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Em Cima da Hora abre os desfiles com irreverência, mas buraco em frente ao abre-alas compromete a evolução

Escola abriu a primeira noite de desfiles da Série Ouro com alegria e irreverência, mas enfrentou problemas de evolução, formando um buraco considerável ao longo da avenida

A Em Cima da Hora abriu a primeira noite de desfiles da Série Ouro com alegria e irreverência, mas enfrentou problemas de evolução, formando um buraco considerável ao longo da avenida. Retornando à Marquês de Sapucaí após seis anos, a escola do bairro de Cavalcanti apresentou uma releitura do enredo “33 – Destino Dom Pedro II”, cujo samba é um clássico do carnaval de 1984. Além do belo samba-enredo, o destaque ficou por conta do casal de mestre-sala e porta-bandeira, Jonhy Mattos e Jack Antunes, que se apresentou com graça e elegância. O desfile durou 53 minutos. * VEJA GALERIA DE FOTOS DO DESFILE

Fotos de Allan Duffes e Nelson Malfacini/Site CARNAVALESCO

Comissão de Frente

A comissão de frente da Em Cima da Hora exaltou os homens e mulheres que residem no subúrbio carioca e utilizam o trem como meio de locomoção. Os integrantes representavam diversos personagens do cotidiano do Rio de Janeiro: vendedores (de perna de pau), artistas, a beata, a gestante, a baiana, a menina de laço de fitas, a cartomante, o professor, o operário, o trombadinha e o policial. As fantasias eram simples, porém carnavalizadas e de fácil leitura. Todos eles interagiam com o elemento cênico de apoio, que simbolizava o vagão de um trem e vinha chacoalhando pela passarela do samba.

As figuras típicas do subúrbio carioca ilustraram de forma irreverente o caos do transporte público no dia-a-dia da cidade, propiciando uma fácil leitura do público. A coreografia foi desenvolvida por Carlos Fontinelle em cima dos versos do samba e teve dois momentos: dentro e fora do vagão. A escola do bairro de Cavalcanti não só reproduziu a realidade dos suburbanos, como deu a eles um dia de glória na passarela do samba, tirando onda de artista no “famoso 33”. Em frente ao setor um integrante deixou cair um leque no chão, que foi recuperado logo depois. A apresentação da comissão durou cerca de 3m09seg em frente ao módulo de quesitos

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

O primeiro casal de Mestre-Sala e Porta Bandeira da Em Cima da Hora, Jonhy Mattos e Jack Antunes desfilou com a fantasia “Senhores do Tempo”. Os dois representavam a dança dos relógios e ponteiros que marcam o tempo dos suburbanos, que lutam para chegar “lá em Dom Pedro a tempo de bater cartão”. A indumentária de ambos trazia as cores da escola, azul e branco, com detalhes em prata e muito brilho.

O casal realizou um bailado elegante e seguro, sem apresentar falhas que pudessem comprometer a exibição dos dois. Jonhy mostrou agilidade e leveza em sua dança, enquanto Jack esbanjou simpatia e graça nos seus giros. Ambos cantavam o samba a todo momento. Referências aos trechos do samba “o patrão mal-humorado/ Diz que mora logo ali” e “Imagina quem vem lá de Japeri” também estavam presentes na coreografia. A apresentação do casal em frente à cabine de jurados durou por volta de 1min30seg.

Harmonia

Apesar dos problemas de equalização do som da Sapucaí, a comunidade da Em Cima da Hora começou o desfile cantando o samba com empolgação. A ala “Trabalhador suburbano”, “Maquinistas” e a ala “Paixão pelo futebol” foram as que mais se destacaram em termos de canto. As demais alas da escola, como a ala das ciganas, por exemplo, possuíam alguns integrantes que não cantavam o samba-enredo por completo. A velha guarda, que desfilou nas laterais da última alegoria, cantou o samba do início ao fim.

Enredo

A escola apresentou uma versão atual do enredo “33 – Destino Dom Pedro II”, que já havia passado pela avenida em 1984. Foi uma viagem de alma carnavalesca, que saiu do subúrbio e desembocou no carnaval da Sapucaí. A narrativa do desfile começou com uma espécie de embarque na estação do trem, “o famoso 33”. A partir de então, se iniciou o percurso enfrentado pelo trabalhador suburbano para chegar até o seu destino.

O segundo setor da escola, denominado “Baldeando por aí”, trouxe mais personagens típicos dos vagões de trem, além de alguns de seus passatempos, como jogos de tabuleiro e carteado. Malandros, batuqueiros, sambistas, torcedores de futebol e até a inflação econômica, que segue em alta no Brasil atual, estiveram presentes no desfile. O setor final é o grande encontro dos foliões na estação do carnaval, onde eles podem enfim tirar onda de artista.

Alegorias e Adereços

O carro abre-alas da Em Cima da Hora veio nas cores da escola e representou uma exaltação a todas as estações suburbanas. É pelas estações que boa parte da população da cidade circula para iniciar o percurso das suas viagens cotidianas. Um trem vinha na parte frontal do carro, que trazia engrenagens e relógios em suas laterais. A segunda alegoria simbolizou o comércio que ocorre ao longo das plataformas e os múltiplos personagens típicos dos vagões cariocas, trazendo na lateral uma barraquinha de comerciante ao lado de uma escultura de um pastor evangélico. Na parte traseira, havia uma pintura com os personagens do dia a dia.

A terceira e última alegoria da escola foi um o desembarque dos foliões para o Carnaval, trazendo esculturas de uma máscara de carnaval, uma máscara da comédia e outra máscara da tragédia. No geral foi um conjunto alegórico simples, mas com um claro entendimento do que estava sendo representado. O acabamento no piso da parte superior dos dois primeiros carros alegóricos deixou a desejar.

Fantasias

O conjunto de fantasias apresentado pela Em Cima da Hora mesclou fantasias mais simples a outras mais acabadas, mas todas elas com uma fácil leitura de enredo. A primeira ala da escola de Cavalcanti representou o trabalhador suburbano. Em seguida, a ala das baianas estava fantasiada de mães suburbanas, que abençoam seus filhos e filhas todas as manhãs antes da saída para mais um dia de luta.

A ala das passistas simbolizou a luta do suburbano contra a inflação de preços, que o obriga a rebolar para pagar as contas e alimentar sua família. A ala dos “Camelôs” trouxe o componente dentro de uma barraquinha de feira vermelha e amarela. A ala dos “Vendedores de balas” encontrou uma bela solução ao trazer balões infláveis em forma de pirulitos como adereços de mão. De modo geral, se viu uma escola muito colorida e de fácil entendimento visual.

Samba-Enredo

O samba-enredo composto por Guará e Serginho das Rosas é sem dúvidas um dos grandes sambas da história do carnaval. Nessa segunda passagem pela avenida, teve um rendimento satisfatório, apesar dos problemas do som da avenida, muito por conta da ótima atuação do intérprete da escola Ciganerey. Os componentes da Em Cima da Hora de modo geral cantaram o samba, porém a intensidade do canto não foi constante durante o desfile. Algumas alas cantaram mais do que outras, comprometendo a unidade sonora.

Bateria

A bateria comandada por mestre Wando Antunes fez alusão ao samba batucado nos vagões do “trem do samba”, que costuma ocorrer no dia 2 de dezembro, o dia nacional do samba. Os ritmistas vieram de azul e branco vestidos como sambistas tradicionais, com um chapéu panamá branco de fita azul. A bateria Sintonia de Cavalcanti executou com sucesso as suas bossas durante o desfile. Uma delas fazia referência a batida do funk carioca no trecho do samba “O trombadinha quase sempre se dá bem”. Vale destacar que algumas baterias do subúrbio carioca têm a batida das suas caixas inspiradas no som emitido entre o choque das rodas e amortecedores do trem com os trilhos.

Evolução

A Em Cima da Hora apresentou algumas falhas durante a evolução de seu desfile. Logo nos setores iniciais da Sapucaí a escola abriu um buraco de praticamente um setor inteiro, em frente ao carro abre-alas, que era empurrado com muita dificuldade. O problema persistiu até o final do desfile da Azul e Branco, com o “buraco” chegando aos setores finais do sambodramo. Depois do carro abre-alas a escola melhorou sua evolução, preenchendo mais os espaços da avenida, desfilando solta e sem fileiras exatas nas alas. A bateria não utilizou o segundo recuo e passou direto.

A escola do bairro de Cavalcanti trouxe várias musas e destaques de chão entre uma ala e outra ao longo do desfile. A ala “Trombadinha e menina do laço de fita” era coreografada, e representava os jovens sonhadores que viajam em busca dos seus sonhos. Em frente a ala da “Pirataria” desfilou um “muso” e uma musa, que passou sem o costeiro no último setor. A escola trouxe, além da rainha de bateria, Tânia Daley, um rei, o Jorge Amarelloh, sambando à frente dos ritmistas.

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