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Série Barracões SP: Almejando o desfile das campeãs, Barroca Zona Sul aposta na fé de Zé Pilintra

Carnavalesco Rodrigo Meiners diz que está na hora da escola alçar voos maiores e, para isso, o modelo de desfile deve ser mais ousado

A equipe do site CARNAVALESCO visitou o barracão da Barroca Zona Sul e conheceu o projeto da escola para o desfile de 2022. O enredo que a escola levará para avenida, tem como título: “A evolução está na sua fé… Saravá Seu Zé!”, uma homenagem à entidade da umbanda, Zé Pilintra. O carnavalesco da agremiação, Rodrigo Meiners, contou todo o desenvolvimento do enredo.

“A gente conta a história da entidade Zé Pilintra, mas não a história de maneira reduzida do que a população conhece sobre Zé Pilintra, que é apenas o setor da malandragem, boemia, samba e da jogatina. Vamos contar a história seguindo uma linha cronológica. A vida dele como pessoa aqui na terra, o que ele passou, viveu, sofreu, suas experiências e conhecimentos, até e porque ele se torna uma entidade da umbanda. Uma linha cronológica contando a importância dele dentro da religião, terminando com os devotos e pessoas que acreditam nele para viver, pois Zé Pilintra é conhecido como o advogado dos pobres e dos menos favorecidos”.

A história do enredo e a religiosidade da escola

“O enredo é uma ideia que partiu de uma promessa da escola. É uma agremiação muito religiosa. Se você parar para pensar, os temas da Barroca Zona Sul, são ligados à religião, mas nem sempre ligados à África ou à africanidade. Esse enredo não é afro. O Zé Pilintra é uma entidade brasileira de uma religião 100% nacional, que é a umbanda e, esse enredo vem da escola, porque quando eles começam essa retomada lá em 2014, eles se apegam muito à figura do Zé Pilintra. E foi meio que uma promessa que se subisse pro Grupo Especial e permanecesse em 2020, no próximo carnaval, o enredo seria uma homenagem ao Zé Pilintra. Um grande agradecimento. Então, a ideia partiu da agremiação. Do nosso presidente e diretor de carnaval”.

É sabido que infelizmente, a figura de Zé Pilintra, é demonizada por parte da sociedade. O carnavalesco prometeu que a ideia é mostrar que não é assim que a entidade deve ser tratada.

“A gente quer mostrar que não é isso. Não mostramos isso para responder algum tipo de comentário negativo. A gente conta a história dele e, dentro disso, cada um interpreta da sua maneira e tira a sua conclusão sobre o que é Zé Pilintra. Mas, tenho certeza que quem assistir ao desfile de fato e prestar atenção, vai sair com outra ideia. Por tudo que ele passou, viveu e sofreu, não tem como associar ele a uma figura ruim. As coisas de errado que ele possa ter feito, foi pela condição de vida que ele enfrentava do que pela maldade e, a grande mensagem do enredo, é essa: Você acaba fazendo coisa errada, cometendo pecado na vida, mas o que importa no final da trajetória da vida é a fé e seus princípios de bondade, caridade, amor. A evolução está na sua fé e no que você acredita”.

O planejamento de desfile na pista

A Barroca está indo para o seu segundo carnaval consecutivo no Grupo Especial. Em 2019, a agremiação conseguiu o vice-campeonato do Acesso I e, consequentemente, ganhou uma vaga no Grupo Especial, depois de ficar 15 carnavais de fora. É uma escola tradicional de São Paulo, que até então, frequentava a elite regularmente desde o final dos anos 70. Finalmente, para a alegria de sua comunidade, a Barroca voltou e se manteve. E agora, segundo o carnavalesco, está na hora de alçar voos maiores e, para isso, o modelo de desfile deve ser mais ousado.

“O desfile do Barroca para 2022, é bem maior em todos os sentidos do que 2020 por várias questões. Em 2020, a escola estava voltando pro Especial depois de 15 anos. Querendo ou não, a comunidade sente esse tempo todo longe do Grupo Especial. A maneira de desfilar e competir é bem diferente. Foi uma retomada meteórica da escola chegar no especial e, voltar pro Acesso, seria uma frustração muito grande para todos. Então, a gente estudou o manual do jogador do carnaval de São Paulo e fizemos um desfile mais coeso e mais seguro de todas as maneiras possíveis do que grandioso e ousado. O Barroca 2020, não foi um desfile para o Rodrigo artista carnavalesco, e sim o serviço prestado para a Barroca Zona Sul. Eu não fiz o que achava mais bonito, o que achava melhor e que fosse render mais elogios ou mais aprovação ou da crítica da mídia especializada do carnaval. Eu fiz, junto ao meu diretor de carnaval e comissão artística, o que fosse mais seguro para a escola permanecer no Grupo Especial”.

Para 2022, o carnavalesco disse que tudo vai mudar. A Barroca desfila em um dia que é a única escola que não ganhou carnaval e, por isso, precisa ainda mais despertar a atenção do público.

“A partir daí, a conversa muda. Quando teve um sorteio onde a gente caiu em um sábado de carnaval, onde a única ‘não campeã’ do carnaval, é a Barroca e desfila depois da atual campeã que vai querer o bicampeonato, a gente entendeu que o ano divisor de águas da escola não era o ano passado. O ano pra gente mostrar nosso trabalho e nossa grandiosidade do que pode fazer pra realmente mudar a história do Barroca em relação à expectativa das pessoas, é 2022. Se a gente conseguir fazer um carnaval imponente, tenho certeza que vão começar a colocar a Barroca Zona Sul como uma escola postulante a alcançar posições lá em cima. Então, é um projeto pensado nisso. Firmar a escola no Especial e mudar essa perspectiva das pessoas. Se a gente conseguir somar a técnica de 2020 com um visual maior, eu tenho certeza que o nosso resultado será melhor. Nosso desafio é trazer um carnaval grande, competitivo, que briga para ir às campeãs ou até mesmo para título, sem esquecer os balizamentos do manual do jogador da temível pasta de jurados do carnaval de São Paulo”.

Uma abertura de desfile impactante é a aposta

Segundo Rodrigo Meiners, desfilar em um dia que o nível é muito alto, pode ser algo que “prejudique” a escola de alguma forma e, apostar em um desfile com uma abertura que chame a atenção do público, é uma estratégia a ser feita.

O investimento foi tanto, que a agremiação contratou o renomado artista coreógrafo, Carlinhos de Jesus. O bailarino teve passagens importantes por escolas como Mangueira, Vila Isabel e Império Serrano e, agora, estreia em São Paulo com a missão de fazer um ótimo trabalho no Barroca Zona Sul e encher os olhos do público no sambódromo do Anhembi.

“É um pouco clichê, mas a abertura da escola é um cartão de visitas. Voltando a falar do dia, é um dia muito pegado. Antes de ser carnavalesco, eu era um espectador e, em um dia desse, a primeira brecha que você dá de baixar o nível, é a hora que as pessoas deixam de assistir o seu desfile e vão ao banheiro ou fazer um lanche. A gente não pode dar essa brecha, ainda mais para um final de noite, depois de grandes escolas. Então, se a abertura não pegar e não chamar a atenção, corremos o risco de ter um desfile frio. Então, fizemos alguns investimentos pesados nessa abertura da escola. Para isso, trouxemos o Carlinhos de Jesus, maior coreógrafo de comissões de frente, ganhou vários estandartes de ouro. Nunca havia desfilado em São Paulo, apesar dos inúmeros convites que ele já teve. É um cara completamente querido pelo público do carnaval, sempre está na TV aberta. Também temos um casal que é um segmento que eu gosto muito de criar. Eu não vi o projeto das coirmãs, mas nosso abre-alas tem uma escultura que se não for a maior, é uma das maiores do carnaval de São Paulo de 2022. Então, são várias coisas que nós preparamos estrategicamente para aguçar o público”.

A comunidade e o carinho com o carnavalesco

Com seus 26 anos, Rodrigo Meiners é o carnavalesco mais jovem entre todos os artistas que assinam o carnaval em São Paulo. Isso contando apenas Grupo Especial e Acesso I. Mas, apesar da pouca idade, Rodrigo vem dando as caras na paulistana. Em 2019, fez um grande trabalho na Mocidade Unida da Mooca e foi contratado pelo Barroca, que subiu para o Grupo Especial naquela oportunidade. Por conseguir manter a agremiação na elite e estar a frente de um projeto ousado, o carnavalesco vem recebendo um carinho muito grande da comunidade da verde e rosa.

“Eu completo três anos na agremiação agora e vou para o meu segundo carnaval. A comunidade do Barroca Zona Sul, de tudo que eu conheço e vivi de carnaval, era ‘carente’, mas não no sentido ruim da palavra. O Barroca Zona Sul quase enrolou o pavilhão ainda na década passada. Há 10 anos atrás, a escola estava pra acabar. Foi uma comunidade que tomou muita pancada na cabeça, viu o que ela ama, se destruir. Então, quando o presidente Everton Cebolinha, junto com o diretor de carnaval, Marcão, assume a escola para essa retomada, a comunidade volta a ganhar confiança e começa a tratar todo mundo de uma maneira incrível, porque na minha visão, ela vê essas pessoas fazendo o melhor pra entidade que elas amam. Então, quando eu entro em 2019 pra montar o carnaval de 2020 nesse contexto, graças a toda confiança que se tem na direção da escola, eu achei que eu ia sofrer um pouco de desconfiança, até porque eu estava na Mocidade Unida da Mooca, fiquei atrás do Barroca e fui convidado a participar da elaboração e execução do projeto para 2020. Mas, a confiança da comunidade na diretoria é tão grande, que acabou refletindo em mim. Tudo que eu faço, recebo elogios da comunidade, eles sempre estão presentes aqui no trabalho, me sinto muito bem tratado e muito feliz quando vou pra quadra do Barroca Zona Sul. A participação comigo é maravilhosa e, com o trabalho, é mais ainda. A mídia do carnaval tem um papel importante nisso. Quando acaba um evento, como a festa de lançamento do CD, a comunidade vê elogios, isso enche eles de orgulho”.

Conheça o desfile

Setor 1
“A gente começa mostrando quem é Zé Pilintra, justamente porque as pessoas associam a uma figura ruim. Então, a abertura do desfile é uma abertura de tudo. É a louvação à Zé Pilintra”.

Setor 2
“É a trajetória de vida dele até chegar no Rio de Janeiro. Ele quando criança no sertão de Pernambuco, tudo que ele passou de ruim no interior do nordeste. Perdeu pai e mãe, o que motivou ele a chegar no Rio de Janeiro. Na região central da Lapa, Zona Portuária e tudo que ele aprendeu e viveu ali. A questão da jogatina, mulherada, boemia e malandragem.

Setor 3
“É a parte da religião, da umbanda, que transformou José dos Anjos na entidade Zé Pilintra. A religião umbanda que é 100% brasileira, inspirada em algumas matrizes africanas”.

Setor 4
“A gente encerra com a mensagem de quem cultua Zé Pilintra e o legado e a mensagem que ele deixa nos dias de hoje. É conhecido como a entidade dos pobres, advogado dos menos favorecidos. Então, a mensagem final é essa. São as pessoas que hoje em dia sofre muitas coisas que o Zé Pilintra sofreu quando ele viveu aqui na Terra e que usam a fé em qualquer entidade ou crença, mas também no Zé Pilintra como maneira de levar a vida e enfrentar essas mazelas de formas mais leve, acreditando que tudo vai melhorar futuramente. Essa é a nossa mensagem final do enredo”.

Ficha técnica

Alegorias: Quatro
Componentes: 1750
Alas: 16
Três casais de mestre-sala e porta-bandeira
Diretor de barracão – Wendel Borreli
Chefe de decoração – Uirley Santos

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