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Vice-presidente garante Mocidade forte para buscar o título, fala da crise e ressalta o amor do Independente

Por Alberto João e Guilherme Ayupp

Quem respira carnaval o ano inteiro sabe que a Mocidade Independente de Padre Miguel vive novos ares nos últimos dois anos. A escola conquistou o título de campeã do Grupo Especial em 2017, junto com a Portela, que não acontecia desde 1996, e, ano passado, terminou em sexto lugar, mas teve a façanha de ser a agremiação que mais gabaritou quesitos. Foram cinco quesitos todos com pontuação máxima: Enredo, Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Harmonia e Samba-Enredo.

Para o Carnaval 2019, a Estrela Guia manteve sua equipe e apresenta um dos melhores sambas-enredo da temporada. Em entrevista ao site CARNAVALESCO, o vice-presidente, Rodrigo Pacheco, garantiu que o torcedor Independente pode sonhar novamente com a conquista na quarta-feira de cinzas.

“O nosso projeto do Carnaval 2019 está dentro do que todas escolas podem produzir. Plasticamente, os torcedores podem ficar tranquilos que temos carnaval para brigar pelo título novamente. A Mocidade foi a escola que teve maior número de quesitos com notas 10 em 2018. Não mudamos ninguém do corpo técnico e isso é um ganho. Os ensaios ainda fizemos poucos de rua, mas quem foi comprovou que a escola está muito forte e aguerrida. A energia está forte demais, lapidada e o samba está muito bem com a bateria. Temos 90% do nosso efetivo de desfilantes da escola. Fizemos uma readequação do nosso projeto de carnaval, mas não cortei ala e nem carro, porque afetaria leitura do enredo. Mudamos quantidade de efetivo nas alas, adereços e coisas que foram julgadas pelo carnavalesco (Alexandre Louzada) como possíveis de mudanças sem afetar a leitura. Temos o barracão muito ativo em fantasias e alegorias. Seguimos fazendo todas fantasias dentro do barracão. Montamos um sala de costura, em um cenário mais enxuto e controlado. Trocamos o efetivo dos ateliês, somente um ficou, e o gestor das equipes também mudamos. As fantasias que apresentaram falhas em 2018 foram confeccionadas fora do barracão, foi aonde deixamos a desejar em relação ao controle e isso conseguimos parar com essa reprodução externa”, explicou o dirigente da Mocidade.

Sobre a decisão da Mocidade de não participar da festa do CD do Grupo Especial, devido a indefinição sobre a verba por parte da Prefeitura do Rio, o vice-presidente da Mocidade afirmou que tomou uma medida dura, mas consciente do que representaria para sua comunidade, para o mundo do carnaval e disse não acreditar em retaliação.

“Não acredito nisso. Acho que o desfile acontece ou não e é na Sapucaí. Foi uma medida enérgica e bem pontual. Obviamente, eu conversei com a minha diretoria para chegarmos a uma conclusão juntos. Não consigo entender como vou receber 25 a 30 ingressos, em um evento que é fechado, não atende nem a demanda da escola, e aí a pessoa vai na festa para poucos, toma uísque e come camarão. Vou olhar para o lado de fora e ver um empreiteiro que está indo embora e se bobear não tem ovo para comer em casa, porque está há três meses sem receber dignamente. Não tinha clima para festa, além de ser restritiva. Se fosse diferente, dentro da Cidade do Samba, mas com o pessoal das escolas e seus barracões. Seria o momento de confraternizar. A gente estaria junto com o nosso pessoal. Hoje, a festa traz uma realidade virtual e coloca dentro do cenário ruim. Não é para escola e nem para o povo que trabalha”, frisou.

Rodrigo Pacheco também comentou a decisão da escola de parar suas atividades em dezembro e aproveitou para afirmar que sua medida contra a decisão da Prefeitura do Rio foi a mais adequada, já que ainda hoje não houve mais nenhuma reunião entre os presidentes das escolas de samba e o poder público.

“A gente tomou medidas enérgicas, mas com base em uma tranquilidade de prazo. Não seria irresponsável de fazer isso se fosse comprometer o projeto. Todas escolas foram afetadas. Tivemos três repasses da TV Globo que vão até setembro e de lá só fomos receber algo agora em dezembro, são três meses sem receber nada e aí você imagina como conseguir colocar 150 a 200 pessoas trabalhando dentro do seu barracão, sem poder pagar o mínimo que seja, e por isso caminhei para essas medidas. Sabia que na tranquilidade e na paz não seria resolvido. E isso ficou comprovado. As escolas optaram por essa tranquilidade e o prefeito simplesmente ignorou nossa existência. Desde o início eu defendia que a gente fosse para rua, levasse todas baterias para Avenida Presidente Vargas, parar a cidade, até o prefeito atender dignamente as lideranças das escolas. Já estava prevendo que teríamos dificuldade e se comprovou. Tudo que foi garantido não aconteceu”, argumentou o independente.

Sobre o rumo do Carnaval 2019 para todas escolas e o futuro dos desfiles é certo para o vice-presidente que a medida principal é se reinventar. Ele explica que hoje o que acontece é que o desfile deixa um mar de dívidas para todas agremiações e que não é possível continuar assim.

“Penso que o Carnaval 2019, infelizmente, vamos ver a coisa passar. Não é um carnaval de grandes investimentos. É o carnaval da criatividade. Vai vencer o mais criativo com o melhor chão. Isso conta muito e a Mocidade vem muito bem nisso. A escola está muito empolgada. Isso vai ser um diferencial. Penso que logo na sexta-feira, antes das campeãs, as escolas precisam sentar com a Liga e repensar como um todo. Não podemos ficar refém do repasse da verba pública. Na pior das hipóteses sentar com o prefeito em março e ver o que ele quer. É muito fácil ele ficar estrangulando o carnaval e ao mesmo tempo se colocando na posição de que quer ajudar, fazer e realizar. Por que ele não chega em março e diz que não gosta de carnaval, não vou dar nada, e na pior das hipóteses, entrega o Sambódromo e a gente faz o que quiser. Aí, nós vamos sentar e definir a regra do jogo, dentro do cenário concreto. Cada escola vai desfilar com três carros, vamos diminuir para 1500 desfilantes, mas escutamos que o espetáculo não pode diminuir, mas não é isso. É repensar. Se reinventar. O que adianta passar grande e deixar rastro de dívida para trás. Infelizmente, todas escolas vão acumulando isso ao longo do tempo. É um desgaste que faz com que a rotatividade fique grande e acabe matando pelo caminho vários profissionais bons que não estão mais no carnaval”.

Gestão de sucesso muda a cara da Mocidade

O título de 2017 e o bom desfile em 2018 realmente mudaram a cara da Mocidade. Para Rodrigo Pacheco, o Independente está seguro do trabalho que vem sendo realizado e confiante em mais um ano de felicidade para a Zona Oeste. Ele diz ao CARNAVALESCO que a união é o ponto principal dessa gestão.

“O principal acerto é a equipe. Consigo enxergar a Mocidade como uma família e grupo de amigos, muito mais que um grupo de funcionários. Grande parte dos nossos líderes são pratas da casa. Você vê o amor da pessoa. Estamos passando pela pior crise do carnaval, mas confesso que ainda assim tenho sentido muito pouco em relação pessoal. Temos o comprometimento e o companheirismo. A cobrança é natural e existe, mas vejo que o grande avanço da Mocidade é não ter somente um relação de trabalho. Ainda temos desafios para superar. Esbarro no passivo de demanda trabalhista. Os processos vinham se arrastando do antigo presidente. Vira e mexe topamos com uma surpresa indesejada. É bem complicado ainda. Encaro como um grande desafio, porque quero chegar a uma escola 100% saneada. E temos também a parte de captação de recursos e ativação de marcas. É um problema muito mais do macro do que da escola, mas isso me incomoda. Não posso ficar esperando o carnaval resolver isso, quero no nosso núcleo, dentro da escola, quero conseguir proporcionar essa gestão de qualidade para que a gente chegue ao êxito na parte de captação”.

Perguntado sobre a presença do patrono Rogério Andrade no barracão e nos eventos da Mocidade, Rodrigo Pacheco assegura que nada mudou, mas que o carnaval das escolas de samba não vive mais a época que o patrono era o responsável por tudo e garantia a verba integral para a produção dos desfiles.

“O Rogério segue com a gente. Não tem nada disso dele ter se afastado. O Rogério é conselheiro e presidente de honra. Ele não está fora. Está muito presente, mas no mesmo formato que já vínhamos trabalhando. A escola está passando dificuldade como todas estão passando. Não é por ausência de alguém ou falta de ajuda. A cada ano temos um impacto forte e esse ano o impacto é de R$ 1 milhão para cada escola. Não adianta as pessoas acharem que o patrono existe porque não é mais assim. Isso foi lá atrás. Na verdade, nós temos um grupo de amigos da escola que ajudam, não é o Rogério somente, temos diversos amigos que ajudam no dia a dia com geradores e alimentação de barracão como outras escolas possuem. Não existe mais a figura do patrono como era antigamente. O mecenas. Não temos mais a figura que fala que a escola é minha, sou eu que banco e boto na Avenida, não tem mais isso, e na Mocidade não é diferente”.

O vice-presidente da Mocidade ainda revelou os planos para a quadra nova, localizada na Avenida Brasil, e os ensaios na Vila Vintém, a antiga quadra e orgulho de todo o Independente.

“A quadra nova é muito grande e sabemos que é um ativo importante para geração de receita com os grandes shows. E a quadra antiga é a nossa raiz, aquela coisa do terreiro, a bateria está ensaiando lá. Vamos manter os ensaios de rua aos domingos e término sempre com a roda de samba do Pique Novo e na quadra nova faremos nossa feijoada mensal e os grandes shows. O samba de sábado a noite (ensaio comercial) está muito complicado, porque você não consegue alcançar o mínimo necessário para operação, e acaba desgastando o teu pessoal e caixa, e sem ver uma expectativa de melhora. Confesso que já estudei vários formatos e soluções e não vejo de fato acontecer. No ensaio de domingo estou tentando diluir a despesa com o evento da quadra. O gasto semanal é de R$ 8 a R$ 10 mil. Não tem jeito. Se botar um carro de som ruim, a qualidade de ensaio vai lá embaixo, tem que botar equipe de segurança, aluguel de rádio, alimentação para o staff, e hoje se conseguir pagar essa despesa do ensaio com a própria roda de samba já estou satisfeito, que até o carnaval é uma economia boa de R$ 80 a R$ 100 mil”.

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