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Vigário Geral apresenta samba e sonha repetir coirmãs que permaneceram na Série A

Uma das máximas mais cruéis do carnaval nos tempos recentes é aquela de que escolas oriundas de grupos inferiores estão fadadas ao rebaixamento. Na Série A pelo menos não tem sido assim e é apostando nisso que a Acadêmicos de Vigário Geral apresentou seu samba à sua comunidade na quadra na noite desta sexta-feira. A escola quer repetir os feitos de Em Cima da Hora (2014), Rocinha (2016), Sossego (2017), Unidos de Bangu (2018) e Unidos da Ponte (2019), que não caíram após vencerem a Série B no ano anterior. Durante o evento, Egili Oliveira foi coroada rainha de bateria da escola.

O carnavalesco Rodrigo Almeida recebeu a incumbência de com a Vigário Geral buscar essa permanência na Série A, repetindo histórias de sucesso das últimas campeãs da Série B. Almeida conta detalhes do enredo à nossa reportagem e ressalta que a dificuldade financeira das escolas está trazendo o povo de volta para as escolas de samba.

“O enredo é uma crônica sobre o porque do Brasil não deu certo. Começamos com uma lenda do Eldorado e a partir daí contamos as tramoias, passando pelo barroco mineiro. Terminamos com os contos atuais, os golpes, a questão política. O samba encomendado deixa a gente um pouco tenso, mas como o samba ficou muito bom eu fiquei bastante tranquilo. Eu considero que o maior desafio é pisar na Sapucaí com a escola duas décadas depois. Mas a escola está se preparando muito bem. Colocar carnaval na avenida pela Série A é uma façanha, mas por outro lado é tanta ajuda e garra, que essa dificuldade se torna até esquecida. A falta de dinheiro está trazendo o povo de volta para o carnaval”.

Compositores buscaram linha diferente dos sambas da São Clemente

Uma autêntica seleção de compositores foi convidada pela escola para fazer o samba que a Vigário Geral apresentará em seu desfile no ano que vem. Os 12 poetas escalados: Renan Diniz, Orlando Ambrosio, Richard Valença, Jefferson Oliveira, Fernandes, Domenil, Professor Laranjo, Serginho Rocco, Denis Moraes, Dr. Rodrigo Sampaio, Gigi da Estiva e Carlinhos Ousadia.

Um dos compositores convidados a fazer o samba da Vigário Geral foi Domenil. O experiente poeta, que possui vitórias marcantes pela Mocidade, de onde é presidente da ala, falou ao CARNAVALESCO sobre a primeira vez fazendo samba encomendado em tantos anos de carnaval.

“Na verdade, eu não gosto muito disso, fui convidado e fiz. É a primeira vez que participo. Chegou o convite da escola e participei junto da rapaziada. Achei o samba muito bom para a escola. A comunidade adorou. Se é melhor pra a escola que assim seja. Cada um é que sabe onde o calo aperta. Agradeço imensamente o convite”.

Richard Valença complementa a opinião de Domenil e aponta que os compositores buscaram outra linha de composição, que não criasse qualquer tipo de semelhança com a São Clemente, que levará pra a avenida um enredo com o mesmo título, mas outra abordagem.

“Tivemos uma preocupação em separar a linha de raciocínio do enredo da Vigário aos sambas da São Clemente. O nosso lado vi pra um aspecto mais sério, uma pegada mais crítica. Eu destaco a maneira que conseguimos desenvolver a cronologia dos contos do vigário. Tem uma crítica intrínseca ao atual governo da prefeitura do Rio. O ponto forte é nosso refrão principal. O samba encomendado te permite uma conversa direta com a escola. Em todo momento recebemos informações para desenvolver. O feedback é o próprio samba. No começo criamos uma opção e eles deixaram claro que a linha deveria ser outra. A escola ficou super feliz”.

Presidente se emociona ao lembrar das duas décadas longe da Sapucaí

Presidente da Vigário há dez anos, Elizabeth da Cunha, a Betinha fala da importância de poder ver a escola novamente na Marquês de Sapucaí, depois de 22 anos. A dirigente entretanto não se esquece das dificuldades e responsabilidades para colocar o carnaval na avenida.

“O sentimento de estar na Série A não tem nem como descrever. Eu estou ainda tão maravilhada e nem acredito. O povo da escola ajudou muito na produção desse evento na quadra. Estou com muita fé. Acredito que viemos para ficar. Já estamos trabalhando muito para um bonito carnaval. O barracão estamos vendo, provavelmente iremos ocupar o antigo barracão do Império da Tijuca, em frente ao Into. Fazer carnaval sem dinheiro eu estou acostumada, desde a Intendente. Agora é Sapucaí, mas graças a Deus estamos adiantados. Um ajuda ao outro aqui. A encomenda foi uma decisão conjunta. Foi uma maneira que encontramos para ajudar a própria escola”.

O diretor de carnaval Ney Lopes reconhece as dificuldades do carnaval da Vigário, mas afirma que a agremiação realizará ensaios de comunidade normalmente.

“Será um ano bastante desafiador, não apenas por subirmos depois de muitos anos. Temos ciência das dificuldades financeiras, mas em dezembro vamos começar a ensaiar a comunidade. Vamos desfilar com 1.700 componentes. Reforçamos o nosso elenco, trouxemos um casal muito talentoso de São Paulo. Acredito em um grande desfile”, pontuou.

Oriundo de São Paulo, casal estreia no Rio de Janeiro

O mestre-sala Jefferson Gomes é oriundo do carnaval de São Paulo. Primeiro da Mocidade Unida da Mooca, ele conta à reportagem do CARNAVALESCO que a oportunidade de estrear no Rio de Janeiro veio após dirigentes da agremiação carioca o verem dançar no carnaval de Uruguiana. Ele relata ainda que a oportunidade no carnaval carioca era um antigo projeto seu e elogia a parceira, Paula Penteado.

“Fiquei muito feliz com esse convite; Eu venho tentando há muito tempo vir para o Rio. Foi em Uruguaiana que pintou esse convite. Esse era um objetivo meu. A Paula é uma amiga antiga. Nos conhecemos do carnaval de São Paulo, mas nunca havíamos dançado juntos. Quando veio a chance de dançar em Uruguaiana, pensei imediatamente em formar essa parceria com ela. Com o convite da Vigário, decidi repetir essa parceria. Acho que para o casal a diferença é que há uma assimilação mais demorada, pois não houve uma disputa, quele contato com a obra. Mas da mesma forma montamos a coreografia a partir do samba”.

Paula Penteado, também vem da folia de São Paulo. Porta-bandeira do Vai-Vai, ela se encontrou com Jefferson em Uruguaiana e quando ele foi convidado pela Vigário Geral, prontamente a convidou para repetirem a parceria, que nunca havia ocorrido na capital paulista. Paulinha afirma que seu parceiro é uma pessoa muito determinada.

“Estreando no Rio de Janeiro eu estou bastante ansiosa. A responsabilidade é bem maior, acredito que seja o dobro. Mostrar para as pessoas a sua capacidade e porquê tivemos esse voto de confiança. O Jefferson é um cara muito comprometido. Ele já me escolheu com um objetivo. Além da escola preciso fazer jus à essa oportunidade que ele me proporcionou. Eu me sinto muito protegida e resguardada por ele”, destaca.

Tem-Tem Jr diz que samba tem a sua cara

Tem-Tem Jr. depois de receber sua primeira oportunidade na Série A pela Unidos de Bangu em 2019, vai novamente passar na avenida, agora defendendo as cores de Vigário Geral. Ele revela que o samba tem a sua cara, que nem sempre foi à favor de encomenda de samba, mas que se deixou levar pela qualidade da obra.

“Agora eu costumo dizer que o sonho era cantar como primeiro cantor. Mas foi em um trio essa minha estreia. Aprendi muito com eles. Agora a responsabilidade é maior, mas a vontade é gigante. A realização de um sonho de 12 anos, passa um filme pela minha cabeça. Eu tenho muita humildade e sei do talento que tenho, com os pés no chão. Eu acho que a gente ser julgado no quesito harmonia pede um capricho e uma atenção maior. Vou mostrar o que sei fazer e tenho certeza que muita gente espera isso. Sapucaí é diferente. No início eu era contra encomenda, sempre participei de disputas. Mas quando escutei o samba fiquei muito feliz. É uma linha que tem a minha cara. A galera da caneta foi muito feliz”.

Escola repete aposta no jovem Luygi para a bateria

O mestre de bateria que foi um dos responsáveis por um dos melhores momentos da Vigário Geral em seu desfile campeão na Intendente Magalhães este ano vai receber sua primeira oportunidade na Sapucaí este ano. Ele chegou a dividir o comando da bateria da Unidos da Ponte com Vitinho, mas não foi para o desfile. Luygi agradece a oportunidade e fala da boa safra de mestres da nova geração.

“Eu acho muito importante essa valorização de nós que somos mais jovens. Vigário é uma escola de comunidade, estamos ensaiando forte. A intenção é deixar uma excelente impressão nessa estreia”, destaca o mestre.

A Acadêmicos de Vigário Geral será a primeira escola a desfilar pela Série A na sexta-feira de carnaval em 2020. A escola apresentará enredo ‘O Conto do Vigário’, de autoria do carnavalesco Rodrigo Almeida.

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