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Cubango capricha em fantasias, mas problemas em alegorias podem tirar a escola da briga pelo título da Série Ouro

Escola de Niterói esbanjou bom gosto no conjunto de fantasias, mas carros alegóricos com problemas de iluminação e acabamento podem comprometer chance de campeonato

Um show de criatividade, acabamento e bom gosto, assim pode ser definido o conjunto de fantasias do Acadêmicos do Cubango nesta primeira noite de desfiles da Série Ouro. Porém, o capricho visto nas alas não se repetiu nos carros, todos passaram com problemas de iluminação na avenida, além de falhas no acabamento, o que compromete a luta da escola pelo título e o tão sonhado acesso ao Grupo Especial. Além das fantasias, a escola apresentou uma comissão de frente emocionante e bem coreografada, o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Diego Falcão e Aline Flores, também merece destaque, além da bela fantasia, o bailado foi gracioso e ambos demonstraram bastante entrosamento. Apresentando o enredo “O Amor Preto Cura: Chica Xavier, a Mãe Baiana do Brasil”, assinado pelo carnavalesco João Vitor Araújo, a Cubango homenageou a atriz Chica Xavier e foi a segunda escola a cruzar a passarela do samba na primeira noite de desfiles da Série Ouro. A verde e branca de Niterói terminou sua apresentação com 54 minutos.

Fotos de Allan Duffes e Nelson Malfacini/Site CARNAVALESCO

Comissão de Frente

A comissão de frente era intitulada “Aos Pés da Jurema Sagrada”, foi dirigida e coreografada por Fábio Batista. A escola apostou em uma narrativa de fácil leitura e ao mesmo tempo com coreografias arrojadas, o elemento alegórico representava a própria Jurema, a árvore sagrada dos Caboclos, uma componente representava a atriz Chica Xavier, grande homenageada do enredo,os outros integrantes da comissão representavam Caboclos, Orixás e Filhas de Santo. O tripé tinha quatro partes, formando assim quatro cenografias diferentes, a árvore girava e em cada parada era revelada uma entidade, Exú, Oxossi, Obaluaê e por fim, trouxe Iansã no mesmo corpo de Chica, neste momento, em frente ao primeiro módulo de jurados, a integrante não conseguiu se vestir a tempo e a árvore virou para o júri com ela ainda se trocando, um problema parecido foi visto no módulo seguinte, na última apresentação a bailarina se apresentou segurando a saia, apesar do incidente, nesse momento o público nas frisas e arquibancadas aplaudiram com bastante entusiasmo. No último movimento da apresentação, Obaluaê abriu os caminhos para o casal de Mestre-sala e Porta-bandeira entrarem em cena, mais um momento que arrancou aplausos do público.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O início forte visto na comissão de frente seguiu com o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Diego Falcão e Aline Flores, a fantasia representou a Bahia e todo o sincretismo que envolveu a vida de Chica Xavier, ambos tinham o branco como cor predominante, a fantasia de Diego remetia a símbolos católicos, como a pomba do Divino Espírito Santo e alguns objetos barrocos, presentes em diversas igrejas da capital baiana. Já a indumentária de Aline era estilizada de filha de santo, com a tradicional penca de balangandãs na saia, em alusão aos adornos de metal com símbolos de fé e de culto aos deuses afro-brasileiros. Na dança, foram observados movimentos oriundos da umbanda, candomblé e uma mistura entre o bailado tradicional e passos coreógrafos. A dupla, em seu primeiro ano juntos empunhando o pavilhão verde e branco da Cubango, esbanjou sintonia e sincronia, não faltaram movimentos com respostas rápidas, trocas de gracejos e giros precisos. O casal passou de maneira impecável por todos os módulos, a apresentação deles contou ainda com guardiões, a fantasia deles representava entidades místicas a fantasia tinha extremo bom gosto.

Harmonia

Ao longos dos últimos anos a comunidade do Cubango se notabilizou por cantar com bastante afinco, os ensaios realizados na Amaral Peixoto mostraram resultado, do início ao fim foi possível notar os componentes cantando bastante, destaque para ala 1 – “Baianas da Roça da Sabina: Quituteiras e Lavadeiras”-, e também para a ala 13 “A Luta Antirracista: Fundação Palmares, que era coreografada. A ala das baianas veio no segundo setor da escola com uma roupa predominantemente branca, as matriarcas evoluíram com graça e cantaram bem o samba, com destaque para os refrões. A ala dos passistas esbanjou samba no pé, vestidos com uma roupa com muita estamparia, eles evoluíram e cantaram com bastante firmeza durante todo o desfile. O destaque negativo fica para poucos integrantes em algumas alas do final da escola que não estavam em sintonia com o restante dos componentes, mas nada que tirasse o brilho do canto da escola.

Enredo

O carnavalesco João Vitor Araújo foi o responsável pelo enredo “O Amor Preto Cura: Chica Xavier, a Mãe Baiana do Brasil”, a agremiação levou para avenida quatro setores, não focando apenas na lista de papéis que Chica desempenhou no teatro, no cinema e na TV, mas sim tendo como eixo o principal o seu papel central de mulher preta inserida em uma sociedade machista e racista. As alegorias e principalmente as fantasias conseguiram passar com clareza a história que era contada, o primeiro setor retratou a terra natal de Chica Xavier, a Bahia, foi possível observar o entrecruzamento de elementos do catolicismo popular com o culto aos orixás. O segundo setor passou pelas conquistas de Chica Xavier no mundo das artes cênicas, o terceiro retratou a luta da atriz pelo acesso à educação formal, até que o último finalizou com uma mensagem de respeito e tolerância, simbolizando que o amor de Chica é infinito e transcende a vida terrena.

Evolução

A evolução da escola se mostrou coesa do início ao fim, os componentes desfilaram com bastante empolgação. Não foi observado nenhum descompasso, mesmo a escola sendo técnica e organizada, dentro das alas foi possível notar as pessoas felizes, brincando e se divertindo. As alas que mais se destacaram foram: a ala dois, “Baianas da Roça da Sabina: Quituteiras e Lavadeiras”, coreografada e com adereço de mãos, os componentes evoluíram com bastante empolgação, o mesmo vale para a penúltima ala, “O carnaval cura: Chica Xavier, o enredo do nosso samba”, a fantasia tinha asas esvoaçantes e os brincantes se divertiam. O ponto negativo fica por um pequeno espaçamento visto na última cabine de julgadores, a primeira ala, “Baianas da Roça da Sabina: Quituteiras e Lavadeiras” seguiu e o abre-alas demorou um pouco para alcançar.

Samba-Enredo

Considerado no pré-carnaval como um dos bons sambas deste ano, a obra composta por Cláudio Russo e parceiros teve um bom rendimento, com o experiente Pixulé no comando do carro de som o canto da escola foi constante, ainda que em alguns momentos não tão intenso, e sem aquele momento de grande explosão. Uma das partes de mais destaque foi a que antes do refrão principal: “Na pedra fria/ no pé do morro/ dizem que mora um velho lá”, em um momento que a bateria fazia também uma bossa.

Fantasias

Sem qualquer sombra de dúvida foi o grande destaque do desfile. Poucas vezes se viu a escola tão bem vestida na Sapucaí. Certamente vai ser um dos melhores conjuntos de fantasias deste ano, João Vitor Araújo conseguiu soluções diferentes nas alas e o resultado foi uma escola extremamente bem vestida e sem cansar os olhos. Foi tanto bom gosto que fica difícil citar alas que se destacaram, porém, pode-se falar das alas “Dia de Reis, 6 de janeiro”, “Orfeu da Conceição”, “Ervas que curam” e a ala de baianas, que veio no setor das artes cênicas representando a obra Tenda dos Milagres, toda em branco, as matriarcas da escola desfilaram com uma belíssima fantasia.

Alegorias e Adereços

Sem dúvida, o quesito foi o grande calcanhar de Aquiles da escola, muitos problemas foram vistos, a primeira alegoria trouxe elementos do catolicismo popular com o culto aos orixás e passou completamente apagada por toda a avenida. O segundo carro da escola, que representava as artes cênicas, passou apagado por quase toda a avenida, porém, acendia em frente a cabine dos jurados. O terceiro carro também passou apagado. Além dos problemas com iluminação, o acabamento precário foi visto em todas as alegorias, no carro três a parte de cima tinha alguns ferros aparentes.

Outros destaques

A bateria da escola comandada por Mestre Demétrius Luiz representou os Griôs e levantou a Sapucaí por onde passou, os 220 ritmistas realizaram várias bossas durante a passagem da escola. A rainha Mariane Marinho e a madrinha Maryanne Hipólito esbanjaram beleza, simpatia e muito samba no pé, próximo ao setor 10, as musas sambaram ao lado do prefeito Eduardo Paes, o que arrancou aplausos de todo o público.

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