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Tuiuti celebra samba e Claudio Russo diz que sistema de disputas é viciado e previsível

Diz um famoso jargão do futebol que em time que está ganhando não se mexe. Baseado nesta premissa o Paraíso do Tuiuti adotou novamente para o Carnaval 2019 a produção do samba sem concurso, não realizando a disputa para o ano que vem. Em 2018, o samba da agremiação do bairro de São Cristóvão foi a obra do ano, ganhando o maior número de premiações da crítica e impulsionando o maior desfile da sua história. Em entrevista concedida ao CARNAVALESCO, o presidente Renato Thor confirma que a tendência é manter o caminho, mas prefere não garantir que a medida será adotada já para o desfile de 2020.

“Eu não tenho como responder isso agora. Não sei se vamos adotar ou não. Em time que está ganhando não se mexe, mas o futuro a Deus pertence. Vamos ver como se darão as coisas e vemos o que será feito para os próximos carnavais”, desconversou Thor.

Lançado muitos meses antes do desfile, o samba tem o poder de penetrar nos ouvidos dos sambistas por mais tempo e desta forma chegar na avenida no lugar certo. Renato Thor afirma que a repercussão desde a divulgação da composição tem sido excelente e acredita em novo sucesso na avenida.

“Estou muito satisfeito com a repercussão de nossa obra. Onde temos apresentado o samba venho sentindo grande aceitação. Os componentes estão emotivos. Quando estivemos na quadra do Salgueiro, convidados por eles, tínhamos bem pouco tempo de lançado o samba e senti ali um grande apoio do povo do samba. Acredito que temos nas mãos mais uma belíssima composição”, diz.

‘Alas de compositores como há 30 anos já morreram’, dispara Claudio Russo

Claudio Russo, novamente um dos compositores do samba do Tuiuti, demonstra experiência ao comentar o fato de que o samba de 2018 seja comparado à obra de 2019. Ele, entretanto, ressalta que as propostas são completamente diferentes.

“Vejo com normalidade essa comparação, apesar de achar injusto comparar um samba que acabou de nascer com um samba que já cumpriu sua principal função que é possibilitar um grande desfile. São enredos e propostas diferentes, mas com tudo pode se perceber o amadurecimento de um estilo em cima de uma qualidade de letra e melodia”.

Experiente, Russo afirma que a boa repercussão de uma obra antes do desfile pode ser uma faca de dois gumes. Se por um lado já chega na avenida bem quisto pelo corpo julgador, precisa comprovar na pista de desfiles tantos elogios, o que nem sempre acaba se concretizando.

“O samba-enredo junto com o enredo recebem ultimamente um pré julgamento, principalmente das redes sociais e fóruns, acho que por serem os únicos quesitos visíveis antes do desfile para o grande público. Acho importante, mas não supera a atuação durante o desfile. Já vimos grandes sambas não passarem bem por inúmeros fatores e vice e versa”, pontua.

O compositor não assume o discurso de que as encomendas matam as alas de compositores. E argumenta que o que vem causando um declínio nas alas é justamente um sistema de disputas viciado e previsível. Russo sugere um amplo debate que envolva ligas, escolas, compositores e a comunidade do carnaval.

“As alas como conheci há 30 anos atrás acabaram. Infelizmente. Acho que por inúmeros fatores: a separação das escolas de suas comunidades, capitalização das disputas, o declínio no processo criativo e no surgimento de novos valores e etc. O que vemos hoje são alguns bons compositores fazendo samba com qualidade e por isso são estes que vão disputar entre si em vários lugares. O modelo de disputa convencional com dois a três meses de competição também ajuda neste declínio. Dentro deste quadro algumas escolas se defendem e tentam encontrar caminhos para terem um grande samba. Acho que é necessário uma ampla discussão ao invés de perguntamos se acabou ou está em crise. Alguns questionamentos deveriam ser feitos: por que os mais jovens com talento pra compor nas comunidades preferem pagode ou rap e funk? A quem interessa altíssimos gastos nas disputas? Por que levar uma disputa prolongada se em um mês sabemos quais são os melhores sambas e eventuais finalistas? E, por fim, a quem se quer enganar quando se diz que compositores de uma escola não compõem para outras? Acho que uma grande discussão envolvendo compositores, as escolas, a imprensa carnavalesca, com mediação das ligas, poderia ser um caminho para melhorar as disputas”, opina.

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