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Porto da Pedra se destaca em conjunto alegórico e samba, mas abre-alas apagado pode comprometer briga por acesso

Muito esperada por ter um dos melhores sambas da safra de 2022, o Tigre apresentou alegorias de destaque, uma comissão de frente com coreografia forte e de marcante caracterização, além do já destacado primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira Rodrigo e Cintya

A Porto da Pedra foi a primeira escola na noite em que as bandeirinhas começaram a tremular na arquibancada. Muito esperada por ter um dos melhores sambas da safra de 2022, o Tigre apresentou alegorias de destaque, uma comissão de frente com coreografia forte e de marcante caracterização, além do já destacado primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira Rodrigo e Cintya. Mas, a iluminação do Abre-alas da escola que passou apagado em todos os módulos, deve fazer a Vermelha e Branca de São Gonçalo perder décimos preciosos. Com o enredo “O caçador que traz alegria”, a Porto da Pedra foi a quarta agremiação a desfilar, encerrando seu desfile com 55 minutos. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILES

Fotos de Allan Duffes e Nelson Malfacini/Site CARNAVALESCO

Comissão de frente

A comissão de frente do coreógrafo Paulo Pina, representou a ancestralidade do candomblé, preservando a essência da religião pelas palavras dos mais sábios. O figurino se chamava “partículas de ancestralidade” e o tripé, grande e imponente, significava as raízes que alimentam os galhos, as folhas e os frutos de uma árvore. O tripé apresentava em palha a imagem da homenageada que se mexia, segurando “a flecha de Odé”, que acendia em um LED verde. A coreografia dos bailarinos fez algumas referências a palavras que o samba citava como “flecha”, “cabeça” e havia uma transformação na roupa em que a saia marrom subia e aparecia o verde das folhas, os componentes se transformavam em caçadores retirando flechas do elemento alegórico. O único ponto negativo foi o fato de que estas flechas eram para emitir um laser verde, mas em todos os módulos o efeito não funcionou com alguns componentes.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

O primeiro casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Rodrigo França e Cintya Barboza, representou as raízes do candomblé que atravessaram além-mar e trouxeram a ancestralidade das terras africanas para São Gonçalo do Retiro na Bahia. Na coreografia Cintya girava inúmeras vezes e impressionava pela intensidade e vitalidade, ainda que com bastante classe. No primeiro módulo, quase que a bandeira deu uma pequena enrolada, mas a porta-bandeira conseguiu evitar a tempo e manteve a continuidade da apresentação. Já Rodrigo, acompanhava os movimentos da porta-bandeira com entrosamento, mantendo sempre o contato no olhar. A dupla fez um passo de religião de matriz africana no trecho do samba “Roda Yaba´”.

Harmonia

Como era esperado pela qualidade da obra e pelos ensaios, a comunidade cantou a plenos pulmões o samba. Com destaque para diversas alas como as alas do primeiro setor 3, “retiro de São Gonçalo”, e a ala 4 “encantamento”. Do segundo setor, o destaque de canto foi para a ala 6 “Oxum”, e no quarto setor as alas “eterno aprendiz” e “Títulos e Honrarias”. Não se viu alas com grande quantidade de componentes que não cantavam o samba.

Enredo

O enredo “O caçador que traz alegrias” apresentou a vida de Mãe Stella de Oxóssi, usando da oralidade e da memória da mãe de santo. Dividida em quatro setores, a Porto da Pedra reconstruiu a trajetória da pequena Stella de Azevedo com o dia que recebeu a maçã do pé do fruto do Orixá, a presença de Xangô em sua caminhada e o dia de sua consagração como Mãe de Santo, além de seu legado como enfermeira sanitarista, defensora da educação e cultura, e sua luta na libertação do candomblé às narrativas homogêneas. A escola apresentou o enredo de forma cronológica e linear.

Evolução

A evolução da Porto da Pedra em geral se deu sem correrias em um ritmo fluido, durante boa parte da Sapucaí, mas próximo ao setor 3, aconteceu um buraco entre a ala de passistas e a bateria, próximo às cabines 1 e 2 de julgamento. Na entrada da bateria no segundo recuo, houve uma pequena demora para a ala “Renascimento-Yaô”, que vinha logo atrás, preencher o espaço, por pouco não se tornando um problema maior para a escola. Por fim, na parte final do desfile, a agremiação evoluiu com um pouco mais de rapidez para não estourar o tempo, finalizando no tempo máximo de 55 minutos.

Samba-enredo

O samba, um dos trunfos da Porto da Pedra para 2022 se confirmou na Sapucaí com grande atuação do intérprete Pitty de Menezes e seu carro de som. Entre as partes mais cantadas pelos componentes e que geraram maior integração com as arquibancadas , o refrão do meio “O santo dança, o céu relampejou…”, e os últimos versos anteriores ao refrão principal “Roda yabá é ginga!Canta pra firmar curimba!”, além, é claro, do refrão principal “No toque do Aguerê…”.

Fantasias

As fantasias estavam um pouco mais abaixo da qualidade que foi vista nos carros, ainda sim, de fácil leitura, apesar de o enredo ser um pouco mais denso e tocando em algumas nomenclaturas mais específicas das religiões de matriz africana. Destaque para as fantasias no último setor que traziam soluções criativas para homenagear a intelectualidade de Mãe Stella de Oxóssi. As baianas, segunda ala do desfile, representaram Eugênia Anna dos Santos, Mãe Aninha de Xangô, a matriarca do Ilê Axé Opô Afonjá. Já a ala de passistas veio fantasiada como “Folhas e Ervas de Oxóssi”, festejando a iniciação de Stella de Oxóssi. A ala de compositores “o dom das palavras” trouxe os ensinamentos importantes para compor os mais belos sambas em homenagem à Mãe Stella de Oxóssi.

Alegorias

Ao mesmo tempo, trunfo e calcanhar de aquiles da escola, a Porto da Pedra trouxe boas soluções e elementos alegóricos com boas soluções e de fácil entendimento, mas o carro Abre-Alas “Mata virgem deixa serenar”, que trazia o Tigre de São Gonçalo como Odé Kayodé, o ser mais puro e profundo das florestas, passou em todos os módulos apagado. Destaque para o terceiro carro alegórico “Legado de Mãe Stella” apresentando Mãe Stella de Oxóssi, mulher negra, determinada, reservada de olhar sereno. Nela, estava presente a velha-guarda, “os griôs”. Como surpresa, a alegoria tinha o efeito de soltar balões e apresentava muitas referências à paixão de Mãe Stella aos livros com algumas frases da mãe de santo.

Outros destaques

O mestre Pablo, comandante da Ritmo Feroz, veio fantasiado de Tigre, devidamente maquiado, inclusive, chamando atenção pela beleza da caracterização. A bateria veio representando os “Ogãs”, responsáveis em zelar pelo andamento do Xirê, os cuidados dos iniciados, a comunicação entre zeladores, Iaôs e os Orixás.A rainha de bateria Tati Minerato, que interagia bastante com o público e era lembrada em alguns momentos pelo intérprete Pitty de Menezes veio de “Agbara dos Ogãs” representando a potência e a força necessária para os ritmistas do Tigre de São Gonçalo dobrarem o couro dos instrumentos. O intérprete Wantuir, com passagem marcante pela Porto da Pedra no passado, esteve presente no desfile próximo ao carro de som.

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