco.

 

Impossível falar de Castor sem citar a Mocidade Independente de Padre Miguel e o Bangu Atlético Clube. E na avenida, a vermelho e branco da Zona Oeste vai representar isso muito bem. De acordo com o carnavalesco da escola, eles vão levar para avenida uma alegoria representando o time do Bangu.

“Castor e sua família alçaram o clube para o cenário nacional. O torcedor do Bangu é muito apaixonado e acredito que vão se identificar muito com a nossa alegoria que traz alguns atletas do clube”, diz o artista. Falando da Estrela Guia de Padre Migual, não dá pra fugir, pois Castor era patrono da Mocidade. “Temos um setor inteiro em homenagem a escola e um carro alegórico também”, completa Marcus.

Dificuldades da Série Ouro e a pandemia de Covid-19

Por conta da pandemia, é notório que as escolas pararam suas atividades e só foram voltar quando já estavam liberadas. Essa incerteza de ter carnaval ou não mexeu com muitas pessoas, principalmente os profissionais do meio. “Nesse tempo só dava para desenvolver o enredo e desenhar o projeto. Quando voltamos na ativa, recebemos uma pequena verba da Prefeitura, que não é a ideal para a gente da série ouro. Com esta incerteza de ter desfiles ou não, ficávamos segurando e dando continuidade aos trabalhos, sem saber se a verba ia vir mesmo. Falta o olhar das autoridades para as escolas da Série Ouro, para a gente. cho que elas não tem o olhar, as instalações de barracão, na verba que é um abismo do Grupo Especial para as da Ouro e de lá para as da Intendente Magalhães”, relata o carnavalesco.

Além da dificuldade financeira enfrentada, os carnavalescos também tiveram que lidar com a falta de materiais para fazer a concepção das fantasias e alegorias. “Está tendo uma falta muito grande de materiais no mercado, uma escassez. Mas aos pouquinhos estamos conseguindo fazer tudo, dando um jeitinho aqui e outro ali. A gente desenvolve o projeto com muita dificuldade, temos que ter a arte a flor da pele o tempo inteiro”, finaliza Marcus.

Entenda o desfile

Homenageando Castor de Andrade, a escola pretende explorar o lado alegre, familiar e amante do samba e futebol do bicheiro. Mesmo com as dificuldades encontradas para realizar este carnaval, o trabalho está a todo vapor no barracão da escola e deixando o carnavalesco, Marcus Paulo, satisfeito com o resultado. Ele explica um pouco de como será o desfile da vermelho e branco na Sapucaí.

Primeiro setor: “A gente começa em Bangu com aspectos rurais. Começamos na época da avó de Castor de Andrade, que plantava vegetais no seu quintal. Rural, porque existia uma fazenda no bairro que se originou no nome. Estou trazendo isso para o desfile, com os animais e fazendo uma brincadeira com o jogo do bicho”.

Segundo setor: “Nasce Castor de Andrade no seio dessa família dona do jogo do bicho da região de Bangu. Aí já começamos a falar da juventude de Castor, um menino estudioso, atleta, pois ele era apaixonado por natação e por futebol”.

Terceiro setor: “Chego no Castor de Andrade já adulto, sendo contraventor. Ele ajudou a fundar a “Liga Independente das Escolas de Samba”, que acabou se tornando o primeiro presidente da Liesa. O espetáculo ganha essa organização com essa iniciativa dele junto com os outros presidentes de escolas de samba”.

Quarto setor: “A gente finaliza fazendo uma grande homenagem a Castor no carnaval e também à Mocidade Independente de Padre Miguel pelos seus títulos conquistados na escola. E finalizamos com o mundo do samba agradecendo a ele pelo legado que deixou pra gente no carnaval”.

Ficha Técnica
Número de alegorias: 3 alegorias e 1 tripé
Número de alas: 17 alas
Carnavalesco: Marcus Paulo
Diretor de barracão e carnaval: Marcelo do Rap
Chefe de pintura e esculturas: Marcos (veio de Parintins)
Chefe de carpintaria: Mineiro
Chefe das ferragens: Adilsinho
Chefes de adereços: Wellington Leite e Fábio

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