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Visões Xamânicas do Sossego traz bom conjunto plástico em desfile com evolução fluida

Sossego encerrou a primeira noite de desfiles do Grupo Especial já com o dia claro trazendo alegorias e fantasias em sua maioria com bom acabamento e muito bom gosto no uso das cores

O Acadêmicos do Sossego encerrou a primeira noite de desfiles do Grupo Especial já com o dia claro trazendo alegorias e fantasias em sua maioria com bom acabamento e muito bom gosto no uso das cores. A evolução da escola foi bastante fluida, sem correrias e sem muitas interrupções, com 48 minutos de desfile a bateria de mestre Laion já havia realizado sua apresentação no último módulo o que facilitou com que o Sossego terminasse sua apresentação brincando carnaval nos últimos metros de pista. Como ponto negativo, uma das alas, “Eu não Largo da Batalha”, trouxe componentes com roupa de baixo que não eram fantasias. O canto da agremiação também foi tímido, talvez justificado pelo cansaço gerado pelo atraso nos desfiles. Com o enredo “Visões Xamânicas”, o Sossego encerrou o primeiro dia de desfile fechando a apresentação com 53 minutos. * VEJA FOTOS DO DESFILE DO SOSSEGO

Comissão de Frente

O coreógrafo Jardel Augusto Lemos apresentou na Avenida “o rito da viagem transcendental” que representava o ritual de transcendência do Xamã ao mundo espiritual. É a partir deste ritual que o herói desta fábula encontra os Xapiris (espíritos ancestrais) e estes lhes concedem as visões.  A coreografia trazia o encontro do herói da fábula com os Xapiris representados na fantasia em tons de roxo com uma caracterização que remetia a pássaros. Os componentes interagiam com um tripé representando Urihi, o lugar onde vivemos, a Terra. O ponto negativo foi justamente o elemento alegórico que ao contrário de boa parte do desfile do Sossego, deixava um pouco a desejar na questão plástica e acabamento. No segundo módulo de julgamento, uma folha da mão que surgia no tripé se descolou e parou próximo de onde o primeiro casal iniciava a sua apresentação.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

O primeiro casal, Fabrício Pires e Giovanna Justo, representou “a dança dos Xapiris”,ancestrais que auxiliam os xamãs em suas jornadas espirituais. A experiente dupla optou por uma dança mais tradicional sem investir muito em fechamentos de passos mais coreografados. A leveza e o entrosamento do casal, o toque, foram o destaque. No segundo módulo, uma pequena folha do tripé da comissão de frente caiu quando o casal fazia sua apresentação e Fabrício teve que desviar, mas sem comprometer sua dança. Sobre a fantasia, o casal também trouxe os tons escuros do início da agremiação.

Harmonia

A escola desfilou bem depois do que estava programado devido aos atrasos com a questão do acidente que aconteceu perto da dispersão após o desfile da Em Cima da Hora. Talvez isso possa ser levado em conta, mas o canto do samba foi tímido no geral, principalmente em relação às primeiras alas. Depois do segundo carro houve uma melhora com destaque para a ala “Cantos de esperança”, e “Promoverá visões da nova terra”.

Enredo

O Acadêmicos do Sossego trouxe para a Sapucaí o enredo “Visões Xamânicas”  apresentando uma saga épica imaginada entre o presente e o futuro evocando um alerta de antigas profecias xamânicas de que a humanidade se encontra no colapso do planeta provocado por um sistema de ambição e consumo.  A fábula produzida pelo carnavalesco André Rodrigues chegou de forma clara a quem assistiu ao desfile, misturando realidade e ficção e deixando uma mensagem de preservação da natureza.  Dividido em quatro setores representados em visões, a escola trouxe no início “primeira visão: o que nós fizemos de Urihi?”, depois no segundo setor “segunda visão: a pajelança universal”, em seguida “terceira visão: descerá de uma estrela um índio guerreiro”, e por fim, no quarto setor “quarta visão: um novo dia virá”.

Evolução

O Sossego fez uma evolução bastante fluida, linear, sem grandes interrupções, sem a formação de buracos e sem a percepção de alas emboladas. Com uma escola um pouco menor em termos de contingente e tamanho de alegorias, com 48 minutos a escola já havia terminado a apresentação da bateria no Setor 10, tendo tempo ainda de brindar o público que ficou até o final com uma evolução leve e muito alegre. Destaque para a ala “Cantos de esperança” que pulava bastante e mostrava integrantes sambando bastante.

Samba-enredo

O samba-enredo funcionou muito bem na voz melódica de Nino do Milênio, e com uma andamento mais cadenciado produzido pela bateria Swing da Batalha de mestre Laion. Ainda que não tão cantado pela comunidade, os trechos de maior destaque eram o refrão principal, com maior evidência para o verso “Eu não Largo da Batalha ….Sossego”, o nome da escola era gritado em alguns momentos. O refrão do meio também se destacou em relação aos outros trechos.

Fantasias

O carnavalesco André Rodrigues talvez tenha sido premiado com o dia raiando que evidenciou a boa escolha na utilização das cores. As primeiras alas que tocavam mais em uma representação da destruição do planeta utilizavam cores mais escuras como a primeira ala “Visões de batalhas”, em tons de roxo, preto e laranja, e a segunda ala “pedaços do céu”, com o preto e o rosa, desta vez. Os tons continuavam escuros até o início do segundo setor com a bateria de mestre Laion ““Tambores ressoam pelo vento” trazendo a África, berço da humanidade, o ponto de partida da experiência humana. E seguia com a ala “os povos gelados”, em um branco e azul claro, mais destacado pelo sol. O grande ponto negativo mesmo foi a ala “”Eu não Largo da Batalha” que trouxe componentes em roupas de baixo aparentes não carnavalizadas.

Alegorias

Os elementos alegóricos do Sossego seguiram a lógica das fantasias e apresentaram uma sequência de cores bastante condizente com a temática do desfile. O carro Abre-Alas “Devoração do mundo” mostrou a primeira visão, apresentada pelos Xapiris ao pajé, que é a Terra em processo de destruição. Já a segunda alegoria “ Conexões espirituais – visões que se entrelaçam” representou os Xapiris estabelecendo uma conexão espiritual com os xamãs de diferentes origens e culturas, ali havia uma mudança para tons mais claros. Em seguida veio o tripé “Um índio entre as estrelas” que trouxe alegoricamente a chegada deste parente primordial, comum a todos os povos, revelando a tarefa recomendada por Omana para que o céu não volte a cair. Por fim, o terceiro carro alegórico “um novo mundo vai renascer” finalizou a parte alegórica com a terra renovada, o renascer de algo que nunca morreu, pois podemos preservar.

Outros destaques

Um dos compositores, Marcelo Adnet, estava em êxtase no final do desfile cantando o samba e pulando junto com o presidente Hugo Júnior. A ala polinizadores traziam um véu no esplendor que dava um bonito efeito de movimento. Na bateria de mestre Laion, em um momento, os ritmistas abriam um espaço na pista e os indígenas que vinham logo depois representando guardiões, simulavam uma batalha com escudo e lança. A Velha-Guarda “Um novo dia virá” apresentou a mensagem profética de que ouvir e respeitar os mais velhos é condição primordial para salvar a vida na Terra. As baianas  “A Jurema tem a cura”representavam as folhas da Jurema, árvore sagrada, é que oferecem a cura para as enfermidades que hoje afligem a humanidade.

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