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Sossego pensa em fazer história, mas esbarra em falhas na evolução e no acabamento das alegorias

Por Gustavo Maia. Fotos: Allan Duffes e Nelson Malfacini

No ano em que comemora seu jubileu de ouro, a Acadêmicos do Sossego contou com novos reforços em sua equipe e o aporte financeiro da prefeitura de Niterói para tentar fazer história na Marquês de Sapucaí. Mas, com graves problemas no acabamento de suas alegorias, e, uma evolução irregular, a proteção de Olokum pode não ser suficiente para garantir que a escola alcance o objetivo de ficar nas primeiras colocações.

Por outro lado, destaques como o belo conjunto de fantasias e a bateria comandada pelo jovem mestre Laion Jorge podem ajudar a escola a recuperar-se dos resultados dos seus últimos desfiles na Série A, quando esteve por três anos consecutivos perto do rebaixamento.

Comissão de Frente

A comissão de frente da azul e branca do Largo da Batalha trouxe Olokum, a divindade dos mares, em cortejo com tocadores de tambor. Coreografada por Jardel Lemos, o grupo estava entrosado em sua vibrante apresentação. O ápice da exibição para os julgadores acontecia quando o elemento principal era elevado no elemento cenográfico pelos demais dançarinos.

A fantasia dos dançarinos, em tons escuros como roxo e preto, produzia belos efeitos de movimento. A maquiagem do grupo também foi um destaque. O dançarino principal usava lentes de contato especiais que reforçavam sua caracterização como um sombrio senhor do mar.

Um dos desafios da comissão foi inserir na apresentação a homenagem ao cinquentenário da escola de Niterói. A solução foi levantar o estandarte dos 50 anos da Sossego no próprio elemento alegórico.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O consagrado casal foi uma das apostas da escola para o carnaval de 2020. Marcinho Siqueira e Cristiane Caldas, que vieram da Mocidade Independente de Padre Miguel, juntaram-se à comunidade do Largo da Batalha em novembro.

A fantasia do casal em tons de azul e verde representava os espíritos de Olokum. Embora, a chuva tenha dado uma trégua ao desfile da Sossego, a fantasia da porta-bandeira parecia um pouco pesada na avenida e, em alguns momentos, o entusiasmo e o vigor de Marcinho parecia superar a dança de sua dama. Na apresentação no segundo módulo de julgamento, notou-se um pequeno desencontro na junção de mãos do casal que, entretanto, seguiu sua coreografia enfrentando com elegância os percalços da pista molhada.

Há de se destacar o sorriso nos rostos do casal. Tanto Marcinho quanto Cristiane exibiram-se todo o tempo com expressões de felicidade, ela sempre mais delicada, enquanto Marcinho mostrava-se mais performático.

Harmonia

O intérprete Nêgo foi mais um dos reforços da Sossego para o carnaval de 2020. O consagrado cantor comandou o carro de som com força e segurança do início ao fim do desfile. O canto dos componentes, entretanto, foi irregular ao longo da apresentação. Passados os refrões, quando se notavam momentos de maior empolgação, o canto decrescia intensamente.

Evolução

A evolução irregular da escola do Largo da Batalha foi um dos pontos baixos do desfile. Nos primeiros 30 minutos, a agremiação apertou o passo em vários momentos, não permitindo que os componentes se exibissem com elegância. O resultado foi logo sentido pela direção da escola: foi preciso segurar a bateria na reta final da avenida para evitar que o desfile se encerrasse antes do tempo regulamentar e a escola teve que diminuir muito o ritmo. A marca de 53 minutos no momento do fechamento dos portões mostrou que a escola poderia ter aproveitado melhor seu tempo de desfile.

Samba-enredo

O hino da Acadêmicos do Sossego para o carnaval 2020 cumpriu seu papel na avenida. A obra tem melodia envolvente, refrões fortes e, ainda, exalta o cinquentenário da agremiação de Niterói. O samba foi um dos destaques do desfile deste ano, especialmente após uma sucessão de escolhas de obras com propostas ousadas nos últimos carnavais, que resultou em críticas contundentes aos sambas da Sossego. A letra do samba deste ano também merece destaque, por bem descrever o enredo da escola.

Bateria

A bateria Swing da Batalha, sob a batuta do jovem mestre Laion Jorge, foi um dos pontos altos do desfile da Sossego. Os ritmistas executaram as bossas com perfeição, incluindo referências aos ritmos do maracatu.

Os ritmistas também abriram espaço para uma apresentação performática do dançarino Carlinhos Salgueiro, durante uma das paradinhas. Destaque também para a fantasia dos ritmistas, que não atrapalhou a execução dos movimentos.

Celi Costa foi a rainha da Swing da Batalha, cargo que assumiu recentemente. A dançarina se exibiu com segurança apesar da estreia na escola. A beldade, porém, enfrentou problemas com o costeiro de seu figurino.

Enredo

Para o desfile deste ano, a Sossego optou por uma homenagem ao maracatu. A proposta foi contar a história desta manifestação musical e cultural pernambucana desde suas raízes até suas representações atuais na cidade do Rio de Janeiro e de Niterói, através do grupo “Tambores de Olokum”.

O enredo foi concebido pelo carnavalesco Marco Antônio Falleiros mas, recentemente, passou pelas mãos de Alex de Oliveira e, nos últimos meses, foi concluído pela dupla Guilherme Diniz e Rodrigo Marques. O desenvolvimento do enredo permitiu uma grande diversidade visual na avenida, desde a abertura com a referência a Olokum, divindade protetora dos oceanos, até as manifestações culturais populares no Brasil.

Alegorias e Adereços

Um dos maiores problemas enfrentados pela Sossego estava em suas alegorias, que traziam grandes esculturas, mas sofriam com falhas graves no acabamento. A escultura que representava Olokum no abre-alas entrou na avenida com problemas de pintura e nas junções das partes do destaque. Este problema se repetiu nos demais carros. O primeiro tambor da lateral direita do segundo carro, que representava os tambores da Senhora do Rosário, estava danificado. No terceiro carro, “Os conguês e os agbés tocam em louvor à coroação real”, o motorista estava evidente, o que comprometeu seriamente a alegoria.

Fantasias

A escola apresentou um belo conjunto de fantasias. As baianas representaram as sacerdotisas marinhas com um figurino branco tradicional. Notava-se que elas estavam leves para poderem evoluir com elegância. Mesmo com materiais simples, os figurinos eram bem acabados, coloridos e adequados à proposta do enredo da Sossego. Não se pode deixar de registrar, porém, que algumas alas passaram incompletas. Na ala herança africana, havia componentes sem o adereço de cabeça.

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