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Com plástica irretocável e grande exibição da Comissão de Frente, Ilha se candidata ao título da Série Ouro

Escola deixou a má impressão de 2020 para trás e fez ótimo desfile estético neste primeiro dia de apresentações na Sapucaí

Rebaixada em 2020, a União da Ilha do Governador deixou claro a vontade de retornar ao Grupo Especial no ano que vem. Na madrugada desta quinta-feira, a escola impressionou com enormes e bem acabadas alegorias. Outro destaque positivo da apresentação da agremiação foi a Comissão de Frente, que se dividiu em várias partes e não cometeu erros. Ao fim do desfile, a Ilha pecou na evolução e teve que correr para fechar o desfile com 54 minutos. A bateria sequer fez toda apresentação no último módulo. * VEJA AQUI FOTOS

Fotos Allan Duffes e Nelson Malfacini/Site CARNAVALESCO

Comissão de Frente

Coreografada por Priscilla Mota e Rodrigo Neri, a Comissão de Frente a União da Ilha trouxe 15 componentes, sendo duas mulheres e 13 homens. Nomeado como o Altar de Orações, o segmento levou também para a Avenida um elemento cênico que representou uma capela. A apresentação representou uma grande oração, trazendo a importância da fé e os milagres da prece através da história de Nossa Senhora Aparecida, também sincretizada no Candomblé por Oxum, e o escravo Zacarias.

A Comissão de frente trouxe a atriz Cacau Protásio como Nossa Senhora, que em determinado momento da apresentação, interagia com o homem que representava Zacarias. Ao se encontrarem, a Santa quebra as correntes do escravo. Na sequência, Nossa Senhora volta à capela e a imagem de Oxum aparece em cima do tripé. Um manto dourado então é jogado por cima do elemento cênico, causando grande impacto visual. Por fim, o escravo Zacarias retorna segurando a bandeira da União da Ilha, em total de pouco mais de dois minutos de apresentação.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Marlon Flores e Danielle Nascimento vestiam fantasia nas cores da escola, mas também com detalhes em dourado e várias imagens de Nossa Senhora Aparecida espalhadas pela roupa dos dois. Outros símbolos da fé na Santa também são presentes no figurino, como crucifixos, terços e fitas. A dupla representa a fé do escravo Zacarias, que propagou a palavra de Nossa Senhora Aparecida pelo país. Cinderela da Passarela, Wilma Nascimento, mãe de Danielle, apresentou o casal. Sem ventos, a apresentação do casal não teve erros nos módulos e os dois mostraram grande sincronia, leveza nos movimentos e elegância. A roupa de Danielle ainda tinha detalhes em cores azul neon, que funcionaram visualmente. Os dois também cantaram o samba durante todas as apresentações.

Harmonia

A escola teve bom canto, mas não perfeito. Algumas alas passaram com canto mais fraco, principalmente na segunda estrofe da letra. O canto também foi um pouco atrapalhado no fim do desfile por conta de pequenos problemas de evolução. A partir do 4° setor, a escola diminuiu levemente o canto, nas alas Pescadores de Milagres e Milagre das Velas, mas sem interferir no desempenho do samba da escola. As primeiras alas, em compensação, cantavam o samba a plenos pulmões. Contudo, todas as alas passaram brincando, pulando e dançando.

Enredo

A primeira parte do desfile apresenta o início da história de Nossa Senhora Aparecida e do milagre do escravo Zacarias. O mesmo havia fugido do patrão, foi capturado e acorrentado. Quando foi levado de volta à fazenda, parou diante da imagem de Nossa Senhora Aparecida, e as correntes se quebraram, tornando-se o primeiro milagre da Santa. Toda a parte inicial do desfile traz em destaque a cor vermelha, que representa o sangue dos escravos derramado no Brasil.

Na sequência é trazido pelo carnavalesco, a propagação de fé em Nossa Senhora Aparecida, que foi promovida inicialmente por Zacarias e na sequência por Romeiros. O terceiro setor traz o sincretismo religioso da Santa no Candomblé, que é representada pela figura de Oxum e teve resistência inicial no país. No fechamento do desfile, a União da Ilha traz outros milagres associados à Nossa Senhora Aparecida, como o Cavaleiro Ateu e o Milagre das Velas. O enredo foi bem contado, sem problemas e com cronologia bem definida.

Evolução

A escola teve bom início de desfile, sem correria ou lentidão, com alas organizadas e coreografadas. Foi assim até o setor 8, quando a escola passou a acelerar o passo. No último módulo algumas alas e as duas últimas alegorias passaram muito rápido. A bateria dos mestres Keko e Marcelo, que tinha boas bossas com sino de igreja, passou rápido no último módulo e um dos jurados pareceu insatisfeito com a falta da apresentação completa no local.

Samba

O ponto alto do samba foi o refrão, bastante cantado não só pela escola, mas como pelo público. Ito Melodia teve grande apresentação do início ao fim, sem perder fôlego e impulsionando componentes. Com teor mais melódico, a letra toda, com exceção do refrão, não causou grande impacto e empolgação.

Fantasias

A fantasia das baianas, ‘Mãe Preta’, chamou atenção não só pela variedade de cores e beleza, mas também pela riqueza de detalhes ao misturar a imagem de Nossa Senhora com Oxum. A ala 6, ‘Propagadores da Fé’, também se destacou com um elemento de medalhas de Nossa Senhora Aparecida. A ala 13, ‘Encantadas’, trouxe representação de Oxum no tradicional amarelo e dourado, com cores vibrantes e o espelho do orixá na mão. Já no último setor, a ala 19, ‘Romaria Insulana’, faz alusão às procissões de grupos religiosos, mas nas cores da escola e exaltando a agremiação com um estandarte da Ilha. Todo conjunto de fantasias de Cahê Rodrigues esteve muito bonito e bem acabado.

Alegorias

A primeira alegoria, ‘O Milagre de Zacarias’, como o nome diz, trouxe a história do escravo com a Nossa Senhora Aparecida. O carro abordou na parte da frente a pesca no Rio Paraíba do Sul, onde foi encontrada a imagem da Santa, moldada em terracota. O Abre-Alas tinha as cores vermelha e dourada como predominantes, que tem na parte traseira um imponente palácio, que representa a conquista da liberdade e dignidade. Os destaques vieram com fantasias da realeza e exuberância africana, guerreiros da liberdade e da fé, pescadores e negros livres.

A segunda alegoria, ‘Sincretismo Religioso’, como o nome já diz, trouxe a representação de Nossa Senhora Aparecida nas religiões de matriz africana. O carro tinha uma grande escultura de Oxum, segurando seus tradicionais espelhos, com bastante dourado. No entanto, a parte dianteira da alegoria também exibiu um culto a Oxalá, Deus Supremo dos africanos. Os destaques principais estavam fantasiados como Oxalá, Oxum, Divindade da Mãe do Ouro, e movimentos de Oxum.

O último carro representou uma grande manifestação de devoção do povo com Nossa Senhora Aparecida. Descrita como ‘Festa no Santuário’, a alegoria teve novamente Zacarias, agora rodeado de fiéis em oração à Santa. As fantasias representavam o Príncipe da Paz, Arcanjo e devotos de Conceição. Na lateral também foi apresentado escadas, que simbolizavam um caminho para o céu, onde estaria Aparecida. Todos os carros da União da Ilha passaram acesos, chamaram atenção pelo tamanho, impacto visual muito belo e com acabamentos impecáveis.

Outros Destaques

Cacau Protásio como Nossa Senhora chamou atenção do público na Sapucaí. Os passistas mostraram samba no pé com fantasias leves representando Oxum. A rainha Juliana Souza interagiu com o público, sambou e mostrou o canto na ponta da língua. A ‘Baterilha’, que veio com roupas em bege representando o Candomblé, também deu show com coreografia ajoelhada e bossas com sino de igreja.

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