InícioSérie OuroUnidos de Padre Miguel apresenta desfile grandioso com abertura arrebatadora, mas erros...

Unidos de Padre Miguel apresenta desfile grandioso com abertura arrebatadora, mas erros de evolução podem custar o título

A Unidos de Padre Miguel apresentava pelo menos a melhor abertura de uma escola na Série Ouro de 2022, juntando elemento alegórico da comissão de frente, pede passagem com a cabeça do boi vermelho, e o abre-alas trazendo a grande árvore sagrada. Mas justamente o abre-alas que compunha o conjunto que mexeu com o público desde os primeiros minutos, apresentou problemas que geraram consequências negativas para a evolução da escola. A presença de um enorme buraco entre os setores 6 e 8 deve custar preciosos décimos. O canto da escola, a comissão de frente e o casal também se destacaram na Vermelha e Branca de Padre Miguel. Com o enredo “Iroko – É tempo de Xirê”, a Unidos foi a quinta escola a desfilar na segunda noite da Série Ouro, encerrando sua apresentação com 52 minutos. * VEJA FOTOS DO DESFILE

Fotos de Allan Duffes e Nelson Malfacini/Site CARNAVALESCO

Comissão de Frente

O coreógrafo David Lima trouxe para a Avenida a comissão “Guardiões do tempo” que significavam o fruto de uma árvore cheia de histórias, dando continuidade ao legado como guardião das marcas do tempo. O grupo trouxe o elemento cenográfico “Poderoso Dono dos Caminhos”, um enorme ser orgânico, mistura de raiz, árvore com humano, que impressionava pelos movimentos que lhe concediam tamanha realidade. A fantasia dos bailarinos também se destacava com leds verdes no peito acendendo durante a coreografia e com capas que imitavam de forma perfeita folhagens. Na mão um bastão, e na ponta dele uma ampulheta remetendo ao orixá homenageado no enredo. Durante a apresentação na primeira e na terceira cabine em um dos momentos que os bailarinos interagiam com o elemento cenográfico, uma das capas penduradas caiu no chão. Também na terceira cabine, um dos LEDS da roupa acendeu antes da hora.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

O primeiro casal, Vinicius Antunes e Jéssica Ferreira, estavam fantasiados de “sopro da criação “, significando a centelha divina de Olorum, que ganha forma e gira no compasso que se eterniza no momento da criação do universo. O casal apresentou uma coreografia irretocável com muita intensidade de movimentos. Em alguns trechos do samba, a dupla realizava terminações correlacionadas com os versos do samba, como em “Bato cabeça”, com uma reverência de cabeça e no “o vento sopra” em que eles reproduziam com os braços movimentos que remetiam a rajadas de ar. O único ponto de correção a ser citado é que no segundo módulo a bandeira poderia ter ficado mais desfraldada em alguns momentos.

Harmonia

A comunidade da Unidos de Padre Miguel abraçou o samba e cantou do início ao fim, mesmo com os problemas em evolução e os momentos em que foi preciso se deslocar mais rapidamente. Até os componentes da comissão de frente vieram cantando os trechos do samba, principalmente durante a coreografia de avanço. Destaque para as alas ” a água” e “o fogo” no primeiro setor, “no chamado de Iroko” e “Obaluayê”, no terceiro setor. Na abertura do desfile o carro de som apresentou um canto para o Orixá, antes de entrar no samba propriamente dito.

Enredo

O enredo “Iroko – é tempo de xirê”, de autoria do carnavalesco Edson Pereira e comissão artística, apresentou na Avenida as crenças em torno do Orixá Iroko, a Árvore-Orixá de raízes fortes, que representa a dimensão do tempo e através da qual todos os demais Orixás desceram à Terra. A história se iniciou no poder da criação, na semente sagrada que deu origem à vida. Em um segundo momento deu-se destaque aos elementos vitais de transformação: a terra, o fogo, a água e o ar. Por fim, no terceiro setor, a Unidos trouxe a comunhão entre os Orixás. Ainda que um pouco denso na sua essência, a homenagem a Iroko foi entendível em sua maioria para o público, principalmente na questão visual e na presença de alguns elementos que remetiam ao tempo como as ampulhetas. Apenas algumas fantasias, tinham menos leitura.

Evolução

Grande decepção do desfile, a evolução da escola começou a dar errado quando o abre-alas apresentou dificuldades já para entrar na Avenida, ameaçando a formação dos primeiros buracos. Mas, o ponto crucial se deu quando a alegoria se aproximava da segunda cabine, após a apresentação de comissão de frente, casal e pede passagem. O abre-alas gerou dificuldades para se movimentar, a escola teve que empurrar com muita dificuldade e os elementos da escola que estavam na frente seguiram em evolução abrindo um enorme buraco entre os setores 6 e 8. O problema ainda gerou uma evolução no decorrer do desfile bastante irregular e corrida em alguns momentos, até melhorar um pouco após a saída da bateria do segundo recuo. A se destacar de positivo apenas a espontaneidade de algumas alas como a “Ibís”, ala das crianças que evoluíram de forma leve.

Samba

O samba foi comandado pela dupla de intérpretes oficiais Diego Nicolau e Guto. Com bom entrosamento e sem vaidade, em alguns momentos Guto segurava mais o samba e Diego ficava livre para a realização de alguns cacos oportunos que chamavam os componentes ao canto. A bateria ” Guerreiros da Unidos”de mestre Dinho deu ao samba um andamento mais direto que equilibrou a parte melódica gerando força, impacto e intensidade na obra. Entre os trechos mais cantados estavam a cabeça com o “Tempo Misterioso tempo”, e os refrãos do meio e principal.

Fantasias

A escola trouxe um conjunto de fantasias muito luxuoso e com bom acabamento. Fantasias grandes com capricho tanto nas cabeças e esplendores como na parte de baixo, no corpo. Difícil destacar apenas algumas, mas trazendo por setores, no primeiro setor, as baianas “Iamis, grandes mães semeadoras” representavam as guardiãs do ventre do mundo e da ancestralidade feminina, relacionando tons em palha com azul escuro, se utilizando de leds. No segundo setor, as alas “Ibís”, das crianças e “A água” traziam os componentes também maquiados, apresentando um bonito efeito. Já no terceiro setor, o destaque fica para as alas “Oxumaré”,”Ossain” e “Oxalufã”, com vestimenta homenageando as religiões de matriz africana.

Alegorias

Outro ponto de destaque, o conjunto alegórico da Unidos de Padre Miguel trouxe beleza, grandiosidade, detalhismo e luxo. No “pede passagem”, o boi, símbolo da escola, bufando fumaça e trazendo elementos sonoros. O carro abre-alas “A Grande Árvore Sagrada – Orixá-Árvore, Árvore-Orixá” representou o princípio, a eternidade, a dança antiga da criação. A árvore inclusive fazia o movimento do vento. A segunda alegoria “Iroko-Árvore: Guardião da Natureza, Morada dos Orixás”, trazia roldanas no final que produziam um bonito efeito de ciclo. E por fim, no último carro “O Branco da Paz de Iroko em Comunhão com Obatalá”, uma pomba realizava movimentos com as asas em uma grande altura. Todos os carros possuíam uma iluminação de destaque.

Outros Destaques

O intérprete Guto estreou como voz oficial da escola ao lado de Diego Nicolau que já está no seu terceiro desfile. A bateria de mestre Dinho vestia “no ritmo do tempo”, apresentando a marcação do compasso do tempo, roupa de gala para o Xirê. A rainha de bateria Karine Costa era “A Beleza da Dança da Avania”. A alas de passistas “o brilho dos minerais” apresentou Iroko dos ciclos da vida e também da vida sem vida do brilho dos minerais que brotam das profundidades da terra. A velha-guarda veio como “a ancestralidade da Unidos de Padre Miguel”. O carnavalesco Edson Pereira foi muito aplaudido no final do desfile e ouviu até alguns gritos de “É campeã”.

- ads-

Unidos de Bangu renova com segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira

Em meio aos preparativos para o Carnaval de 2025, a Unidos de Bangu anunciou a renovação do seu segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira,...

Unidos de Padre Miguel tem novo diretor artístico para 2025

A Unidos de Padre Miguel anunciou Hugo Gonçalves como seu novo Diretor Artístico para o Carnaval de 2025. Com uma vasta experiência no mundo...

Sidnei França sobre o enredo da Mangueira para 2025: ‘alma carioca, banhada da ancestralidade bantu, é forjada por tantas dores e paixões’

Estreante no Grupo Especial do Rio de Janeiro, o carnavalesco Sidnei França, vencedor em São Paulo, chega na Mangueira para desenvolver o enredo "À...